quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Comunidade Portuguesa na Austrália ( IV )

"Nutro pela Comunidade Portuguesa na Austrália
grande admiração e apreço."

Ramos Horta
Do livro "Entre Vistas nos Arredores das Montanhas Azuis", de M.A.

"Cheguei aqui em 1955. Parti da Madeira num barco francês de carga. Fui das primeiras pessoas a embarcar de lá para a Austrália. Vim com três filhas e duas outras raparigas que viajaram sob minha responsabilidade (nesse tempo, não deixavam emigrar raparigas sozinhas ...) Foi uma viagem muito aborrecida, mas ... sempre chegámos. O meu marido já cá estava há dois anos ... Era operário. Mas nem sabia falar inglês, nem tinha dinheiro, nem tinha aqui ninguém que lhe dissesse nada ...

Eu não trazia nada previsto ... Entretanto, quando cheguei, havia uma crise de trabalho muito grande e os patrões só queriam as raparigas novas, que apenas recebiam metade da paga ... Fomos então viver para casa de uma senhora italiana, onde aprendi umas palavrinhas italianas ... Mas a gente não sabia nada, não sabia se ía para aqui, se para acolá ... Não sabia fazer nada, nem ver uma coisa e dizer isto é isto, nada ... Nada, nada!... Depois o meu marido, que já falava um pouco italiano, pediu à dona da casa para lhe procurar trabalho para as filhas - uma tinha 15, outra 14 anos (a de nove foi estudar). A senhora arranjou-lhes trabalho numa fábrica de camisas, a cortar linhas e a ganhar seis libras por semana (nesse tempo eram libras....)."

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