terça-feira, 30 de novembro de 2010
Forrado com euros comprados a peso d'ouro
Wildbol *
Talvez, para o localizar no tempo, não seja preciso referir a época em que fui sócio do Benfica. Talvez baste notar que o número do meu cartão de associado era o 27 500... Com ele, "se bem me lembro", devo ter ido, durante um ano ou dois, a menos de dez jogos da equipa principal de futebol, mas, mesmo assim, "curei-me"...
Não recordo sequer os nomes do jogadores que o integravam o "team". Do que não me esqueci é do espectáculo "proporcionado" pela, na altura, ululante assistência. É este, de resto, o ASSUNTO... Reanimado há dias numa carruagem do Metropolitano de Lisboa, de que saí quase, quase horrorizado com tanto urro, tanta "exibição alcoólica", tanta selvajaria verbal e gestual...
Não, não é possível !!!
Se é a vida que faz as pessoas, em particular, a juventude, ter comportamentos deste tipo, a sugestão pode ser absurda, mas apetece: rectângulos de futebol com altíssimas grades, no mínímo, como no circo, sempre que há números com feras. E adoptar nas bancadas o mesmo critério para separar adeptos de sinal clubista contrário... E deixá-los gritar, esbracejar, transferir frustrações... Sem dó nem piedade... E passar a chamar a "essa coisa" circense, sem trair as origens, não "football" mas"WILDBOL".
* Futebol selvagem...
Não recordo sequer os nomes do jogadores que o integravam o "team". Do que não me esqueci é do espectáculo "proporcionado" pela, na altura, ululante assistência. É este, de resto, o ASSUNTO... Reanimado há dias numa carruagem do Metropolitano de Lisboa, de que saí quase, quase horrorizado com tanto urro, tanta "exibição alcoólica", tanta selvajaria verbal e gestual...
Não, não é possível !!!
Se é a vida que faz as pessoas, em particular, a juventude, ter comportamentos deste tipo, a sugestão pode ser absurda, mas apetece: rectângulos de futebol com altíssimas grades, no mínímo, como no circo, sempre que há números com feras. E adoptar nas bancadas o mesmo critério para separar adeptos de sinal clubista contrário... E deixá-los gritar, esbracejar, transferir frustrações... Sem dó nem piedade... E passar a chamar a "essa coisa" circense, sem trair as origens, não "football" mas"WILDBOL".
* Futebol selvagem...
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
"A Voz do Trabalho"
Para Manuel Alpiarça (SAUDADE, meu Amigo!) que, no "A Voz da Verdade", edição de Setembro de 1964, que assinalava a morte do Padre Abel Varzim, me deixou escrever...
"(...) A palavra de ordem ante o dia-a-dia é irreverência. Irreverência sem desrespeito. Mas irreverência perante as velhas fórmulas em todos os domínios (e velhas são as fórmulas de ontem, de hoje, às vezes).
(...) Importa atingir a plenitude, importa caminhar para ela, mas pela estrada escolhida por cada um. Só assim se avançará, só com cada um a procurar realizar-se e, realizando-se, tornar-se útil ao seu semelhante é que é possível acreditar no amanhã. Mas há fortes razões para não descrer (...)."
"(...) A palavra de ordem ante o dia-a-dia é irreverência. Irreverência sem desrespeito. Mas irreverência perante as velhas fórmulas em todos os domínios (e velhas são as fórmulas de ontem, de hoje, às vezes).
(...) Importa atingir a plenitude, importa caminhar para ela, mas pela estrada escolhida por cada um. Só assim se avançará, só com cada um a procurar realizar-se e, realizando-se, tornar-se útil ao seu semelhante é que é possível acreditar no amanhã. Mas há fortes razões para não descrer (...)."
Espalhar...
Quando era catraia, a minha filha foi a uma das páginas de um dicionário ilustrado que temos cá em casa e, zás!, pôs visto em todas as bandeiras nacionais que lá encontrou e...e "já sabia"...
Tal filha, tal pai, fui às estatísticas Google e lá me dei conta de um vê nos países que já conhecem a rua. A saber: além de Portugal, EUA, Brasil, Canadá, França, Colômbia, Rússia, Austrália, Dinamarca, Reino Unido, Venezuela, Suíça, Malásia, Angola e Macau.
"Fiquei contente. É bom viajar!" |
Tal filha, tal pai, fui às estatísticas Google e lá me dei conta de um vê nos países que já conhecem a rua. A saber: além de Portugal, EUA, Brasil, Canadá, França, Colômbia, Rússia, Austrália, Dinamarca, Reino Unido, Venezuela, Suíça, Malásia, Angola e Macau.
domingo, 28 de novembro de 2010
1963 - NOTAS SOLTAS DE UMA VIAGEM: barrigada de luzes e sons, nos intervalos de suor com salsichas
Para perceberem as próximas NOTAS SOLTAS é preciso ir ao "post" de 31.10.10
"Ganha o futuro quem fizer melhor memória do passado" - Nietzsche
"7/10 - Às 16 horas fomos ao "Figaro". Tirei muitos apontamentos. Recebeu-nos o adjunto do secretário-geral.
Fui ver o Sacré-Coeur. O Sacré-Coeur tem um altar com um Cristo crucificado ao centro.
A parte exterior da basílica é, quanto a mim, a mais bonita das que vi até agora em Paris. Tem uma torre grande e central em forma de ananás e das laterais do mesmo género.
São 21.30. Paris, visto do Sacré-Coeur, está um pouco encoberto pelas nuvens, mas adivinha-se daqui um panorama formidável.
Vim depois até à parte central de Montmartre, zona de artistas, centro de cabarés e de vida...baixa. Os turistas, de minuto a minuto, são convidados para espectáculos de "strip-tease". De minuto a minuto, aparecem uns "cavalheiros" a vender estampas e fotos de raparigas nuas. Mostram assim por baixo do casaco para interessar mais a compra, mas a verdade é que por toda a cidade de Paris há lojas com semelhantes "artigos" à venda.. É nesta zona que fica o Moulin Rouge.
Uma bica e um copo de água, num café-restaurante, perto da Ópera, custou-me 0.60 fr.
8/10. Levantei-me às 8.15. Fui visitar com o sr. Eng B.O. as oficinas do "Figaro". E, de seguida, dei, demos, de autocarro, um pulo ao Salão Automóvel.
Os autocarros são velhos e o revisor tira os bilhetes de um aparelhómetro que parece a caixinha da música dos velhos pobres de Paris.
Vi o Arco de Triunfo iluminado. É belo!!!
Apanhámos o metro para o Cinerama, perto de Montmartre. Além disso, comemos salsichas com batatas fritas e às 21 horas estávamos a ver "A Conquista do Oeste". Gostei, sobretudo, do som.
E adeus, Paris! Já é 1.40 do dia 9/10 e...e adeus Paris, de facto! Às 9 horas estarei na gare de Austerlitz e às 9.30 do dia seguinte em Lisboa.
Dormi, de novo, nos bancos da carruagem. O sr. engenheiro regressou a Lisboa de avião.
EM RESUMO:
Ida e regresso, a dormir num banco de pau e mal alimentado. Estadas em hotéis de nível médio/superior, refeições modestas, quando pagas pelo D.N., mas "de luxo" quando era (eramos) convidado/convidados.
Indisgestão quando o estômago já se "habituara" a pouco.
Deslumbramento.
Exercício trabalho/tempos livres sem complexos.
Eventual abertura para tudo, ou quase tudo, o que se pode deduzir do "Acerca de mim".Talvez a "crónica" mais simples nesta, às vezes, quiçá, quase, doutorada NET, que tem dias que nada tem...
Como poderiam ter sido ridículas, hoje, apesar de tudo, visitas de estudo ao "Le Monde", ao "Figaro" e jornais suiços...
Ainda bem, no entanto, que não o foram, quando aconteceram - com viagens a dormir e comer assim, assim... Ou mal.
"Ganha o futuro quem fizer melhor memória do passado" - Nietzsche
"7/10 - Às 16 horas fomos ao "Figaro". Tirei muitos apontamentos. Recebeu-nos o adjunto do secretário-geral.
Fui ver o Sacré-Coeur. O Sacré-Coeur tem um altar com um Cristo crucificado ao centro.
A parte exterior da basílica é, quanto a mim, a mais bonita das que vi até agora em Paris. Tem uma torre grande e central em forma de ananás e das laterais do mesmo género.
São 21.30. Paris, visto do Sacré-Coeur, está um pouco encoberto pelas nuvens, mas adivinha-se daqui um panorama formidável.
Vim depois até à parte central de Montmartre, zona de artistas, centro de cabarés e de vida...baixa. Os turistas, de minuto a minuto, são convidados para espectáculos de "strip-tease". De minuto a minuto, aparecem uns "cavalheiros" a vender estampas e fotos de raparigas nuas. Mostram assim por baixo do casaco para interessar mais a compra, mas a verdade é que por toda a cidade de Paris há lojas com semelhantes "artigos" à venda.. É nesta zona que fica o Moulin Rouge.
Uma bica e um copo de água, num café-restaurante, perto da Ópera, custou-me 0.60 fr.
8/10. Levantei-me às 8.15. Fui visitar com o sr. Eng B.O. as oficinas do "Figaro". E, de seguida, dei, demos, de autocarro, um pulo ao Salão Automóvel.
Os autocarros são velhos e o revisor tira os bilhetes de um aparelhómetro que parece a caixinha da música dos velhos pobres de Paris.
Vi o Arco de Triunfo iluminado. É belo!!!
Apanhámos o metro para o Cinerama, perto de Montmartre. Além disso, comemos salsichas com batatas fritas e às 21 horas estávamos a ver "A Conquista do Oeste". Gostei, sobretudo, do som.
E adeus, Paris! Já é 1.40 do dia 9/10 e...e adeus Paris, de facto! Às 9 horas estarei na gare de Austerlitz e às 9.30 do dia seguinte em Lisboa.
Dormi, de novo, nos bancos da carruagem. O sr. engenheiro regressou a Lisboa de avião.
EM RESUMO:
Ida e regresso, a dormir num banco de pau e mal alimentado. Estadas em hotéis de nível médio/superior, refeições modestas, quando pagas pelo D.N., mas "de luxo" quando era (eramos) convidado/convidados.
Indisgestão quando o estômago já se "habituara" a pouco.
Deslumbramento.
Exercício trabalho/tempos livres sem complexos.
Eventual abertura para tudo, ou quase tudo, o que se pode deduzir do "Acerca de mim".Talvez a "crónica" mais simples nesta, às vezes, quiçá, quase, doutorada NET, que tem dias que nada tem...
Como poderiam ter sido ridículas, hoje, apesar de tudo, visitas de estudo ao "Le Monde", ao "Figaro" e jornais suiços...
Ainda bem, no entanto, que não o foram, quando aconteceram - com viagens a dormir e comer assim, assim... Ou mal.
Na hora do recreio...
De um "mail" amigo, e bem disposto, acabado de chegar...
Palíndromo é, como se sabe, uma palavra que se lê da mesma maneira nos dois sentidos:
ANOTARAM A DATA DA MARATONA
ASSIM A AIA IA A MISSA
A DROGA DA GORDA
A TORRE DA DERROTA
O GALO AMA O LAGO
O LOBO AMA BOLO
SAIRAM O TIO E OITO MARIAS
ZÉ DE LIMA RUA LAURA MIL E DEZ
A MALA NADA NA LAMA
Palíndromo é, como se sabe, uma palavra que se lê da mesma maneira nos dois sentidos:
ANOTARAM A DATA DA MARATONA
ASSIM A AIA IA A MISSA
A DROGA DA GORDA
A TORRE DA DERROTA
O GALO AMA O LAGO
O LOBO AMA BOLO
SAIRAM O TIO E OITO MARIAS
ZÉ DE LIMA RUA LAURA MIL E DEZ
A MALA NADA NA LAMA
Rio de Janeiro - com romarias à vista...
1979 - in "O GLOBO"
"Todos os dias, um número não calculado de carros - nem a Polícia sabe quantos são - é despojado de toca-fitas e outros acessórios, trocados pelos ladrões por tóxicos, com traficantes que estabelecem "cotações",dando em troca dos objectos roubados, "papelotes" de cocaína ou "trouxinhas" de maconha.
O crescimento do índice de furtos em carros já fez com que muitas seguradoras deixassem de aceitar a responsabilidade pela indemnização por acessórios roubados."
Dois mil e dez/dois mil e onze? Como está a ser, de fato? Como vai ser, Brasiú? F u t e b o l, etc, etc ???
Diálogo, há uns anos, algures, numa praia do Rio de Janeiro entre dois velhos:
" - Hoje trazes relógio?..."
- Não te preocupes, é para ladrão..." (testemunhei: o relógio era de plástico...)
"Todos os dias, um número não calculado de carros - nem a Polícia sabe quantos são - é despojado de toca-fitas e outros acessórios, trocados pelos ladrões por tóxicos, com traficantes que estabelecem "cotações",dando em troca dos objectos roubados, "papelotes" de cocaína ou "trouxinhas" de maconha.
O crescimento do índice de furtos em carros já fez com que muitas seguradoras deixassem de aceitar a responsabilidade pela indemnização por acessórios roubados."
Dois mil e dez/dois mil e onze? Como está a ser, de fato? Como vai ser, Brasiú? F u t e b o l, etc, etc ???
Diálogo, há uns anos, algures, numa praia do Rio de Janeiro entre dois velhos:
" - Hoje trazes relógio?..."
- Não te preocupes, é para ladrão..." (testemunhei: o relógio era de plástico...)
Conversa na mesa ao lado. Sem algodão nos ouvidos (algures, no Estoril)...
Frases em voz alta...
"Os filhos chegam a casa e "exigem" uns ténis iguais aos dos colegas da escola..."
"Antigamente, ganhava-se 100 e não se gastava mais do que 90..."
"Hoje é tudo papel... Se assaltarem o banco, não encontram dinheiro..."
"A sociedade moderna é dos estúpidos e ignorantes..."
"Uma televisão nova?... Compra-se. Fica-se a dever e depois logo se vê..."
"Este governo deu esperanças de modernizar tudo, e não fez nada..."
"Hoje ninguém faz sacrificios por ninguém..."
"Se as pessoas não sabem nada de política, como é que votam?..."
"Achas que eles aqui têm troco de 500?..."
"Os filhos chegam a casa e "exigem" uns ténis iguais aos dos colegas da escola..."
"Antigamente, ganhava-se 100 e não se gastava mais do que 90..."
"Hoje é tudo papel... Se assaltarem o banco, não encontram dinheiro..."
"A sociedade moderna é dos estúpidos e ignorantes..."
"Uma televisão nova?... Compra-se. Fica-se a dever e depois logo se vê..."
"Este governo deu esperanças de modernizar tudo, e não fez nada..."
"Hoje ninguém faz sacrificios por ninguém..."
"Se as pessoas não sabem nada de política, como é que votam?..."
"Achas que eles aqui têm troco de 500?..."
Arte Lisboa 2010 - Feira de Arte Contemporânea
"ARTE LISBOA é uma iniciativa de interesse cultural, abrangida pela Lei do Mecenato Cultural, nos termos do Decreto-Lei nº 74/99 de 16 de Março. A ARTE LISBOA 2010 conta com o Alto Patrocínio da Presidência da República."
Excelente! Maior, mais pequena do que as anteriores? Não sei. O que sei, se não me enganei...
PORTUGAL: de Lisboa estavam presentes 20 galerias; do Porto, 8; de Évora, 1; de Ponta Delgada, 1.
ESPANHA: de Madrid, 4; de Barcelona, 1; de Castelló, 1; de Santander, 1; de Oviedo, 2; de Sevilha, 1; de Cáceres, 1; de Valência, 1; de Santiago de Compostela, 1.
MÓNACO: 1 galeria.
Porquê? Cultural e economicamente falando, Portugal é pouco mais do que Lisboa e Porto?...
Excelente! Maior, mais pequena do que as anteriores? Não sei. O que sei, se não me enganei...
PORTUGAL: de Lisboa estavam presentes 20 galerias; do Porto, 8; de Évora, 1; de Ponta Delgada, 1.
ESPANHA: de Madrid, 4; de Barcelona, 1; de Castelló, 1; de Santander, 1; de Oviedo, 2; de Sevilha, 1; de Cáceres, 1; de Valência, 1; de Santiago de Compostela, 1.
MÓNACO: 1 galeria.
Porquê? Cultural e economicamente falando, Portugal é pouco mais do que Lisboa e Porto?...
sábado, 27 de novembro de 2010
Álvaro Passos, presente! *
Homenagem ao Pintor que, tendo partido, ficou...
Nasceu em 13 de Agosto de 1934
Faleceu em 6 de Novembro de 2010
As folhas têm olhos de pássaros e os pássaros têm olhos de folhas...
A Natureza espreita a Natureza - e sorri, sob o olhar atento da Lua.
Há pássaros a ver o sorriso de Amália. E como que saudade em tudo. Até dos barcos que se viram partir...
* No Estoril (Salão da Junta de Freguesia) - Exposição de Artes Plásticas
Nasceu em 13 de Agosto de 1934
Faleceu em 6 de Novembro de 2010
As folhas têm olhos de pássaros e os pássaros têm olhos de folhas...
A Natureza espreita a Natureza - e sorri, sob o olhar atento da Lua.
Há pássaros a ver o sorriso de Amália. E como que saudade em tudo. Até dos barcos que se viram partir...
* No Estoril (Salão da Junta de Freguesia) - Exposição de Artes Plásticas
"A Arte de Escrever", na opinião de André Maurois
"São oito horas da noite. Hoje houve cheia na rua onde moro. Não consegui vir cedo para casa. Cedo, quer dizer, mais cedo, pois, habitualmente, à tarde, depois de sair do emprego e almoçar aí num restaurante qualquer, costumo dar uma volta pela "baixa" saboreando não sei bem o quê, mas, no entanto, procurando dar ao espírito novos ares que não os daquelas quatro paredes, meio cinzentas, meio de vidro, do "atelier".
(...) Apetecia-me escrever, dizer ao papel "tudo", confessar-me. Não, não! o dia correu-me bem, não houve assim nada de especial. Simplesmente, apetecia-me escrever. Não sei bem o quê. (...) Sei que estou frente a um papel com lápis em punho a fazer desenhos que os antigos modernizaram e chamaram escrita.
Nesta escrita não tenho (...)"
É aqui que vem em meu auxílio um artigo de André Maurois, da Academia Francesa, que, curiosamente, fui encontrar no mesmo maço de "papéis velhos" onde, manuscrito a lápis, se encontrava o, acima, esboceto de qualquer coisa...
Vale, no entanto, pouco o esboceto, mas importa, no essencial, para dizer aos hesitantes da prosa, se os há, que "tudo vai no começar..."
Importante é, isso sim, ler Maurois (cala-te, Marcial, que, nem quando te chamaram poeta, o outro, claro, foste brilhante, digo eu...Embora haja teses a teu respeito...).
Em caixa alta, pois...
André Maurois:
"TEM A INTENÇÃO DE APRENDER A ESCREVER BEM? DOU-LHE RAZÃO. ACHO NATURAL. DE NADA SERVE TER IDEIAS JUSTAS SE NÃO SABE EXPRIMI-LAS. A PALAVRA, MESMO A PRÓPRIA ELOQUÊNCIA, NÃO BASTAM, PORQUE AS PALAVRAS VOAM. UM TEXTO FICA; AQUELES A QUEM ELE SE DIRIGE PODEM RELÊ-LO E MEDITÁ-LO. (...) PARA ESCREVER BEM É PRECISO TER CULTURA. NÃO É NECESSÁRIO ESTAR AO CORRENTE DA LITERATURA MAIS MODERNA. É PREFERÍVEL O CONHECIMENTO DOS GRANDES CLÁSSICOS, QUE FORNECEM EXEMPLOS E CITAÇÕES. (...) NÃO SE ESCREVE COM SENTIMENTOS, ESCREVE-SE COM PALAVRAS. PRECISAIS DE CONHECER MUITAS E DE SABER O SEU SENTIDO EXACTO. SE ASSIM NÃO FOR, EMPREGÁ-LAS-EIS A TORTO E A DIREITO, E O LEITOR NÃO VOS COMPREENDERÁ. A ACADEMIA FRANCESA CONSAGRA UMA SESSÃO A DEFINIR TRÊS OU QUATRO PALAVRAS.
(...) DEVEM-SE TER AUDÁCIAS DE LINGUAGEM E DE ESTILO? PODE-SE, DE LONGE EM LONGE, DESPERTAR UMA FRASE POR UMA EXPRESSÃO VULGARÍSSIMA? RESPONDERIA AFIRMATIVAMENTE SE A PESSOA EM QUESTÃO FOSSE DOTADA, AO MESMO TEMPO, DA AUTORIDADE E DO BOM GOSTO NECESSÁRIOS (...)."
E é tudo. Vou ver se sou capaz de continuar o "São oito horas da noite...", que me parece bem... Modéstia à parte. Até breve. Mais cedo do que as oito da noite...se possível...
(...) Apetecia-me escrever, dizer ao papel "tudo", confessar-me. Não, não! o dia correu-me bem, não houve assim nada de especial. Simplesmente, apetecia-me escrever. Não sei bem o quê. (...) Sei que estou frente a um papel com lápis em punho a fazer desenhos que os antigos modernizaram e chamaram escrita.
Nesta escrita não tenho (...)"
É aqui que vem em meu auxílio um artigo de André Maurois, da Academia Francesa, que, curiosamente, fui encontrar no mesmo maço de "papéis velhos" onde, manuscrito a lápis, se encontrava o, acima, esboceto de qualquer coisa...
Vale, no entanto, pouco o esboceto, mas importa, no essencial, para dizer aos hesitantes da prosa, se os há, que "tudo vai no começar..."
Importante é, isso sim, ler Maurois (cala-te, Marcial, que, nem quando te chamaram poeta, o outro, claro, foste brilhante, digo eu...Embora haja teses a teu respeito...).
Em caixa alta, pois...
André Maurois:
"TEM A INTENÇÃO DE APRENDER A ESCREVER BEM? DOU-LHE RAZÃO. ACHO NATURAL. DE NADA SERVE TER IDEIAS JUSTAS SE NÃO SABE EXPRIMI-LAS. A PALAVRA, MESMO A PRÓPRIA ELOQUÊNCIA, NÃO BASTAM, PORQUE AS PALAVRAS VOAM. UM TEXTO FICA; AQUELES A QUEM ELE SE DIRIGE PODEM RELÊ-LO E MEDITÁ-LO. (...) PARA ESCREVER BEM É PRECISO TER CULTURA. NÃO É NECESSÁRIO ESTAR AO CORRENTE DA LITERATURA MAIS MODERNA. É PREFERÍVEL O CONHECIMENTO DOS GRANDES CLÁSSICOS, QUE FORNECEM EXEMPLOS E CITAÇÕES. (...) NÃO SE ESCREVE COM SENTIMENTOS, ESCREVE-SE COM PALAVRAS. PRECISAIS DE CONHECER MUITAS E DE SABER O SEU SENTIDO EXACTO. SE ASSIM NÃO FOR, EMPREGÁ-LAS-EIS A TORTO E A DIREITO, E O LEITOR NÃO VOS COMPREENDERÁ. A ACADEMIA FRANCESA CONSAGRA UMA SESSÃO A DEFINIR TRÊS OU QUATRO PALAVRAS.
(...) DEVEM-SE TER AUDÁCIAS DE LINGUAGEM E DE ESTILO? PODE-SE, DE LONGE EM LONGE, DESPERTAR UMA FRASE POR UMA EXPRESSÃO VULGARÍSSIMA? RESPONDERIA AFIRMATIVAMENTE SE A PESSOA EM QUESTÃO FOSSE DOTADA, AO MESMO TEMPO, DA AUTORIDADE E DO BOM GOSTO NECESSÁRIOS (...)."
E é tudo. Vou ver se sou capaz de continuar o "São oito horas da noite...", que me parece bem... Modéstia à parte. Até breve. Mais cedo do que as oito da noite...se possível...
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Aos AMIGOS deste Espaço
Meus Queridos Amigos
A partir de hoje, a minha participação neste Espaço vai fazer-se, em princípio, em princípio, claro, sem fotografias. É um desafio ao eventual "colorido" acrescido da PROSA. Espero continuar a merecer as, até agora, milhares de visitas que têm sido feitas a este "blogue" desde Novembro de 1909.
Bem-hajam!
Comentem. Estejam à vontade. Os da minha Assembleia não me "deixaram" passar as despesas...
Um abraço para todos!
A partir de hoje, a minha participação neste Espaço vai fazer-se, em princípio, em princípio, claro, sem fotografias. É um desafio ao eventual "colorido" acrescido da PROSA. Espero continuar a merecer as, até agora, milhares de visitas que têm sido feitas a este "blogue" desde Novembro de 1909.
Bem-hajam!
Comentem. Estejam à vontade. Os da minha Assembleia não me "deixaram" passar as despesas...
Um abraço para todos!
Caricaturas antigas...
Liga-se a rádio:
- Senhor Consumidor, consuma! Use, gaste, mas não desgaste! Há mais moderno no mercado. V.Exa. julgava que se lavava!... Não: V. Exa. enxaguava-se...
Desliga-se o rádio.
Liga-se o rádio:
- Camaradas, o único partido da classe operária é o nosso! Vota nele. Elege os teus representantes. Somos os melhores, os verdadeiros. Partido comum...só há um... Vota na gente!...
Desliga-se o rádio.
Liga-se o rádio:
- Senhores ouvintes, o vosso bem-estar depende do desodorizante que escolher. Venha para a rua tranquilo, depois da aplicação do único desodorizante que dispensa o banho.
Evite consumir água!
Desliga-se o rádio.
Liga-se o rádio:
- ... pelo que vai ser condecorado com a medalha de herói da pesca de arrasto...
Avaria-se o rádio.
Tenta-se ligá-lo de novo noutro posto:
- Camarada ... consuma.O único partido... V.Exa. julgava que se lavava, mas não: V.Exa. enxaguava-se... Somos os melhores, os verdadeiros defensores...Que evita o odor corporal... Vota, vota...Desodorize-se pelo infalível...Herói da pesca de arrasto...Comprometer o futuro dos nossos filhos... Há mais moderno no mercado!
ANOS 70 do século passado.
- Senhor Consumidor, consuma! Use, gaste, mas não desgaste! Há mais moderno no mercado. V.Exa. julgava que se lavava!... Não: V. Exa. enxaguava-se...
Desliga-se o rádio.
Liga-se o rádio:
- Camaradas, o único partido da classe operária é o nosso! Vota nele. Elege os teus representantes. Somos os melhores, os verdadeiros. Partido comum...só há um... Vota na gente!...
Desliga-se o rádio.
Liga-se o rádio:
- Senhores ouvintes, o vosso bem-estar depende do desodorizante que escolher. Venha para a rua tranquilo, depois da aplicação do único desodorizante que dispensa o banho.
Evite consumir água!
Desliga-se o rádio.
Liga-se o rádio:
- ... pelo que vai ser condecorado com a medalha de herói da pesca de arrasto...
Avaria-se o rádio.
Tenta-se ligá-lo de novo noutro posto:
- Camarada ... consuma.O único partido... V.Exa. julgava que se lavava, mas não: V.Exa. enxaguava-se... Somos os melhores, os verdadeiros defensores...Que evita o odor corporal... Vota, vota...Desodorize-se pelo infalível...Herói da pesca de arrasto...Comprometer o futuro dos nossos filhos... Há mais moderno no mercado!
ANOS 70 do século passado.
Os enigmáticos papéis velhos...
É manuscrito. Palpito-lhe a idade pelo papel, que é de jornal; pela letra, que é de quem tem pressa de ser crescido; pela tinta (castanha) de que ainda tenho um resto, do tempo em que não ofereciam às pessoas esferógraficas com publicidade... E é um resto, com as pontas de uma ideia... Pretende (?) malhar em qualquer coisa que se estava a passar relativa "à Revolução em Curso", mas o que leio é pouco para tirar conclusões... Oportunismo político de alguns? Aparências?... Não sei. O que sei é que, entretanto, fiquei avô e a moça (é uma..., não um ele...) acaba de se licenciar em ... em Arqueologia. E quer ser Mestre.
Curioso!... Talvez ela me possa ajudar a pôr alguma luz neste meu ... pedaço de... (será que na altura foi tão evidente a existência de gente a querer perpetuar-se?...)
"O faraó, senhor todo poderoso, mandou chamar os arquitectos e disse-lhes (reza o manuscrito. Juro a autencidade):
- Rapazes, quero que mandais fazer um túmulo em que eu permaneça para todo o sempre depois da morte. Ordenai que seja uma coisinha camarada talvez em forma de pirâmide, que resista a intempéries e tão grande que deslumbre os vindouros...
Mandai vir os escravos de que necessitardes e ide imediatamnete ordenar o início da obra.
Há aí no armeiro chibatas novas. Usai-as sem dó nem piedade. É preciso que a construção comece quanto antes, que eu já não sou uma criança e gostava de acompanhar a obra..."
O resto do texto está ilegível, mas há nele uma data, UMA DATA: MCMLXXV.
Será que... Será que eu me preparava para abordar o famoso cerco à Assembleia, em Lisboa. E que os Rapazes a que se refere o texto, eram os da Construção Civil que por lá andaram em força nas imediações, sob as ordens de algum general da época?...
Enigmas da História. É mais um, sem pretensões: o de um simples Papel Velho, acabado de achar.
Curioso!... Talvez ela me possa ajudar a pôr alguma luz neste meu ... pedaço de... (será que na altura foi tão evidente a existência de gente a querer perpetuar-se?...)
"O faraó, senhor todo poderoso, mandou chamar os arquitectos e disse-lhes (reza o manuscrito. Juro a autencidade):
- Rapazes, quero que mandais fazer um túmulo em que eu permaneça para todo o sempre depois da morte. Ordenai que seja uma coisinha camarada talvez em forma de pirâmide, que resista a intempéries e tão grande que deslumbre os vindouros...
Mandai vir os escravos de que necessitardes e ide imediatamnete ordenar o início da obra.
Há aí no armeiro chibatas novas. Usai-as sem dó nem piedade. É preciso que a construção comece quanto antes, que eu já não sou uma criança e gostava de acompanhar a obra..."
O resto do texto está ilegível, mas há nele uma data, UMA DATA: MCMLXXV.
Será que... Será que eu me preparava para abordar o famoso cerco à Assembleia, em Lisboa. E que os Rapazes a que se refere o texto, eram os da Construção Civil que por lá andaram em força nas imediações, sob as ordens de algum general da época?...
Algures no deserto (foto M.P.) |
Enigmas da História. É mais um, sem pretensões: o de um simples Papel Velho, acabado de achar.
Na hora de votar o "bailinho"...
in "As Farpas", de Ramalho Ortigão
"... Na grande maioria dos círculos eleitorais do país, continente e ilhas, todo o eleitor que não vende simples e chãmente o seu voto por dinheiro, vende-o por serviços, por bondades, ou por favores pessoais, ao pároco, ao escrivão da fazenda que cobra a décima, ou ao agente do recrutamento que manda prender para soldado.
À pressão oficial acresce ainda a pressão do compadrio local. Na ilha da Madeira, cujos interesses são neste momento representados no parlamento pelo deputado Manuel de Arriaga, o compadrio tem sobre a livre expressão da vontade do eleitor uma influência ainda mais despótica do que a da própria autoridade constuítída. O pequeno agricultor madeirense arrenda a terra que lavra a um compadre, arrenda a casa em que mora a outro, arrenda a água com que rega a um terceiro. Quando o dia funesto da eleição chega, o dono da água comparece com uma lista, o dono da terra com outra, enquanto o dono da casa chega por seu turno para proibir o seu inquilino de ir votar."
"... Na grande maioria dos círculos eleitorais do país, continente e ilhas, todo o eleitor que não vende simples e chãmente o seu voto por dinheiro, vende-o por serviços, por bondades, ou por favores pessoais, ao pároco, ao escrivão da fazenda que cobra a décima, ou ao agente do recrutamento que manda prender para soldado.
À pressão oficial acresce ainda a pressão do compadrio local. Na ilha da Madeira, cujos interesses são neste momento representados no parlamento pelo deputado Manuel de Arriaga, o compadrio tem sobre a livre expressão da vontade do eleitor uma influência ainda mais despótica do que a da própria autoridade constuítída. O pequeno agricultor madeirense arrenda a terra que lavra a um compadre, arrenda a casa em que mora a outro, arrenda a água com que rega a um terceiro. Quando o dia funesto da eleição chega, o dono da água comparece com uma lista, o dono da terra com outra, enquanto o dono da casa chega por seu turno para proibir o seu inquilino de ir votar."
Novembro de 2010 - Ramalho ressuscitado
in "As Farpas"
"...Pela nossa parte o único desgosto que receamos no meio desta grande alegria é que o povo venha a aprender a ler e a escrever. Porque logo que ele saiba escrever o que sente e tenha lido o que se está passando, é muito natural que quando os poderes publicos lhe mandarem a lei de meios, ele responda na sua grossa letra bastarda uma carta, - que será então verdadeiramente a reforma da outra - e que dirá o seguinte:
"Senhores poderes públicos. - Cá recebi as vossas leis e li os vossos discursos, e uma e outra coisa pela primeira vez na minha vida. Eis a minha resposta, tirada da minha cabeça e escrita pela minha própria mão: ide para o diabo que vos leve a todos!
D'este vosso mandatário que nada mais vos manda - Povo."
"...Pela nossa parte o único desgosto que receamos no meio desta grande alegria é que o povo venha a aprender a ler e a escrever. Porque logo que ele saiba escrever o que sente e tenha lido o que se está passando, é muito natural que quando os poderes publicos lhe mandarem a lei de meios, ele responda na sua grossa letra bastarda uma carta, - que será então verdadeiramente a reforma da outra - e que dirá o seguinte:
"Senhores poderes públicos. - Cá recebi as vossas leis e li os vossos discursos, e uma e outra coisa pela primeira vez na minha vida. Eis a minha resposta, tirada da minha cabeça e escrita pela minha própria mão: ide para o diabo que vos leve a todos!
D'este vosso mandatário que nada mais vos manda - Povo."
1963 - NOTAS SOLTAS DE UMA VIAGEM: o empréstimo para comprar umas botas...
Para perceberem as próximas NOTAS SOLTAS é preciso ir ao "post" de 31.10.10
Um administrador do "Diário de Notícias", unha com carne com o Eng. B.O., telefonou de Lisboa preocupado com os atrasos havidos, na nossa ausência, na hora de saída do jornal...
Madeleine: missa cantada. "Se o Marcial não quiser ouvir a missa, fique na mesma para ver...ver tudo e ouvir o órgão e os coros". Fiquei.
Num café do Boulevard des Capucines um casalinho não cessa de beijar-se...
Almocei no café da Ópera: bife de veado com batatas fritas.
De fugida, por falta de tempo, entramos no Louvre onde, por estar a fechar, vi apenas a Vénus de Milo, Afrodite, um quadro de David... Umas dez telas.
O Eng. B.O. foi descansar para o hotel.
Fui à Torre Eiffel e às 20.30, jantámos juntos e fomos ver a Gizelle à Ópera de Paris. Passeei no Salão Nobre.
Estamos a 7/10. Vi ontem um casal de velhos a beijar-se como se fosse jovem. "Arranjinho..."
Notre Dame: Cristo de marfim do século XVI e pequenas molduras com o perfil dos papas até Pio IX. Duas custódias do séclo XIX e um relicário do mesmo século.
Entrevista com o embaixador de Portugal, Marcelo Matias, a quem, se não estou em erro, o Eng. B.O. terá pedido dinheiro emprestado para comprar umas botas para a mulher...
Um administrador do "Diário de Notícias", unha com carne com o Eng. B.O., telefonou de Lisboa preocupado com os atrasos havidos, na nossa ausência, na hora de saída do jornal...
Madeleine: missa cantada. "Se o Marcial não quiser ouvir a missa, fique na mesma para ver...ver tudo e ouvir o órgão e os coros". Fiquei.
Num café do Boulevard des Capucines um casalinho não cessa de beijar-se...
Almocei no café da Ópera: bife de veado com batatas fritas.
De fugida, por falta de tempo, entramos no Louvre onde, por estar a fechar, vi apenas a Vénus de Milo, Afrodite, um quadro de David... Umas dez telas.
O Eng. B.O. foi descansar para o hotel.
Fui à Torre Eiffel e às 20.30, jantámos juntos e fomos ver a Gizelle à Ópera de Paris. Passeei no Salão Nobre.
Estamos a 7/10. Vi ontem um casal de velhos a beijar-se como se fosse jovem. "Arranjinho..."
Notre Dame: Cristo de marfim do século XVI e pequenas molduras com o perfil dos papas até Pio IX. Duas custódias do séclo XIX e um relicário do mesmo século.
Entrevista com o embaixador de Portugal, Marcelo Matias, a quem, se não estou em erro, o Eng. B.O. terá pedido dinheiro emprestado para comprar umas botas para a mulher...
quinta-feira, 25 de novembro de 2010
"O Velho e o Mar" *
"- Que tens para comer? - perguntou o rapaz.
- Um tacho de arroz de peixe. Queres?
- Não. Como em casa. Queres que eu acenda o lume?
- Não. Acendo-o eu depois. Ou como o arroz frio.
- Posso levar a rede?
- Claro que podes.
Não havia rede, e o rapaz lembrava-se de quando a tinham vendido. Mas todos os dias representavam esta cena. Também não havia tacho de arroz, o que o rapaz também sabia."
* de Ernest Hemingway - como se sabe...
- Um tacho de arroz de peixe. Queres?
- Não. Como em casa. Queres que eu acenda o lume?
- Não. Acendo-o eu depois. Ou como o arroz frio.
- Posso levar a rede?
- Claro que podes.
Não havia rede, e o rapaz lembrava-se de quando a tinham vendido. Mas todos os dias representavam esta cena. Também não havia tacho de arroz, o que o rapaz também sabia."
* de Ernest Hemingway - como se sabe...
Miguel Torga, presente!
"Coimbra, 27 de Abril de 1977 - A sedução do poder! O deleite com que o saboreiam muitos dos que ainda há pouco juravam abominá-lo! Sei que poucos escapam ao seu fascínio, e de que disfarces é capaz. No próprio acto criador se acoita. Mas referia-me ao poder concretamente exercido, a nível de mando. O comportamento desses estadistas de pronto a vestir! O que eles dizem e o que eles fazem! Parecem metidos numa outra pele. Novos penteados, novas gravatas, novos gestos, nova gravidade. Adquiriram, sobretudo, uma versatilidade mental e moral inesperada. Como os oráculos, tudo o que lhes sai da boca tem dois sentidos. Falam sempre a cobrir a retirada. Às vezes apetece pôr-lhes um espelho diante dos olhos. Mas talvez fosse inútil. Cegos de felicidade, como poderiam compreender que são uns pobres bonifrates, ao mesmo tempo de boa fé e má consciência?"
in DIÁRIO XII
in DIÁRIO XII
1978 - Fartura em 2ª mão *
"Há por aí à venda um livro que, a meu ver, vai ficar na história como uma das edições mais úteis que se fizeram até hoje em Portugal.
Chama-se ele "Aproveitamento de Sobras" e trata, naturalmente, da forma de cozinhar os excedentes das refeições de cada dia. Excedentes em bom estado, entenda-se. De qualquer modo, sobras - o que não deixa de ser, em princípio, um sintoma do franco optimismo que norteia o editor. O certo é que para existirem sobras tem que haver comida e para esta existir é sinal de que não há fome..
Estamos, pois, "felizes e contentes": Portugal tem sobras!
Contrariamente ao que se diz, há comidinha a mais na nossa casa. É por isso boato o que se ouve falar, relativo ao espectro da fome que já pairaria sobre nós. Não senhor: há paparoca para todos. E sobras.
A leitura do livro impõe-se, embora não seja urgente, já que, pelos modos, ainda ninguém deixou de comer a sua refeiçãozinha.
Por muito estranho que pareça, contudo, o simples facto de ter lido aquele título tão optimista deixou-me preocupado. Sem saber porquê. Ou melhor: assaltou-me a ideia estúpida, com certeza, que as sobras de que o livro trata são as que o estrangeiro nos dá - depois de se ter regalado com a comidinha acabada de fazer a partir do produto directo do seu trabalho intenso e continuado. Para nós estaria reservado o papel de aproveitadores das sobras alheias. Comeríamos, assim, tudo em 2ª mão.
Será isto? Não será?
Pouco importa: se o livro é a demonstração indirecta da fartura, o editor é um bem disposto e a edição vender-se-á por isso; se, pelo contrário, se destina a explicar aos portugueses como se aproveitam as sobras alheias, então, além do mais, o livro é capaz de vir a ser um êxito nunca visto se continuarmos, como tudo indica, a não produzir.
Não acredito que o "Aproveitamento de Sobras" se destine a ensinar a cozinhar a comida que estávamos habituados a dar aos cães e gatos deste País..."
* in "À Sombra da Minha Latada", de M.A.
Chama-se ele "Aproveitamento de Sobras" e trata, naturalmente, da forma de cozinhar os excedentes das refeições de cada dia. Excedentes em bom estado, entenda-se. De qualquer modo, sobras - o que não deixa de ser, em princípio, um sintoma do franco optimismo que norteia o editor. O certo é que para existirem sobras tem que haver comida e para esta existir é sinal de que não há fome..
Estamos, pois, "felizes e contentes": Portugal tem sobras!
Contrariamente ao que se diz, há comidinha a mais na nossa casa. É por isso boato o que se ouve falar, relativo ao espectro da fome que já pairaria sobre nós. Não senhor: há paparoca para todos. E sobras.
A leitura do livro impõe-se, embora não seja urgente, já que, pelos modos, ainda ninguém deixou de comer a sua refeiçãozinha.
Por muito estranho que pareça, contudo, o simples facto de ter lido aquele título tão optimista deixou-me preocupado. Sem saber porquê. Ou melhor: assaltou-me a ideia estúpida, com certeza, que as sobras de que o livro trata são as que o estrangeiro nos dá - depois de se ter regalado com a comidinha acabada de fazer a partir do produto directo do seu trabalho intenso e continuado. Para nós estaria reservado o papel de aproveitadores das sobras alheias. Comeríamos, assim, tudo em 2ª mão.
Será isto? Não será?
Pouco importa: se o livro é a demonstração indirecta da fartura, o editor é um bem disposto e a edição vender-se-á por isso; se, pelo contrário, se destina a explicar aos portugueses como se aproveitam as sobras alheias, então, além do mais, o livro é capaz de vir a ser um êxito nunca visto se continuarmos, como tudo indica, a não produzir.
Não acredito que o "Aproveitamento de Sobras" se destine a ensinar a cozinhar a comida que estávamos habituados a dar aos cães e gatos deste País..."
* in "À Sombra da Minha Latada", de M.A.
1977 - Frutos proibidos *
O jornalista, em regra, recebe o acontecimento "quente", põe "têmperos" q. b. e serve "quente". O fazedor de crónicas, normalmente, recebe "quente", deixa arrefecer, decora a gosto, mete no frigorífico e serve, mais tarde, "semifrio". O jornal - refeição completa proposta aos leitores - procura ou deve ser, o pitéu, sem azedume nem esturro, que de ambos aproveita.
No meio dos pratos quentes de hoje, aí vai um "digestivo semifrio" que tirei, pela manhã, do frigorífico. Acudiu-me, há dias, quando tranquilamente, assistia a um desses espectáculos que nos têm oferecido e que se integram nas chamadas "Quinzenas da Música de...Leste".
Recordam-se, com certeza, da corrida aos filmes pornográficos verificada logo após a abolição da censura. Ninguém ignora a manifesta tendência que os nossos conterrâneos da província têm para, ao chegar a Lisboa, irem logo ver uma revistinha com boas piadas e mulheres nuas.
Pois bem, cá para mim, chegada a altura, todos vamos para a bicha do filme pornográfico e corremos à revista das piadas fortes ... e não só... Basta, para tanto, que tenhamos vivido durante anos privados de tudo isso, por força da censura ou por qualquer outra razão. No fundo, é sempre pela censura ... mesmo que não seja a do lápis azul. Mas adiante. Pela minha parte, confesso que, em tempo de trevas, fiz uma fugazita à estranja e "aconteceram" logo três coisas: em Paris, comprei um disco de música popular soviética e, no Petit Palais, vi uma exposição de arte da URSS; em Amesterdão, logo a seguir, fui ver um filme pornográfico.
Em Portugal era tudo proibido e eu ... "aproveitei".
Hoje, entre nós, nesse aspecto, as correm de outra maneira e todos só vamos ver, ou quase, aquilo de que gostamos.
O público português está agora, de certo modo, a reagir às manifestações de Leste como o faz em relação à pornografia. Com a diferença que há restrições à propaganda desta, enquanto às outras é o próprio Estado que no-las fornece em quantidades industriais...
Acabaremos, assim, por desejar ver o que é pornográfico, por ser mais "proibido", e enjoar o que de Leste nos servem - por ser em doses pouco "digestivas".
* in "À Sombra da Minha Latada", de M.A.
No meio dos pratos quentes de hoje, aí vai um "digestivo semifrio" que tirei, pela manhã, do frigorífico. Acudiu-me, há dias, quando tranquilamente, assistia a um desses espectáculos que nos têm oferecido e que se integram nas chamadas "Quinzenas da Música de...Leste".
Recordam-se, com certeza, da corrida aos filmes pornográficos verificada logo após a abolição da censura. Ninguém ignora a manifesta tendência que os nossos conterrâneos da província têm para, ao chegar a Lisboa, irem logo ver uma revistinha com boas piadas e mulheres nuas.
Pois bem, cá para mim, chegada a altura, todos vamos para a bicha do filme pornográfico e corremos à revista das piadas fortes ... e não só... Basta, para tanto, que tenhamos vivido durante anos privados de tudo isso, por força da censura ou por qualquer outra razão. No fundo, é sempre pela censura ... mesmo que não seja a do lápis azul. Mas adiante. Pela minha parte, confesso que, em tempo de trevas, fiz uma fugazita à estranja e "aconteceram" logo três coisas: em Paris, comprei um disco de música popular soviética e, no Petit Palais, vi uma exposição de arte da URSS; em Amesterdão, logo a seguir, fui ver um filme pornográfico.
Em Portugal era tudo proibido e eu ... "aproveitei".
Hoje, entre nós, nesse aspecto, as correm de outra maneira e todos só vamos ver, ou quase, aquilo de que gostamos.
O público português está agora, de certo modo, a reagir às manifestações de Leste como o faz em relação à pornografia. Com a diferença que há restrições à propaganda desta, enquanto às outras é o próprio Estado que no-las fornece em quantidades industriais...
Acabaremos, assim, por desejar ver o que é pornográfico, por ser mais "proibido", e enjoar o que de Leste nos servem - por ser em doses pouco "digestivas".
* in "À Sombra da Minha Latada", de M.A.
Versos dos tempos da tropa... ( II )
Nota aberta a ti Arménio: "quero mais", meu Caro!
Foi bom, sobretudo, senti-lo genuíno. Consigo e a Adélia, tive cantigas puras nesta "geringonça"... Bem-haja! Bem-hajam!
"Minha mãe jurei bandeira
Agora serei soldado
Agora irei p'rá guerra
Nalgum navio embarcado
Apartado de quem amo
Tinha de ser minha sorte
Manter-me metade na alma
À hora da minha morte
Adeus terra onde joguei
O jogo dos meus amores
A quem me atira pedrinhas
Só pude atirar flores
Rufa tambor, toca clarim
Ó meu amor reza por mim
Se eu não voltar e morrer
À minha terra natal
É porque fui defender
A honra de Portugal
Ó Portugal meu velhinho
Quem fez mal ao teu caminho
Rufa tambor, toca clarim
Ó meu amor reza por mim"
Foi bom, sobretudo, senti-lo genuíno. Consigo e a Adélia, tive cantigas puras nesta "geringonça"... Bem-haja! Bem-hajam!
"Minha mãe jurei bandeira
Agora serei soldado
Agora irei p'rá guerra
Nalgum navio embarcado
Apartado de quem amo
Tinha de ser minha sorte
Manter-me metade na alma
À hora da minha morte
Adeus terra onde joguei
O jogo dos meus amores
A quem me atira pedrinhas
Só pude atirar flores
Rufa tambor, toca clarim
Ó meu amor reza por mim
Se eu não voltar e morrer
À minha terra natal
É porque fui defender
A honra de Portugal
Ó Portugal meu velhinho
Quem fez mal ao teu caminho
Rufa tambor, toca clarim
Ó meu amor reza por mim"
quarta-feira, 24 de novembro de 2010
A Greve e...e os Dias de Trabalho...
Aqui há gato!... (foto de Mónica Ponce) |
Quem (se) aproveitou? É a pergunta neste "faz de conta" legal em que se vive...
Internet para todos
Versos para fazer chorar... ( II )
Dominguizo 2010 - ti Arménio, tirou o boné, sentou-se e, com verdade e sentimento, cantou como sabe...
Naquele velho moinho
Desmantelado, velhinho
No ermo daquela serra
Parece que chora ainda bis
Pela moleira mais linda bis
Que havia na minha terra bis
E numa tarde de Agosto
Logo ao cair do sol posto
Que a moleira ambicionava
Correu tão depressa o monte bis
Ao passar pela velha ponte bis
Onde o combóio passava bis
Nisto o combóio apitou
A moleira procurou
Na ponte qualquer desvio
Ao vê-la tão imponente bis
Ao passar rapidamente bis
Precipitou-se no rio bis
Naquele velho moinho
Desmantelado, velhinho
No ermo daquela serra
Parece que chora ainda bis
Pela moleira mais linda bis
Que havia na minha terra bis
E numa tarde de Agosto
Logo ao cair do sol posto
Que a moleira ambicionava
Correu tão depressa o monte bis
Ao passar pela velha ponte bis
Onde o combóio passava bis
Nisto o combóio apitou
A moleira procurou
Na ponte qualquer desvio
Ao vê-la tão imponente bis
Ao passar rapidamente bis
Precipitou-se no rio bis
Versos dos tempos da tropa... ( I )
Apresenta-se o soldado pronto Arménio Louro Daniel
Naquele barco de guerra
Longe da nossa terra
No mar alto tão profundo
Corações palpitantes bis
Portugueses navegantes bis
A partir para Timor bis
Quando eu cheguei à fronteira
Logo vi içar a bandeira
Logo vi tocar o hino
Não há nação igual bis
Como o nosso Portugal bis
Um país tão pequenino bis
Naquele barco de guerra
Longe da nossa terra
No mar alto tão profundo
Corações palpitantes bis
Portugueses navegantes bis
A partir para Timor bis
Quando eu cheguei à fronteira
Logo vi içar a bandeira
Logo vi tocar o hino
Não há nação igual bis
Como o nosso Portugal bis
Um país tão pequenino bis
"Os ilusionistas" *
"Somos um país de ilusionistas. Não temos coelhos, destruímos as coelheiras todas mas não falta por aí quem tire do chapéu sempre mais um...
À falta de capacidade para inventar a criação, respondem os artistas contratados como sempre novos e mais espectaculares números em que o mesmo coelho, ou, quando muito, dois ou três, aparecem e reaparecem de acordo com as exigências do público, que esquece tudo para assistir a estes truques.
Vivemos todos a grande ilusão, esquecendo que nas coelheiras da nossa quinta já nada resta e que os coelhos que agora nos apresentam multiplicados são sempre os mesmos e de importação.
E não me venham dizer que os ilusionistas são gente sem escrúpulos. A sua profissão é esta, é isto que eles sabem fazer: não se lhes pode levar a mal que tenham destruído as coelheiras. Não é legítimo pretender agora que os ilusionistas sejam formados em pecuária. Um ilusionista - ilude. Não trata de coelhos.
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Os números de ilusionismo, dizem os que sabem, são tanto mais perfeitos quanto maior naturalidade tiverem e não se pode dizer que o espectáculo a que temos vindo a assistir seja de má qualidade, enquanto criador de ilusões.
Entretanto, - e os ilusionistas sabem-no bem - julgo que há, nesta altura, uma certa insistência nos mesmos truques que está a cansar os espectadores que ainda se mantém na sala. Penso que é altura de mudar de artistas e, consequentemente, de números. Começa a haver uma ânsia muito grande em conhecer como é que se faz o truque do coelho e outros. E, é sabido, o ilusionismo visto por dentro perde graça.
Antes que tal aconteça, por saturação do Exmo. Público, há, pois, que pedir à direcção do espectáculo que tire os ilusionistas da cena e faça entrar os artistas que se seguem.
Mas, por favor, os palhaços ainda não. Por mim, falta-me vontade de rir."
* 1977 - in "À Sombra da Minha Latada", de M.A.
À falta de capacidade para inventar a criação, respondem os artistas contratados como sempre novos e mais espectaculares números em que o mesmo coelho, ou, quando muito, dois ou três, aparecem e reaparecem de acordo com as exigências do público, que esquece tudo para assistir a estes truques.
Vivemos todos a grande ilusão, esquecendo que nas coelheiras da nossa quinta já nada resta e que os coelhos que agora nos apresentam multiplicados são sempre os mesmos e de importação.
E não me venham dizer que os ilusionistas são gente sem escrúpulos. A sua profissão é esta, é isto que eles sabem fazer: não se lhes pode levar a mal que tenham destruído as coelheiras. Não é legítimo pretender agora que os ilusionistas sejam formados em pecuária. Um ilusionista - ilude. Não trata de coelhos.
... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...
Os números de ilusionismo, dizem os que sabem, são tanto mais perfeitos quanto maior naturalidade tiverem e não se pode dizer que o espectáculo a que temos vindo a assistir seja de má qualidade, enquanto criador de ilusões.
Entretanto, - e os ilusionistas sabem-no bem - julgo que há, nesta altura, uma certa insistência nos mesmos truques que está a cansar os espectadores que ainda se mantém na sala. Penso que é altura de mudar de artistas e, consequentemente, de números. Começa a haver uma ânsia muito grande em conhecer como é que se faz o truque do coelho e outros. E, é sabido, o ilusionismo visto por dentro perde graça.
Antes que tal aconteça, por saturação do Exmo. Público, há, pois, que pedir à direcção do espectáculo que tire os ilusionistas da cena e faça entrar os artistas que se seguem.
Mas, por favor, os palhaços ainda não. Por mim, falta-me vontade de rir."
* 1977 - in "À Sombra da Minha Latada", de M.A.
terça-feira, 23 de novembro de 2010
Greve
À medida que me for lembrando deixarei registo...
Apeteceu-me GREVE quando:
. aos 16 anos, me senti explorado no trabalho
. aos 18, vi meu pai a trabalhar apenas três dias por semana
. aos 25 anos, senti que não ganhava o suficiente para constituir família
. aos 37 anos, houve quem pensasse que eu não era também trabalhador...
. aos 45, e várias vezes depois, ter ruído ossos de carne que não provei...
. aos 60, na véspera da reforma, já nada me fazia gostar de estar...
.
.
Apeteceu-me GREVE quando:
. aos 16 anos, me senti explorado no trabalho
. aos 18, vi meu pai a trabalhar apenas três dias por semana
. aos 25 anos, senti que não ganhava o suficiente para constituir família
. aos 37 anos, houve quem pensasse que eu não era também trabalhador...
. aos 45, e várias vezes depois, ter ruído ossos de carne que não provei...
. aos 60, na véspera da reforma, já nada me fazia gostar de estar...
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Véspera da GREVE
Parafraseando um velho horário de uma loja conimbricense:
Exmos. Clientes
Hoje, dia 23 de Novembro de 2010
ABERTURA às 9 horas
ENCERRADURA às 19 horas
Depois da encerradura não há mais aviação.
Exmos. Clientes
Hoje, dia 23 de Novembro de 2010
ABERTURA às 9 horas
ENCERRADURA às 19 horas
Depois da encerradura não há mais aviação.
Versos para fazer chorar... ( I )
Cantados, no Dominguizo,Traseiras do Litoral,pelo tio Arménio, numa tarde calma de um dia destes...
Era uma vez uma velhinha
Quase cega, coitadinha
Já mal podia andar
Encostada ao seu bordão
Sempre olhando para o chão
Ia na estrada a passar
Houve um cão que lhe ladrou
A pobrezinha parou
Olhando à roda assustada
Quis fugir, não conseguiu bis
Tentou correr, mas caiu bis
A pobrezinha coitada bis
Nisto surge uma menina
Linda, formosa e ladina
Que ao vê-la cair ao chão
Correu logo, pressurosa bis
Condoida e carinhosa bis
À velhinha deu a mão bis
Levante-se minha avózinha
E a levo à sua casinha
Onde lhe dói, o que tem?
Diga, eu vou já buscar bis
Qualquer coisa p'ra curar bis
Vou pedir à minha mãe bis
Não foi nada, meu amor
Tu és um anjo, uma flor
Ajuda-me só a andar
Deus te pague a tua bondade bis
Com muita felicidade bis
Disse a velhinha a chorar bis
Quase cega, coitadinha
Já mal podia andar
Encostada ao seu bordão
Sempre olhando para o chão
Ia na estrada a passar
Houve um cão que lhe ladrou
A pobrezinha parou
Olhando à roda assustada
Quis fugir, não conseguiu bis
Tentou correr, mas caiu bis
A pobrezinha coitada bis
Nisto surge uma menina
Linda, formosa e ladina
Que ao vê-la cair ao chão
Correu logo, pressurosa bis
Condoida e carinhosa bis
À velhinha deu a mão bis
Levante-se minha avózinha
E a levo à sua casinha
Onde lhe dói, o que tem?
Diga, eu vou já buscar bis
Qualquer coisa p'ra curar bis
Vou pedir à minha mãe bis
Não foi nada, meu amor
Tu és um anjo, uma flor
Ajuda-me só a andar
Deus te pague a tua bondade bis
Com muita felicidade bis
Disse a velhinha a chorar bis
segunda-feira, 22 de novembro de 2010
O assalto...
Aqui onde me lêem, e vêem, fui, vai para seis meses, vítima de um "assalto" (por uma nova tecnologia) ao meu arquivo informático que me levou milhares de fotografias pessoais, de que amabilidades várias, cópias várias, em boas mãos, me "ressuscitaram" centenas - até agora...
Tudo, encurtando, inicialmente, passou por irresponsabilidades no acto da venda e, mais tarde, num lavar de mãos inconcebível, por envolver uma multinacional, que nada fez para, com o disco de susbstituição que chegou a dizer ter além-fronteiras, me resolver o problema. Mas já lá vai...
Apetece-me, isso sim, recordar parte das breves palavras com que abri o meu primeiro livro, em 1980:
"(...) As palavras que ai vão aparecem (...) como frutos e nasceram das sementes que, fundamentalmente, o tempo estrumou. Tentei cortar-lhes as ervas daninhas que à sua volta se formaram, mas não posso prometer, apesar disso, que o produto seja de boa qualidade.
(...) Crónicas como árvores, palavras como pêras. Algumas doces. Mas nem todas. Enfim, o que se pôde arranjar - sem subsídios, sem reformas agrárias complicadas, sem alfaias agricolas do vizinho. Um minifúndio de vontade, feito de palavras nossas ou nacionalizadas. Uma iniciativa privada. Por vezes privada de iniciativa. Sobretudo no que toca aos extremos da propriedade - onde tive que deixar crescer urtigas (...)."
Tudo, encurtando, inicialmente, passou por irresponsabilidades no acto da venda e, mais tarde, num lavar de mãos inconcebível, por envolver uma multinacional, que nada fez para, com o disco de susbstituição que chegou a dizer ter além-fronteiras, me resolver o problema. Mas já lá vai...
Apetece-me, isso sim, recordar parte das breves palavras com que abri o meu primeiro livro, em 1980:
"(...) As palavras que ai vão aparecem (...) como frutos e nasceram das sementes que, fundamentalmente, o tempo estrumou. Tentei cortar-lhes as ervas daninhas que à sua volta se formaram, mas não posso prometer, apesar disso, que o produto seja de boa qualidade.
(...) Crónicas como árvores, palavras como pêras. Algumas doces. Mas nem todas. Enfim, o que se pôde arranjar - sem subsídios, sem reformas agrárias complicadas, sem alfaias agricolas do vizinho. Um minifúndio de vontade, feito de palavras nossas ou nacionalizadas. Uma iniciativa privada. Por vezes privada de iniciativa. Sobretudo no que toca aos extremos da propriedade - onde tive que deixar crescer urtigas (...)."
Educação - Portugal e os outros *
Áustria
População: oito milhões trezentos e cinquenta e cinco mil, duzentos e sessenta habitantes.
Escolaridade obrigatória: dos 6 aos 15 anos.
Nº de alunos/estudantes abrangidos pelo sistema educativo: um milhão, quatrocentos e sessenta e sete mil e oitocentos.
Literacia: 98 % da população.
Despesa pública com a educação: 5,4 % do PIB.
Internet: 6 milhões de utilizadores (2008).
Bélgica
População: dez milhões, setecentos e cinquenta mil habitantes.
Escolaridade obrigatória: dos 6 aos 18 anos.
Nº de alunos/estudantes abrangidos pelo sistema educativo: dois milhões quatrocentos e vinte sete mil e setecentos.
Literacia: 99% da população.
Despesa pública com a educação: 6% do PIB.
Internet: 7 milhões de utilizadores (2008).
Bulgária
População: sete milhões seiscentos e seis mil quinhentos e cinquenta e um habitantes.
Escolaridade obrigatória: dos 7 aos 16 anos.
Número de alunos/estudantes abrangidos pelo sistema educativo: um milhão cento e quarenta e um mil e oitocentos.
Literacia: 98,2% da população.
Despesa pública coma educação: 4,5% do PIB (2005).
Internet: 2,6% de utilizadores (2008).
Holanda
População: dezasseis milhões, quatrocentos e oitenta e cinco mil setecentos e oitenta e sete habitantes.
Escolaridade obrigatória: dos 5 até aos 18 ou 20 anos (as crianças podem frequentar o ensino básico a partir dos 4 anos).
Número de alunos/estudantes abrangidos pelo sistema educativo: três milhões, trezentos e setenta e nove mil e setecentos.
Literacia: 99% da população.
Despesa pública com a educação: 5,3% do PIB (2005).
Internet: 14,2 milhões de utilizadores (2008).
Hungria
População: dez milhões, trinta mil novecentos e setenta e cinco habitantes.
Escolaridade obrigatória: dos 5 aos 18 anos.
Número de alunos/estudantes abrangidos pelo sistema educativo: um milhão, oitocentos e setenta e três mil.
Despesa pública com a educação: 5,5% do PIB (2005).
Internet: 5,8 milhões de utilizadores (2008).
República Checa
População: dez milhões, quatrocentos e sessenta e sete mil, quinhentos e quarenta e dois habitantes.
Escolaridade obrigatória: dos 6 aos 15 anos.
Número de alunos/estudantes abrangidos pelo sistema educativo: um milhão, oitocentos e cinquenta e cinco mil e quatrocentos.
Literacia: 99% da população.
Despesa pública com a educação: 4,4% do PIB.
Internet: 6 milhões de utilizadores (2008).
Suécia
População: nove milhões, duzentos e cinquenta e seis mil trezentos e quarenta e sete habitantes.
Escolaridade obrigatória: dos 7 aos 16 anos.
Número de alunos/estudantes abrangidos pelo sistema educativo: dois milhões, vinte e dois mil e oitocentos.
Literacia: 99% da população.
Despesa pública com a educação: 7,1% do PIB.
Internet: 8,1 milhões de utilizadores (2008).
Suíça
População: sete milhões, setecentos e um mil, oitocentos e cinquenta e seis habitantes.
Escolaridade obrigatória: varia de cantão para cantão mas, de uma maneira geral, vai dos 6 aos 15 anos.
Número de alunos/estudantes abrangidos pelo sistema educativo: um milhão, trezentos e cinquenta e cinco mil e cem.
Literacia: 99% da população.
Despesa pública com a educação: 5,8% do PIB.
Internet: 5,7 milhões de utilizadores (2008).
Portugal
População: dez milhões, seiscentos e trinta e sete mil, setecentos e treze habitantes.
Escolaridade obrigatória: dos 6 aos 15 anos.
Número de alunos/estudantes abrangidos pelo sistema educativo: dois milhões cento e oito mil e seiscentos.
Literacia: 93,3% da população.
Despesa pública com a educação: 4,4% do PIB.
Internet: 4,4 milhões de utilizadores (2008).
* in FORMAR - revista dos formadores, editada pelo IEFP (Out./Dez. 2010)
População: oito milhões trezentos e cinquenta e cinco mil, duzentos e sessenta habitantes.
Escolaridade obrigatória: dos 6 aos 15 anos.
Nº de alunos/estudantes abrangidos pelo sistema educativo: um milhão, quatrocentos e sessenta e sete mil e oitocentos.
Literacia: 98 % da população.
Despesa pública com a educação: 5,4 % do PIB.
Internet: 6 milhões de utilizadores (2008).
Bélgica
População: dez milhões, setecentos e cinquenta mil habitantes.
Escolaridade obrigatória: dos 6 aos 18 anos.
Nº de alunos/estudantes abrangidos pelo sistema educativo: dois milhões quatrocentos e vinte sete mil e setecentos.
Literacia: 99% da população.
Despesa pública com a educação: 6% do PIB.
Internet: 7 milhões de utilizadores (2008).
Bulgária
População: sete milhões seiscentos e seis mil quinhentos e cinquenta e um habitantes.
Escolaridade obrigatória: dos 7 aos 16 anos.
Número de alunos/estudantes abrangidos pelo sistema educativo: um milhão cento e quarenta e um mil e oitocentos.
Literacia: 98,2% da população.
Despesa pública coma educação: 4,5% do PIB (2005).
Internet: 2,6% de utilizadores (2008).
Holanda
População: dezasseis milhões, quatrocentos e oitenta e cinco mil setecentos e oitenta e sete habitantes.
Escolaridade obrigatória: dos 5 até aos 18 ou 20 anos (as crianças podem frequentar o ensino básico a partir dos 4 anos).
Número de alunos/estudantes abrangidos pelo sistema educativo: três milhões, trezentos e setenta e nove mil e setecentos.
Literacia: 99% da população.
Despesa pública com a educação: 5,3% do PIB (2005).
Internet: 14,2 milhões de utilizadores (2008).
Hungria
População: dez milhões, trinta mil novecentos e setenta e cinco habitantes.
Escolaridade obrigatória: dos 5 aos 18 anos.
Número de alunos/estudantes abrangidos pelo sistema educativo: um milhão, oitocentos e setenta e três mil.
Despesa pública com a educação: 5,5% do PIB (2005).
Internet: 5,8 milhões de utilizadores (2008).
República Checa
População: dez milhões, quatrocentos e sessenta e sete mil, quinhentos e quarenta e dois habitantes.
Escolaridade obrigatória: dos 6 aos 15 anos.
Número de alunos/estudantes abrangidos pelo sistema educativo: um milhão, oitocentos e cinquenta e cinco mil e quatrocentos.
Literacia: 99% da população.
Despesa pública com a educação: 4,4% do PIB.
Internet: 6 milhões de utilizadores (2008).
Suécia
População: nove milhões, duzentos e cinquenta e seis mil trezentos e quarenta e sete habitantes.
Escolaridade obrigatória: dos 7 aos 16 anos.
Número de alunos/estudantes abrangidos pelo sistema educativo: dois milhões, vinte e dois mil e oitocentos.
Literacia: 99% da população.
Despesa pública com a educação: 7,1% do PIB.
Internet: 8,1 milhões de utilizadores (2008).
Suíça
População: sete milhões, setecentos e um mil, oitocentos e cinquenta e seis habitantes.
Escolaridade obrigatória: varia de cantão para cantão mas, de uma maneira geral, vai dos 6 aos 15 anos.
Número de alunos/estudantes abrangidos pelo sistema educativo: um milhão, trezentos e cinquenta e cinco mil e cem.
Literacia: 99% da população.
Despesa pública com a educação: 5,8% do PIB.
Internet: 5,7 milhões de utilizadores (2008).
Portugal
População: dez milhões, seiscentos e trinta e sete mil, setecentos e treze habitantes.
Escolaridade obrigatória: dos 6 aos 15 anos.
Número de alunos/estudantes abrangidos pelo sistema educativo: dois milhões cento e oito mil e seiscentos.
Literacia: 93,3% da população.
Despesa pública com a educação: 4,4% do PIB.
Internet: 4,4 milhões de utilizadores (2008).
* in FORMAR - revista dos formadores, editada pelo IEFP (Out./Dez. 2010)
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