sexta-feira, 3 de junho de 2011

Ainda os "Vigaristas da Baixa"

- Conta, avô, conta ...

- Tá bem, eu vou contar ...

Um dia o professor de Português entrou na aula, e depois de ter definido, como ele dizia, o "Objecto da lição" e o "Sumário", perorou:

- Meus amigos, em colaboração com o vosso professor de Trabalhos Manuais, vamos organizar uma exposição para criticar o português do título do jornal "Diário de Notícias", tal como está escrito no alto do seu edifício da avenida da Liberdade, em Lisboa.

Foram mais ou menos estas as palavras iniciais do, como agora dizem,  setour... Que continuou ...

- O que lá está escrito é Diario de Noticias,  portanto, sem acento nem no A, nem no I. E nós achamos que devem lá pôr os acentos... É uma vergonha um jornal tão importante ter ali erros destes escritos na fachada do edifício ... Vamos denunciá-los numa exposição aqui na escola.  Tomem nota (e escreveu no quadro):

Diario de Noticias
quando será
DIÁRIO DE NOTÍCIAS

agora, em Trabalhos Manuais, fazem os cartazes ... Eu já falei com o vosso mestre ..."

A malta toda da turma colaborou, a exposição fez-se e o Diário de Notícias, que esteve pessoalmente representado na exposição feita a propósito na Veiga Beirão, levou ... levou mais de duas décadas para fazer a emenda no reclamo luminoso que ainda hoje encima o seu edifício na avenida Liberdade, em Lisboa.

E onde, por ironia, acrescente-se, acabei por ter o meu primeiro emprego (isto é, doze anos, que tantos foram os que lá trabalhei, "a ler", a criticar mentalmente, o que a escola me tinha demonstrado estar errado).

- Como vês, rapariga, os homens levam tempo a corrigir os seus erros ... A Humanidade, às vezes, é casmurra ... Ou comodista... Chama-lhe pequenas coisas ... Se as somasse!...

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