sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Os animais do Presépio

Estão nos livros que falam de Natal. Mas deles pouco se diz - e isso não parece justo. Refiro-me à vaca e ao burro, naturalmente. Vaca que, para os cristãos, não é sagrada; burro que, para os católicos, não é mais do que um tranquilo quadrúpede, capaz de zurrar, sem dúvida, mas que mais não faz do que ser, parte das vezes, mero veículo de carga. 

Se a esta simpática dupla animal, juntarmos a tranquila, quase sonolenta e resistente, cáfila de camelos, que atravessou desertos para cumprir um objectivo sem queixas que se lhe conheçam, estamos aqui perante uma significativa, dócil, generosa e simpática contribuição, diria, quase racional, dos que, sem parcela do Sagrado, representaram, no Facto Histórico, a Obediência que, mais tarde, nomeadamente, os não burros, as não vacas, os não camelos se revelaram incapazes de homenagear, fazendo de tais espécies, meros e anónimos veículos, veículos, isso mesmo, do Bem. 

Não é justo. Pelo contrário: em sentido pejorativo, há séculos que lhes chamam Vacas, ou Burros ou Camelos, conforme o caso, ignorando outro facto ainda mais antigo que é, como nos ensinaram, o da Criação, muito, mesmo muito antes de 1 de Janeiro do Ano Primeiro.

Seja como tenha sido, falta aqui um gesto, um sinal de respeito, nomeadamente, pelas vacas, pelos burros e pelos camelos, de tão honrosas tradições. Isto, claro, partindo do princípio que o Homem (o Homem e a Mulher) tem sido, para além do Sagrado, tratado com a dignidade que merece, antes de subir aos altares. Mas isso é outra história.

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