quinta-feira, 18 de setembro de 2014
Eu disse, tu disseste, ele disse (10) - Augusto de Castro (I)
Reanimar palavras ditas
Coabitámos no 266 da avenida da Liberdade, em Lisboa, mas quase nunca falámos. Eu era um jovem desconhecido (nem JARDIM7 havia ...) e Augusto de Castro, já entrado na idade, quem recebia muito era, recordo, entre outras pessoas, Natércia Freire, poetisa, mulher do Dr. Isidro, bom homem, médico do trabalho do Diário de Notícias, que ocupava, e ocupa ainda, creio, todo o prédio, ali à ilharga do Marquês de Pombal.
Donde (e é aqui que eu quero chegar ...), as minhas "conversas" com Augusto de Castro terem sempre lugar no meu recato caseiro, a ler artigos de fundo seus, ou a rever "prosa" sua, por exemplo, nos livros que ía publicando. Imperdíveis, sublinho-o agora, que me recordo, nomeadamente, de lhes devorar crónicas.
"Homens e paisagens que eu conheci".
Lá vai uma ... Parte d'uma:
"(...) Todos os gramáticos do mundo nunca ensinaram um homem a escrever; todos os censores da terra nunca ensinaram um pintor a pintar; todos críticos juntos nunca fizeram um poema ou um homem de Estado - ou o impediram sequer, quando ele obedece a um génio criador, de ser o que ele é ou de ser diferente do que é. (...) Secar um povo, como numa época, as fontes da imaginação, no amplo sentido de exaltação colectiva que esta palavra comporta, é fazer obra anti-criadora e anti-nacional. Ensinar um povo a rir de si próprio é ensiná-lo a duvidar do seu destino. É diminuí-lo. É mutilá-lo."
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