quinta-feira, 29 de julho de 2010

Memórias do meu cata-vento ( III )

GENTENOSSA
À Prof. Doutora Maria Beatriz Rocha-Trindade, Investigadora

Renato de Sá, farmacêutico, fundador do Centro de Cultura Latina, em Goa

Recordo:

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Fundei o Centro de Cultura Latina, em Goa, em Março de 1964, primeiro porque via que a língua estava a ser, não direi maltratada, mas objecto de uma certa oposição por parte das autoridades locais. Esta oposição começou com a chamada reforma do ensino, feita por uma comissão, já em1962, anulando-a, em primeiro lugar, como veículo da instrução que era desde a Primária até ao Curso Superior. Isto foi cortado. Bem, em virtude destas medidas um bocadinho ásperas, que até procuraram intervir na folha oficial,  fundei este pequeno Centro. Com que finalidade? Dotá-lo com obras de autores portugueses, porque eles não estavam totalmente banidos na instrução derivada da Universidade de Bombaim.

O Português estava cortado oficialmente em Goa, mas a Universidade de Bombaim mantinha a cadeira nos bacharelatos de Letras e Ciências. Para reforçar este trabalho, criei o dito Centro onde  podem ler-se autores como Guerra Junqueiro, Ramalho, Eça e outros.

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Eu, na minha modesta casa, tenho a família com quem convivo falando português.

 Tenho duas filhas que fizeram os cursos de inglês, devido à suspensão do Português no liceu. Mas ambas mantiveram a cadeira da língua de origem, tanto no bacharelato de Letras, como no bacharelato de Ciências. A que está em Lisboa, é uma delas: é professora de Português no Colégio da Imaculada Conceição, das Irmãs Franciscanas de Maria. É uma pequena minha formada há quatro anos e já é professora há três. É a prova de que a língua vive, e tem alunos. A língua portuguesa não morrerá em Goa - se a apoiarem."

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