domingo, 24 de março de 2013

Do lido, o sublinhado ( 28 )












Alçada Baptista in Peregrinação Interior (Reflexões sobre Deus)

"(...) As pessoas andam muito preocupadas com o tempo que estamos a viver e eu acho que há algumas razões para isso, o que não justifica que se perca completamente a cabeça nem que se comece à caça das bruxas de aquém e de além mar.

Qualquer articulista estabelecido começa hoje a sua crónica de fundo falando "nos conturbados tempos que estamos a viver". A palavra "apocalipse" retomou o seu significado e o seu uso, e as pessoas ou vivem comendo o pão da véspera com o dinheiro do dia seguinte ou entram em positivo pânico à mais pequena reflexão sobre as perspectivas do nosso pequeno globo e da sua história mais próxima. Por outro lado, verdade é também que o mundo nunca progrediu com aquilo a que chamam "a ordem e a tranquilidade". As ordens e as tranquilidades que me foi dado conhecer e aquelas de que pessoalmente usufruí não me foram ordenadas nem tranquilas. Foram e são uma superficial quietude podre de quem anda a ver se aguenta de pé a podridão duma casa que não tem condições para isso. Solução: mandarem-nos andar devagarinho.

Viver numa casa podre é perigo iminente para as crianças, para os adolescentes e até para os homens maduros. Os velhos é que lá se vão arranjando, porque entre o cair da casa e o seu cair pessoal apostam na sua morte. "Isto enquanto eu durar ainda aguenta", dizem eles para os botões da sua própria mortalha, e nunca souberam que a única forma de permanecermos vivos é estarmos atentos ao mundo onde possa ir cabendo a verdade de todos com o que vai trazendo de verdade e de razão.

(...) Tempo assim é tempo de advento. Tempo em que se esperam coisas novas e em que é preciso prepararmo-nos para elas."

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