Nada contra as manifestações públicas de desagrado. Tudo contra a manipulação dessas manifestações, com Grândolas, com bandeiras monocolores, com manifestos traços de igualdade forjada em gabinete.
... e aquela vez em que, no republicano jornal O Século uma horda que mais parecia de malfeitores, encabeçados pelo jovem que, há um mês ou dois, acabado de ajudar a promover (por mérito laboral, sublinhe-se) me entrou no gabinete a exigir, ainda hoje não sei bem o quê - depois de dias antes lhe ter negado convite para me filiar no MES-Movimento de Esquerda Socialista, com que, na conjuntura, meia dúzia pretendia combater comunistas, socialistas, sociais-democratas, democratas-cristãos, MRPP's, etc, ao serviço do jornal ...
Só um pormenor recordo com nitidez, perante a turbamulta em presença (uns dez ou quinze infelizes) com o recém-promovido à frente: o momento em que peguei numa fotografia que tinha em cima da secretária, e que disse aos do grupelho que só ali voltaria quando "lavassem com agulheta o que tinham acabado de fazer ..." Frase que repeti, enfática, minutos depois, à administração "militar" que, pelos modos, fora "designada" para "segurar" aquele republicano e tradicional órgão de informação - que acabaria por falir e deixar no desemprego centenas de trabalhadores, claro. Pela parte que me tocou, no dia seguinte, comecei a funcionar no que viria a ser o JORNAL NOVO, inicialmente, dirigido por Artur Portela, nos primeiros momentos, numa sala do lisboeta Hotel Altis.
Porque é que só hoje "conto" este episódio? É porque, um dias destes, depois de uma longa conversa com pessoa amiga, senti que o devia fazer quanto antes... É bom, é fundamental, conhecer as fachadas dos "prédios", mas não se perde nada ver-lhes, observar-lhes as traseiras ... Como as do Bairro de Alvalade, em Lisboa, a que me referi, aqui, há dias ...