Repito-me para sublinhar uma emoção única, mas, sobretudo, para acrescentar nas páginas, aqui, dedicadas a "CURTAS METRAGENS E MOMENTOS INESQUECÍVEIS", a aproximação à Baía da Guanabara e ... e a perda dos diapositivos que a documentavam por, na altura, serem revelados em Espanha... e Espanha os ter feito desaparecer ... "Oferecendo-me" um rolo virgem ...
Mas que foram "salvos", generosamente, mais tarde (01.12.1977), por Maria Virgínia, jornalista no JORNAL NOVO, que, a pedido, me trouxe para Lisboa os meus (outros) diapositivos com imagens daquele que sabia ter sido para mim o grande desgosto da perda do que fora a primeira grande emoção da chegada ao Rio por mar: GUANABARA. A Guanabara que a imagem mostra, neste caso, vista de terra.Mas sempre única e inesquecível.Como é fácil perceber.
"CRUZEIRO DA AMIZADE AO BRASIL - Agosto/Setembro 1972 (14)
É o adeus ao Brasil, é o adeus à Cidade Maravilhosa da canção. Mas ainda não vai ser Lisboa da saudade geral. A saudade vai passar pela terra da ... da Saudade: Cabo Verde das mornas. S. Vicente com Santo Antão à vista. Para uma lágrima de ternura e um até sempre!
A bordo, entretanto, já todos se conhecem: houve Dança da Tesoura, Baile da Fantasia, Hino do Cruzeiro e também, além de Paco Bandeira, tivemos José Cheta e Serão dos Passageiros. Houve casamentos apalavrados. Houve namoros para ficar e amizades para perdurar. Entre pessoas e entre as pessoas e as paisagens visitadas ... Houve bailes que se sucederam a bailes. Brindes até cair para o lado ...
Há barbas que cresceram, há gente mascarada, há gente vestida de comandante, e há tripulação que nunca o foi ... A sensação geral é de que o Infante D. Henrique, à força de rasgar com regularidade as mesmas ondas, aprendera a navegar sozinho ... E sabia de cor onde é a Rocha Conde Óbidos, em Lisboa. E ía chegar cheio de crónicas para serões a haver, cheio de fotografias para mostrar a toda a gente, cheio de serpentinas para perpetuar, em terra, a festa que, a bordo, dir-se-ia não ter fim ...
Há barbas que cresceram, há gente mascarada, há gente vestida de comandante, e há tripulação que nunca o foi ... A sensação geral é de que o Infante D. Henrique, à força de rasgar com regularidade as mesmas ondas, aprendera a navegar sozinho ... E sabia de cor onde é a Rocha Conde Óbidos, em Lisboa. E ía chegar cheio de crónicas para serões a haver, cheio de fotografias para mostrar a toda a gente, cheio de serpentinas para perpetuar, em terra, a festa que, a bordo, dir-se-ia não ter fim ...
O Infante D. Henrique, na noite da aproximação a Lisboa, meteu-se nos copos e se não fosse a experiência de alguns sóbrios, não sei como atracaria ... Mas atracou. Atracou sem que ninguém, em terra, conseguisse perceber quem eram aqueles/aquelas que acenavam de bordo - pretos pelos dias e dias ao sol, em pleno oceano, mascarados por horas seguidas sem regras ... Seres estranhos, dir-se-ia.
Para trás ficara a Passagem do Equador, o Rio, os brotinhos de Copacabana, Brasília a insinuar Futuro, as Escolas de Samba, o Maracanã, o Corcovado, o Pão de Açúcar, o Butantan, em S. Paulo, a Candelária, o Real Gabinete Português de Leitura, a Rua do Ouvidor, o Canecão, a Tijuca, Olinda, a missa a bordo e ... e uma vontade enorme de voltar, quiçá, um dia, pelo Carnaval, por exemplo. Que também "é o fim", registe-se já ..."
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