Segundo um jovem
CERCI Lisboa-Espaço da Luz
Segundo o lápis de um amigo
No autógrafo de Miguel Torga
quarta-feira, 31 de outubro de 2012
Breves: Orçamento de Estado para 2013 ( 2 )
Tentei não perder pitada. Através da televisão, claro. Em resumo, acabaram, por aprovar "aquilo" por maioria, como se dizia. Vamos lá ver quanto é que sobra, em particular, por exemplo, para os reformados ... Se sobrar ... Ao que disseram, as maldades terão começado aí por volta do governo Guterres ...
Entretanto, cá p'ra mim, é preciso que se cuidem, não vão as pessoas ter saudades, já não digo de Salazar, mas de quem lhes "deu" a reformazinha, uns anos depois: "nos meios rurais a atenção dispensada aos camponeses mediante a atribuição do abono de família, dos benefícios da Previdência Social e das primeiras pensões assistenciais aos velhos e doentes, criara um ambiente de geral agradecimento e adesão..." (in "Depoimento", de Marcelo Caetano).
Emoções ( I )
POSITIVA
O mail recebido que sublinha o "lançamento do website biligue (inglês e português) da Sociedade Lusófona de Goa (Lusophone Society of Goa - LSG)" e que solicita o envio de sugestões em relação à sociedade e a propósito novo website ( www.lusophonegoa.org ).
"Cantando espalharei por toda a parte". Na ruadojardim7 vai ler-se.
NEGATIVA
"Como a economia global produz bens baratos". É um mail assinado por J. Alberto de Oliveira, em Janeiro de 2011, com o arrepiante "desfile" de 55 diapositivos com imagens de crianças que são "farrapos da inocência algemada".
O mail recebido que sublinha o "lançamento do website biligue (inglês e português) da Sociedade Lusófona de Goa (Lusophone Society of Goa - LSG)" e que solicita o envio de sugestões em relação à sociedade e a propósito novo website ( www.lusophonegoa.org ).
"Cantando espalharei por toda a parte". Na ruadojardim7 vai ler-se.
NEGATIVA
"Como a economia global produz bens baratos". É um mail assinado por J. Alberto de Oliveira, em Janeiro de 2011, com o arrepiante "desfile" de 55 diapositivos com imagens de crianças que são "farrapos da inocência algemada".
terça-feira, 30 de outubro de 2012
Breves: Orçamento de Estado para 2013 ( 1 )
Síntese do 1º dia de debate na Assembleia da República Portuguesa, a propósito do Orçamento de Estado para 2013:
- Onde está a honra? - perguntou Ana Drago, do Bloco de Esquerda.
- Será que fugiu? - interroga-se quem hoje passou por este banco.
inSEGURANÇA SOCIAL dos mais novos e outros
Sou do tempo de Salazar e de Caetano, mas quero ser e, sobretudo, quero que os que "venham a seguir", sejam da Democracia, da Democracia Esclarecida, da Democracia Informada e Consciente. Para que o passado seja, de facto, letra morta ...
Não tendo à mão o chamado, creio, LIVRO BRANCO DA SEGURANÇA SOCIAL, fui dar, "aqui ao lado", com um estudo coordenado pelo Dr. Carlos Pereira da Silva, ex-presidente do Instituto de Gestão dos Fundos de Capitalização da Segurança Social e professor associado do ISEG, que prevê uma "ruptura inevitável em 2026 se, até lá, o sistema não for devidamente remodelado."
"- Ruptura inevitável em 2026? - perguntaram-lhe.
- Para além do factor demográfico (...), os outros factores que podem pôr em causa o equilíbrio económico, e não apenas financeiro, são as mudanças das formas de trabalho, mais atípico e em profissão liberal, a falência de empresas de mão de obra intensiva, as fraudes não antecipadas e despistadas e as manipulações políticas de curto prazo, com utilização dos excedentes da Segurança Social, que vão continuar a ocorrer até 2012, para outros fins que não os previstos na lei."
- Que fazer?
- A inversão da situação financeira prevista passa pela introdução de mecanismos estruturais de correcção que limitem os gastos futuros, uma vez que, do ponto de vista das receitas, não se pode agravar o custo do trabalho, sob pena de pôr em causa a competitividade das empresas. Essa limitação passa necessariamente pela introdução de uma relação directa entre o custo da prestação futura e o seu financiamento, pelo menos no que se refere a uma parte da pensão de reforma.
Para novos activos o regime tripartido: uma pensão base, pública, que poderia atingir um máximo de 60% do salário final, uma pensão complementar profissional obrigatória, que compensasse os trabalhadores entre 10% e 15% do salário final, e uma pensão individual, com fiscalidade estável, que lhes permitisse adquirir 5% e 10% do salário final. Para as gerações actualmente no activo, com 55 anos ou mais, seria mantido o regime actual com as necessárias correcções.
Para as gerações com menos de 55 anos e mais de 10 anos de contribuição, manter-se-ia o actual regime, garantia de uma pensão total no máximo igual a 80% da média de salários da carreira, mas criaria um regime complementar obrigatório, o que pressuporia a introdução de um tecto na pensão base, limitado, por exemplo, a 8 salários mínimos. Esta segunda pensão teria garantia de capital e de rendimento mínimo equivalente ao rendimento efectivo da dívida pública de longo prazo."
O estudo em causa prevê uma "ruptura inevitável em 2026 se, até lá, o sistema não for devidamente remodelado."
Não tendo à mão o chamado, creio, LIVRO BRANCO DA SEGURANÇA SOCIAL, fui dar, "aqui ao lado", com um estudo coordenado pelo Dr. Carlos Pereira da Silva, ex-presidente do Instituto de Gestão dos Fundos de Capitalização da Segurança Social e professor associado do ISEG, que prevê uma "ruptura inevitável em 2026 se, até lá, o sistema não for devidamente remodelado."
"- Ruptura inevitável em 2026? - perguntaram-lhe.
- Para além do factor demográfico (...), os outros factores que podem pôr em causa o equilíbrio económico, e não apenas financeiro, são as mudanças das formas de trabalho, mais atípico e em profissão liberal, a falência de empresas de mão de obra intensiva, as fraudes não antecipadas e despistadas e as manipulações políticas de curto prazo, com utilização dos excedentes da Segurança Social, que vão continuar a ocorrer até 2012, para outros fins que não os previstos na lei."
- Que fazer?
- A inversão da situação financeira prevista passa pela introdução de mecanismos estruturais de correcção que limitem os gastos futuros, uma vez que, do ponto de vista das receitas, não se pode agravar o custo do trabalho, sob pena de pôr em causa a competitividade das empresas. Essa limitação passa necessariamente pela introdução de uma relação directa entre o custo da prestação futura e o seu financiamento, pelo menos no que se refere a uma parte da pensão de reforma.
Para novos activos o regime tripartido: uma pensão base, pública, que poderia atingir um máximo de 60% do salário final, uma pensão complementar profissional obrigatória, que compensasse os trabalhadores entre 10% e 15% do salário final, e uma pensão individual, com fiscalidade estável, que lhes permitisse adquirir 5% e 10% do salário final. Para as gerações actualmente no activo, com 55 anos ou mais, seria mantido o regime actual com as necessárias correcções.
Para as gerações com menos de 55 anos e mais de 10 anos de contribuição, manter-se-ia o actual regime, garantia de uma pensão total no máximo igual a 80% da média de salários da carreira, mas criaria um regime complementar obrigatório, o que pressuporia a introdução de um tecto na pensão base, limitado, por exemplo, a 8 salários mínimos. Esta segunda pensão teria garantia de capital e de rendimento mínimo equivalente ao rendimento efectivo da dívida pública de longo prazo."
O estudo em causa prevê uma "ruptura inevitável em 2026 se, até lá, o sistema não for devidamente remodelado."
segunda-feira, 29 de outubro de 2012
Conta-corrente (3532 pg. A5), de Vergílio Ferreira
Vergílio Ferreira - no Mestre que admiro, a "absolvição" que busco como seu aprendiz, neste caderno digital, ou lá que é ...
Anotei, salvo erro, 165 "sinónimos" encontrados por V.F. para "classificar" as suas Contas-correntes, em 3532 páginas no formato A5. Mas não tenho a certeza de nada ... A não ser que procurei não deixar escapar uma ... Vejam e preparem-se para "absolver" o meu eventualmente discutível empenho. Aqui. Aqui, a partir de um banco ... Sem direito a nada, a não ser à simpatia das vossas visitas regulares.
Conta-corrente o mesmo que:
1 - Conversa de bláblá
2 - Falatório
3 - Coisa enfadonha e viscosa e insensata e monstruosa
4 - Recurso diarístico
5 - Loucura ou insensatez
6 - Fundo inesgotável
7 - Aventura
8 - Infindável paleio
9 - Manta rota
10 - Hemorragia
11 - Trambolho
12 - Estupidez palreira
13 - Parlapatice
14 - Lixo orgânico
15 - Diarismo pegou como é próprio da tolice "que pega sempre"
16 - Este "fala-barato"
17 - Caixote
18 - Miudezas de entretém
19 - Ninharias com a pompa de coisas profundas e originais
20 - Condenação
21 - Um diário é a última coisa escrevível num tempo em que nada há que se escreva
22 - Coisas marginais do anedotário quotidiano ou pessoal
23 - Assinar o ponto
24 - Minhoquices
25 - Suplemento diarístico
26 - Escorralhas intervalares
27 - Confesso (venho ao)
28 - Ideias
29 - Cedência ao anedótico e à ninharia
30 - Prosa improdutiva
31 - Festa (desabafo)
32 - Praticar a pilhéria
33 - Coisa raquítica
34 - Diarizar
35 - Quinquilharia diarística
36 - Calhamaço da C.C. "nova série" ("desdobrada por isso em quatro volumes mais maneiros")
37 - Facilidade (desta escrita)
38 - Merdícula salpicada neste escrito
39 - Memória - evocação
40 - Conta - corrente
41 - Diário
42 - Salvados
43 - Aparas de escrita
44 - Merdilhices
45 - Bugigangas
46 - Minhoquices diarísticas
47 - Ninharias
48 - Caixote do lixo
49 - Escorralhas
50 - Garatujas
51 - Isto ...
52 - Escrito fútil e devastador
53 - "... este em que me vou derramando ..."
54 - Escrita deslassada
55 - Prosa merceeira
56 - Apontamentos diarísticos
57 - Manta rota
58 - Lixarada
59 - "o mais legível"
60 - Reflexão
61 - Nota (esta nota ...)
62 - Rebotalho clandestino
63 - Diarismo
64 - Cavaqueira inconsequente
65 - Cacaria
66 - Entretenimento
67 - Carrego
68 - Monstrozinho
69 - Merda
70 - Animais de tracção (para o romance, por exemplo)
71 - Confessionalismo
72 - Bagatelas diarísticas
73 - Futilidades diarísticas
74 - Porcaria amediocralhada (Diário e Pensar)
75 - Escrita diarística
76 - Merdículas diarísticas
77 - Diarice
78 - Futilidade
79 - Frivolidade de garatujas
80 - Linhas chilras
81 - Cartase de velho
82 - Onanismo literário
83 - Paralipomena (suplemento a qualquer obra literária)
84 - Merdilhice diarística
85 - Passatempo do género da epistolografia
86 - Saco
87 - Ferro-velho
88 - "Escrevo na pressa de tudo fixar"
89 - Mistura do macambúnzio com o laracheiro
90 - Ligeireza e literatura de consumo
91 - Reler a habilidade
92 - Este escrito dá-me tédio
93 - Nada a fazer, este escrito é-me sem remédio
94 - Fixo o que acidentalmente me venha a calhar meter
95 - Escrita avulsa e sem consequências
96 - Migalhas
97 - Desemprego
98 - Necessidade desnecessária de escrever
99 - Os diaristas "inventam" os dados que partem
100 - O facto tratado literariamente entra na dimensão da criatividade
101 - O C. C. (Conta Corrente) não é da família do Diário da República
102 - Desabafo
103 - Entretenimento de palavras, marginalidade e espuma
104 - "O resto é ligeiro passatempo como uma conversa de nada"
105 - "... o sítio onde me irmanava ao objecto do meu mal-dizer"
106 - "Posso transferir a "profundeza" para o domínio de um diário"
107 - "Autógrafo no diário, não"
108 - Um diário tem uma "dimensão" menor que um romance
109 - Esta ridicularia
110 - Alface (como adorno de um novo romance)
111 - Escorralhas diarísticas
112 - Perigo de inflação
113 - Meu fadário
114 - Isto não são memórias, mas acasos ou caprichos
115 - (escrever) é um modo de nos sangrarmos. De tomarmos um clister.
116 - Livro de deve-e-haver
117 - Ensaio partido em bocadinhos
118 - Registo, anotações
119 - Escrito desenfadado
120 - Escrita distractiva, "desopilante"
121 - Num diário o autor tempera a sua "confissão"
122 - Coisas comestíveis
123 - Tineta
124 - Ressentimentos mal disfarçados, confidências, indiscrições, má-língua, falta de sentido das conveniências, ridicularias, infantilidades, chalaças
125 - Falsificação inteiramente consciente e deliberada.E a semiconsciente que resulta de um arranjo que nos acompanha
126 - Necessidade de me produzir em palavras escritas
127 - Descolar uma frase
128 - Registar em pegada a passagem de mim
129 - Um diário escreve-se em mangas de camisa e às vezes em cuecas
130 - Enrodilhado em mediocralhice
131 - Menor, ridículo, maldicente e mesquinho e vulgar
132 - Discorrer
133 - A propósito das C.C.: "vou ter posteridade"
134 - Leitura digestiva, relembrança de uma experiência colectiva, prazer comadreiro de maledicência
135 - Estou-me razoavelmente nas tintas para o livro
136 - Restos (de ensaios ou romances ...)
137 - A cultura só funciona ao nível de fragmentos
138 - Escreve. Escreve ao menos que não és capaz de escrever e terás escrito já qualquer coisa que te apazigue o desalento de já não seres capaz de escrever. É o que faço.
139 - Se eu pudesse escrever um bom romance com a "facilidade" com que se escreve um diário. Talvez devesse ficar-me por estas coisinhas leves ...
140 - Livro marginal
141 - O diário é capaz de ser um desperdício. Excepto quando se abeira do ensaio ou do romance
142 - Servicinhos ligeiros
143 - Se tudo o mais falhar ...
144 - O que importa num "diário" não é aquilo que acontece mas a maneira como se faz acontecer.
145 - Restos de mim
146 - Vício do Diário
147 - O que me apetece são estes nadas do Diário
148 - Sê humilde no teu provisório ...
149 - Fidelidade (ao compromisso que assumi. Escreve no vol. 2)
150 - Nada tens a dizer, mas escreve
151 - Ando a ler o Diário de Virgínia Woolf
152 - O meu "diário" está nas centenas de cartas aos amigos
153 - Satisfazer a curiosidade dos outros (escreveu-o no 1º Diário, com 53 anos)
154 - Decididamente, um diário não (na 2ª quinzena do 2º mês, após ter começado...)
155 - Sou absolutamente incapaz de me "confessar" seja a quem for (1º Diário)
156 - Não tenho queda para o "confessar" (pg. 57 do 1º Diário).Implica abjeccionismo.
157 - Subtil ridículo
158 - A palavra diário devia ser do género feminino.
159 - Contar o que aconteceu é mentir. Insinua-se, enfim, no arranjo necessário, fatal, do que se conta.
160 - Assinar o ponto.
161 - Devo estar a perder a crença neste escrito.
162 - Notas em bruto, menos exercício de escrita do que trabalho manual.
163 - Coisa menor
164 - Não é excitante a experiência.
165- É um modo de se ser pequeno com álibi.
Anotei, salvo erro, 165 "sinónimos" encontrados por V.F. para "classificar" as suas Contas-correntes, em 3532 páginas no formato A5. Mas não tenho a certeza de nada ... A não ser que procurei não deixar escapar uma ... Vejam e preparem-se para "absolver" o meu eventualmente discutível empenho. Aqui. Aqui, a partir de um banco ... Sem direito a nada, a não ser à simpatia das vossas visitas regulares.
Conta-corrente o mesmo que:
1 - Conversa de bláblá
2 - Falatório
3 - Coisa enfadonha e viscosa e insensata e monstruosa
4 - Recurso diarístico
5 - Loucura ou insensatez
6 - Fundo inesgotável
7 - Aventura
8 - Infindável paleio
9 - Manta rota
10 - Hemorragia
11 - Trambolho
12 - Estupidez palreira
13 - Parlapatice
14 - Lixo orgânico
15 - Diarismo pegou como é próprio da tolice "que pega sempre"
16 - Este "fala-barato"
17 - Caixote
18 - Miudezas de entretém
19 - Ninharias com a pompa de coisas profundas e originais
20 - Condenação
21 - Um diário é a última coisa escrevível num tempo em que nada há que se escreva
22 - Coisas marginais do anedotário quotidiano ou pessoal
23 - Assinar o ponto
24 - Minhoquices
25 - Suplemento diarístico
26 - Escorralhas intervalares
27 - Confesso (venho ao)
28 - Ideias
29 - Cedência ao anedótico e à ninharia
30 - Prosa improdutiva
31 - Festa (desabafo)
32 - Praticar a pilhéria
33 - Coisa raquítica
34 - Diarizar
35 - Quinquilharia diarística
36 - Calhamaço da C.C. "nova série" ("desdobrada por isso em quatro volumes mais maneiros")
37 - Facilidade (desta escrita)
38 - Merdícula salpicada neste escrito
39 - Memória - evocação
40 - Conta - corrente
41 - Diário
42 - Salvados
43 - Aparas de escrita
44 - Merdilhices
45 - Bugigangas
46 - Minhoquices diarísticas
47 - Ninharias
48 - Caixote do lixo
49 - Escorralhas
50 - Garatujas
51 - Isto ...
52 - Escrito fútil e devastador
53 - "... este em que me vou derramando ..."
54 - Escrita deslassada
55 - Prosa merceeira
56 - Apontamentos diarísticos
57 - Manta rota
58 - Lixarada
59 - "o mais legível"
60 - Reflexão
61 - Nota (esta nota ...)
62 - Rebotalho clandestino
63 - Diarismo
64 - Cavaqueira inconsequente
65 - Cacaria
66 - Entretenimento
67 - Carrego
68 - Monstrozinho
69 - Merda
70 - Animais de tracção (para o romance, por exemplo)
71 - Confessionalismo
72 - Bagatelas diarísticas
73 - Futilidades diarísticas
74 - Porcaria amediocralhada (Diário e Pensar)
75 - Escrita diarística
76 - Merdículas diarísticas
77 - Diarice
78 - Futilidade
79 - Frivolidade de garatujas
80 - Linhas chilras
81 - Cartase de velho
82 - Onanismo literário
83 - Paralipomena (suplemento a qualquer obra literária)
84 - Merdilhice diarística
85 - Passatempo do género da epistolografia
86 - Saco
87 - Ferro-velho
88 - "Escrevo na pressa de tudo fixar"
89 - Mistura do macambúnzio com o laracheiro
90 - Ligeireza e literatura de consumo
91 - Reler a habilidade
92 - Este escrito dá-me tédio
93 - Nada a fazer, este escrito é-me sem remédio
94 - Fixo o que acidentalmente me venha a calhar meter
95 - Escrita avulsa e sem consequências
96 - Migalhas
97 - Desemprego
98 - Necessidade desnecessária de escrever
99 - Os diaristas "inventam" os dados que partem
100 - O facto tratado literariamente entra na dimensão da criatividade
101 - O C. C. (Conta Corrente) não é da família do Diário da República
102 - Desabafo
103 - Entretenimento de palavras, marginalidade e espuma
104 - "O resto é ligeiro passatempo como uma conversa de nada"
105 - "... o sítio onde me irmanava ao objecto do meu mal-dizer"
106 - "Posso transferir a "profundeza" para o domínio de um diário"
107 - "Autógrafo no diário, não"
108 - Um diário tem uma "dimensão" menor que um romance
109 - Esta ridicularia
110 - Alface (como adorno de um novo romance)
111 - Escorralhas diarísticas
112 - Perigo de inflação
113 - Meu fadário
114 - Isto não são memórias, mas acasos ou caprichos
115 - (escrever) é um modo de nos sangrarmos. De tomarmos um clister.
116 - Livro de deve-e-haver
117 - Ensaio partido em bocadinhos
118 - Registo, anotações
119 - Escrito desenfadado
120 - Escrita distractiva, "desopilante"
121 - Num diário o autor tempera a sua "confissão"
122 - Coisas comestíveis
123 - Tineta
124 - Ressentimentos mal disfarçados, confidências, indiscrições, má-língua, falta de sentido das conveniências, ridicularias, infantilidades, chalaças
125 - Falsificação inteiramente consciente e deliberada.E a semiconsciente que resulta de um arranjo que nos acompanha
126 - Necessidade de me produzir em palavras escritas
127 - Descolar uma frase
128 - Registar em pegada a passagem de mim
129 - Um diário escreve-se em mangas de camisa e às vezes em cuecas
130 - Enrodilhado em mediocralhice
131 - Menor, ridículo, maldicente e mesquinho e vulgar
132 - Discorrer
133 - A propósito das C.C.: "vou ter posteridade"
134 - Leitura digestiva, relembrança de uma experiência colectiva, prazer comadreiro de maledicência
135 - Estou-me razoavelmente nas tintas para o livro
136 - Restos (de ensaios ou romances ...)
137 - A cultura só funciona ao nível de fragmentos
138 - Escreve. Escreve ao menos que não és capaz de escrever e terás escrito já qualquer coisa que te apazigue o desalento de já não seres capaz de escrever. É o que faço.
139 - Se eu pudesse escrever um bom romance com a "facilidade" com que se escreve um diário. Talvez devesse ficar-me por estas coisinhas leves ...
140 - Livro marginal
141 - O diário é capaz de ser um desperdício. Excepto quando se abeira do ensaio ou do romance
142 - Servicinhos ligeiros
143 - Se tudo o mais falhar ...
144 - O que importa num "diário" não é aquilo que acontece mas a maneira como se faz acontecer.
145 - Restos de mim
146 - Vício do Diário
147 - O que me apetece são estes nadas do Diário
148 - Sê humilde no teu provisório ...
149 - Fidelidade (ao compromisso que assumi. Escreve no vol. 2)
150 - Nada tens a dizer, mas escreve
151 - Ando a ler o Diário de Virgínia Woolf
152 - O meu "diário" está nas centenas de cartas aos amigos
153 - Satisfazer a curiosidade dos outros (escreveu-o no 1º Diário, com 53 anos)
154 - Decididamente, um diário não (na 2ª quinzena do 2º mês, após ter começado...)
155 - Sou absolutamente incapaz de me "confessar" seja a quem for (1º Diário)
156 - Não tenho queda para o "confessar" (pg. 57 do 1º Diário).Implica abjeccionismo.
157 - Subtil ridículo
158 - A palavra diário devia ser do género feminino.
159 - Contar o que aconteceu é mentir. Insinua-se, enfim, no arranjo necessário, fatal, do que se conta.
160 - Assinar o ponto.
161 - Devo estar a perder a crença neste escrito.
162 - Notas em bruto, menos exercício de escrita do que trabalho manual.
163 - Coisa menor
164 - Não é excitante a experiência.
165- É um modo de se ser pequeno com álibi.
domingo, 28 de outubro de 2012
Ó Zé, não tens outro passo?...
Em tempo de crise, que prioridades? Fábricas? Sim!!!
De preferência, das que produzem para vender para lá de Elvas, de Vila Real de Santo António ou de Valença do Minho, sem dúvida.
Mas também ...
Porque é que não temos uma Feira Popular em Lisboa com o seu pequeno, mas dinâmico, comércio? E o Turismo, meus senhores, o Turismo!...
Porque é que as obras do Parque Mayer continuam a andar a passo de boi? Não, não é só, nem talvez sobretudo, para que tenhamos onde esquecer mágoas ... É pelo que o seu funcionamento pode representar no conjunto da lusa dinâmica colectiva. E no que tem a ver com o turismo, o TURISMO, meus senhores!...
No caso da Feira Popular, acabámos com a que havia e ...e ficou no espaço que ocupava, ao que julgo saber, um "Problema de Justiça"... JUSTIÇA.
No que respeita ao Parque Mayer, Casino de Lisboa, ao que parece, formalmente, estão a cumprir-se compromissos, mas ... "devagar que tenho pressa"...
A fotografia exterior dá uma ideia do resto: "ó senhor das obras, não tem outro passo?"
Resposta p'ra dentro: "tenho, sim senhor, mas ainda é mais lento do que este ..."
E assim vamos. Por culpa de quem manda, talvez, mas também por culpa de quem obedece, não raro.
De preferência, das que produzem para vender para lá de Elvas, de Vila Real de Santo António ou de Valença do Minho, sem dúvida.
Mas também ...
Porque é que não temos uma Feira Popular em Lisboa com o seu pequeno, mas dinâmico, comércio? E o Turismo, meus senhores, o Turismo!...
Porque é que as obras do Parque Mayer continuam a andar a passo de boi? Não, não é só, nem talvez sobretudo, para que tenhamos onde esquecer mágoas ... É pelo que o seu funcionamento pode representar no conjunto da lusa dinâmica colectiva. E no que tem a ver com o turismo, o TURISMO, meus senhores!...
No caso da Feira Popular, acabámos com a que havia e ...e ficou no espaço que ocupava, ao que julgo saber, um "Problema de Justiça"... JUSTIÇA.
No que respeita ao Parque Mayer, Casino de Lisboa, ao que parece, formalmente, estão a cumprir-se compromissos, mas ... "devagar que tenho pressa"...
A fotografia exterior dá uma ideia do resto: "ó senhor das obras, não tem outro passo?"
Resposta p'ra dentro: "tenho, sim senhor, mas ainda é mais lento do que este ..."
E assim vamos. Por culpa de quem manda, talvez, mas também por culpa de quem obedece, não raro.
20 000 fogos em Chelas (Lisboa) - foi projecto
A hoje vila de Santo António dos Cavaleiros situa-se a quatro quilómetros de Lisboa e surgiu em 1966 no concelho de Loures, no espaço onde só havia montes salpicados de uma ou outra casita, rodeada de couves.
Não é a altura, porém, para sublinhar o que se passou. Pinharanda Gomes fê-lo, em devido tempo, numa monografia que refere tudo com bastante rigor: houve uma empresa de capital português, que, detentora de uma patente francesa (FIORIO) para construção em série, empreendeu "entrar no mercado": 3/4 fogos/dia foi objectivo que chegou atingir.
Mas não é isso que aqui, hoje, se pretende salientar. O que se deseja ( não desejaria ...) sublinhar é o outro lado das ideias, eventualmente, grandes ... num país pequeno, pequeno nalgumas iniciativas. No caso, a memória frustrante de uma hipótese concreta de construção de ... de 20 000 fogos (20 000!!!) numa zona de Lisboa (Chelas), que, nos termos (grandes) em que foi proposta, nunca chegou a concretizar-se.É isso ...
Foi no tempo do Salazar, argumentar-se-á. Qual Salazar, qual conversa. Foi no tempo de PORTUGAL ignorante... E que agora vive com uma mão à frente outra atrás ...
- "20 000 fogos?!... Não estarás enganado? ... - perguntar-se-á.
- Não, não estou enganado. Não sei tudo, mas julgo saber isto ... E isto é preciso que outros saibam, mesmo tarde e a más horas ..."
Não é a altura, porém, para sublinhar o que se passou. Pinharanda Gomes fê-lo, em devido tempo, numa monografia que refere tudo com bastante rigor: houve uma empresa de capital português, que, detentora de uma patente francesa (FIORIO) para construção em série, empreendeu "entrar no mercado": 3/4 fogos/dia foi objectivo que chegou atingir.
Mas não é isso que aqui, hoje, se pretende salientar. O que se deseja ( não desejaria ...) sublinhar é o outro lado das ideias, eventualmente, grandes ... num país pequeno, pequeno nalgumas iniciativas. No caso, a memória frustrante de uma hipótese concreta de construção de ... de 20 000 fogos (20 000!!!) numa zona de Lisboa (Chelas), que, nos termos (grandes) em que foi proposta, nunca chegou a concretizar-se.É isso ...
Foi no tempo do Salazar, argumentar-se-á. Qual Salazar, qual conversa. Foi no tempo de PORTUGAL ignorante... E que agora vive com uma mão à frente outra atrás ...
- "20 000 fogos?!... Não estarás enganado? ... - perguntar-se-á.
- Não, não estou enganado. Não sei tudo, mas julgo saber isto ... E isto é preciso que outros saibam, mesmo tarde e a más horas ..."
Palavras cruzadas ( XVII ) - com Vergílio Ferreira
in PENSAR
Capitalismo
"Para que alguém desejasse ser um Shakespeare teria de ter já altura para o desejar ou ser bastante imbecil para o parecer. Já todavia será compreensível que alguém deseje ser Rostchild, ou Onassis, ou, na nossa medida, Champalimaud ou Belmiro não sei quê. Porque o capitalismo é mais sociável para a ambição comum. E, no entanto, não ambicionar ser Shakespeare ou Rostchild devia ser consequência de razões paralelas. Simplesmente "ter muito dinheiro" é pressupostamente compreensível para toda a gente. E ser um grande génio nem por isso."
Comunismo
"É mais fácil um homem perdoar àquele que o iludiu do que àquele que lhe desfez a ilusão. O comunista desiludido não amaldiçoa Lenine, mas pode amaldiçoar talvez Gorbatchev. E se revelares a um amigo que a mulher o traíu, ele pode voltar talvez a fazer as pazes com ela. Mas a ti nunca mais te perdoará e é possível que não volte mais a falar."
Capitalismo
"Para que alguém desejasse ser um Shakespeare teria de ter já altura para o desejar ou ser bastante imbecil para o parecer. Já todavia será compreensível que alguém deseje ser Rostchild, ou Onassis, ou, na nossa medida, Champalimaud ou Belmiro não sei quê. Porque o capitalismo é mais sociável para a ambição comum. E, no entanto, não ambicionar ser Shakespeare ou Rostchild devia ser consequência de razões paralelas. Simplesmente "ter muito dinheiro" é pressupostamente compreensível para toda a gente. E ser um grande génio nem por isso."
Comunismo
"É mais fácil um homem perdoar àquele que o iludiu do que àquele que lhe desfez a ilusão. O comunista desiludido não amaldiçoa Lenine, mas pode amaldiçoar talvez Gorbatchev. E se revelares a um amigo que a mulher o traíu, ele pode voltar talvez a fazer as pazes com ela. Mas a ti nunca mais te perdoará e é possível que não volte mais a falar."
sábado, 27 de outubro de 2012
(Des)apontamentos
Tenho medo da televisão. Tenho medo dos telejornais. Tenho medo do Governo. Tenho medo do senhor ministro das Finanças. Mas, se não abro a televisão, oiço a telefonia e acabo por ter medo da telefonia. Tenho medo das conferências de imprensa nos salões do ministério das Finanças.
Tenho medo da televisão. Tenho medo dos telejornais. Tenho medo do Governo. Tenho medo do senhor ministro da Economia - que fala pouco e de que não se vê obra ... Tenho medo do senhor ministro da Solidariedade - que fala muito ...
Mas tenho medo, sobretudo, confesso, das pessoas que içam bandeiras ao contrário.
Tenho medo da televisão. Tenho medo dos telejornais. Tenho medo do Governo. Tenho medo do senhor ministro da Economia - que fala pouco e de que não se vê obra ... Tenho medo do senhor ministro da Solidariedade - que fala muito ...
Mas tenho medo, sobretudo, confesso, das pessoas que içam bandeiras ao contrário.
Peter, consultor convidado ( III )
"As ideias não são para guardar: alguma coisa tem que ser feita com elas."
"O processo tecnológico não é inerentemente um mal, mas quando se desenvolve sem o correspondente avanço social, educacional e humanístico, o sistema torna-se devorador. (...) O homem não pode viver só de incompetência."
"Mesmo em política, uma má acção tem más consequências. Isto (...) é a lei da Natureza tão exacta como qualquer lei da Física ou Química."
sexta-feira, 26 de outubro de 2012
Águas furtadas sem vistas para o Jardim
Meu caro Zé
Moro no último andar do prédio onde arranjei vaga já lá vão alguns anos ... E, como, não muitas vezes, em casa, o que sei, sei-o pelas vozes quase gritadas que me chegam da rua e pelo que, aqui ao lado "nisto", ou na chamada Comunicação Social (no caso, TV e rádio), oiço mesmo que não queira ... Para falar verdade e não ser exaustivo, o que me chega, não é, penso, mas, bastas vezes, parece puro TERRORISMO VERBAL:
"a partir de ... passas a pagar para ... mais, mais ..."
"a partir de ... deixas de ter direito a ... "
E assim quase diariamente.De manhã, um valor, à tarde, outro ...A respeito do mesmo...
Ando adoentado. Com arrepios de frio. Sem vontade de nada. Já fui ao médico, claro, mas ... mas piorei .,. Também lá me pareceu ouvir ecos (já oiço estes ecos em toda a parte ...) do terrorismo verbal (?) que tanto me incomoda de há uns tempos a esta parte, sempre que abro a janela das minhas águas furtadas ... Furtadas é como as conhecem, é uma expressão consagrada, mas, para ser verdadeiro, o que eu sinto, à letra, mesmo à letra, é que são roubadas. Roubadas todos os dias. Logo a mim, que trabalhei desde miúdo, sem tirar nada a ninguém ... Não, não é verdade, não pode ser verdade...
Desculpa, Zé, o desabafo. E compreende-me: talvez não acredites, mas, nestas águas furtadas, ou roubadas,tanto faz, o que ainda me vale é o manguito que me ensinaste ...
Caldas a capital! Caldas a capital! Caldas a capital! Bordalo a presidente póstumo! Bordalo, Bordalo, Bordalo!
Bem-hajas! Um abraço.
Moro no último andar do prédio onde arranjei vaga já lá vão alguns anos ... E, como, não muitas vezes, em casa, o que sei, sei-o pelas vozes quase gritadas que me chegam da rua e pelo que, aqui ao lado "nisto", ou na chamada Comunicação Social (no caso, TV e rádio), oiço mesmo que não queira ... Para falar verdade e não ser exaustivo, o que me chega, não é, penso, mas, bastas vezes, parece puro TERRORISMO VERBAL:
"a partir de ... passas a pagar para ... mais, mais ..."
"a partir de ... deixas de ter direito a ... "
E assim quase diariamente.De manhã, um valor, à tarde, outro ...A respeito do mesmo...
Ando adoentado. Com arrepios de frio. Sem vontade de nada. Já fui ao médico, claro, mas ... mas piorei .,. Também lá me pareceu ouvir ecos (já oiço estes ecos em toda a parte ...) do terrorismo verbal (?) que tanto me incomoda de há uns tempos a esta parte, sempre que abro a janela das minhas águas furtadas ... Furtadas é como as conhecem, é uma expressão consagrada, mas, para ser verdadeiro, o que eu sinto, à letra, mesmo à letra, é que são roubadas. Roubadas todos os dias. Logo a mim, que trabalhei desde miúdo, sem tirar nada a ninguém ... Não, não é verdade, não pode ser verdade...
Desculpa, Zé, o desabafo. E compreende-me: talvez não acredites, mas, nestas águas furtadas, ou roubadas,tanto faz, o que ainda me vale é o manguito que me ensinaste ...
Caldas a capital! Caldas a capital! Caldas a capital! Bordalo a presidente póstumo! Bordalo, Bordalo, Bordalo!
Bem-hajas! Um abraço.
LER xadrez, melhor do que jogá-lo ...
Jogar xadrez é, como tudo, fácil - desde que se saiba. Dificil, difícil é LER xadrez. Porque o jogo de xadrez tem lá tudo: é só saber-se ler ... Embora quem jogue apenas para se divertir esteja no seu direito, no mesmo direito de quem joga para ganhar ... Contudo, LER, ler é que, por vezes, é só para ... para alfabetos.
A fotografia mostra um mate de bispo. Será um mate teórico, porque, na prática, entre quem sabe da coisa, é praticamente impossível... E se se quiser transportar para a vida real a mesma situação? Aí a Igreja, o Bispo, derruba o rei ... "Derrubar um rei?..."
De LEITURA política complicada este jogo para todos, onde, apesar de tudo, há muitos Mestres. Mas, se calhar, mestres só de tabuleiro. Incapazes, quem sabe, de, por exemplo, eleger povo ... E, eventualmente, ser bispo, chegar à corte e derrubar o monarca ... Como na fotografia de um tabuleiro onde está toda a gente: casa real, castelos, clero, fidalgos a cavalo, povo.
Ora vamos lá LER a situação e ... e pensar - se for oportuno ... Peço desculpa, mas há urgências a cumprir - ou, pelo menos, a lembrar ... O Xadrez é um jogo de cidadania. Para alfabetos, antes de tudo.
A fotografia mostra um mate de bispo. Será um mate teórico, porque, na prática, entre quem sabe da coisa, é praticamente impossível... E se se quiser transportar para a vida real a mesma situação? Aí a Igreja, o Bispo, derruba o rei ... "Derrubar um rei?..."
De LEITURA política complicada este jogo para todos, onde, apesar de tudo, há muitos Mestres. Mas, se calhar, mestres só de tabuleiro. Incapazes, quem sabe, de, por exemplo, eleger povo ... E, eventualmente, ser bispo, chegar à corte e derrubar o monarca ... Como na fotografia de um tabuleiro onde está toda a gente: casa real, castelos, clero, fidalgos a cavalo, povo.
Ora vamos lá LER a situação e ... e pensar - se for oportuno ... Peço desculpa, mas há urgências a cumprir - ou, pelo menos, a lembrar ... O Xadrez é um jogo de cidadania. Para alfabetos, antes de tudo.
Peter, consultor convidado ( II )
Incompetência de rotina
"Os animais conhecem os seus limites;
Um urso não tentará voar,
Um cavalo doente debater-se-á
Antes de saltar a grade de cinco barras.
Um cão, por instinto, passa de longe
Se vê um poço fundo e largo demais,
Mas o homem, cremos nós, é aquela criatura
Que, levada pela loucura, combate a natureza;
Que, ao seu grito clamoroso - Pára!
Obstinadamente, prossegue;
E que, absurdamente, se empenha em realizar
Aquilo para que o seu génio menos se inclina."
J.Swift
"Os animais conhecem os seus limites;
Um urso não tentará voar,
Um cavalo doente debater-se-á
Antes de saltar a grade de cinco barras.
Um cão, por instinto, passa de longe
Se vê um poço fundo e largo demais,
Mas o homem, cremos nós, é aquela criatura
Que, levada pela loucura, combate a natureza;
Que, ao seu grito clamoroso - Pára!
Obstinadamente, prossegue;
E que, absurdamente, se empenha em realizar
Aquilo para que o seu génio menos se inclina."
J.Swift
quinta-feira, 25 de outubro de 2012
Seguro contra todos os riscos*
* é o título de uma breve crónica publicada pelo signatário na lusa imprensa e, mais tarde, reproduzida em três páginas do livro de bolso que me rompeu virgindade pessoal na matéria ("À Sombra da Minha Latada").
Rezava assim (é um pouco extenso para um suporte electrónico como este, mas ninguém é obrigado a passar do primeiro parágrafo, ou nem isso ...):
"No dia em que fazia anos que Teodorico chegara da Terra Santa e se apresentara à titi com a debochada camisa de dormir da Mary, estava eu a caminho da Primeira Comunhão, na Basílica da Estrela, em Lisboa.
A esse piedoso acto seguiu-se, no ano imediato, outra etapa na minha católica, apostólica e romana educação - a da chamada Comunhão Solene. Logo depois, para completar todo o ciclo inicial de integração no Reino de Cristo, seguiu-se o Crisma. O meu primo Joaquim - que Deus tenha em eterno descanso - apadrinhou. E durante anos, ainda menino e moço, fiz da Igreja lugar de paragem regular e obrigatória. As ocupações escolares e os meus colegas mais devassos foram, contudo, pouco a pouco, relaxando este encontro regular com a Casa da Fé e, quando casei (pela Igreja, acrescente-se) já foi o padre Miguel que teve que me auxiliar a dizer as orações ...
Se vigário de Cristo nunca teria sido, praticante ferveroso estive quase a ser antes de chegar à "idade da razão". Depois fiquei assim um católico de "três ao vintém": nem libertino que afronte, nem beato que cegue. E quando há três anos (1976) fui a Roma achava-me naquelas meias-tintas que julgo não perturbarem a inteligência, nem embotarem o espírito.
Entrei, antes de tudo, nas catacumbas, depois vi o papa. Isto é, primeiro fui à Catedral da Alma, a seguir entrei na Catedral do Homem. E, as duas à escolha, foi mais forte a impressão deixada por aquela. À virginal pureza dos Tempos do Aparecimento a lembrar a primeira Comunhão de um qualquer loiro rapazinho sem mácula, sucedeu-se o humano, elaborado, polido Vaticano com interesses na Fé, mas também com muito de fé no interesse... Longe das certezas dos que, obedecendo apenas a irresistíveis forças interiores, cavaram galerias - rezando. E para rezar.
Ficaram depois, por vezes, mais longe do ideal os que subiram sem Fé, as torres das basílicas do que os que, acreditando, perfuraram mais e mais fundo subterrâneos, salvando a vida, com certeza, mas fazendo-o, acima de tudo, por necessidade interior que não desprezaram. O Vaticano é Fé, sem dúvida, mas vestida pelos homens e estes ... são de modas. As catacumbas significaram Fé sem roupagens, sem adornos. Nas suas galerias ainda se ouvem os cânticos dos crentes e o sussurro das suas orações. Cá em cima a igreja, cá em cima as basílicas, o Vaticano, mesmo, são verdades aproximadas da Verdade do subsolo de Roma.
Começa-se na "galeria" da Primeira Comunhão e quando o primo Joaquim nos leva ao Crisma já a vida nos começou a dizer outra coisas. É então que, por altura do casamento, se não há um padre Miguel a ajudar-nos, está tudo perdido - na aparência, pelo menos.
Cresce-se, estuda-se, vê-se, analisa-se e, um dia, algures na América do Norte, quando a nossa fé se acha entre o sim e o não, encontramos um padre que, do púlpito, assegura a Eternidade no Céu mas nada garante na Terra. E o nosso pensamento perde-se no Além, nos gozos antecipados da Vida Eterna. De qualquer modo, como é humano e não tem a virgindade dos Primeiros Cristãos, ocorrem-lhe os Bens Terrenos. Entre um Credo e um Padre Nosso, ouvida a Palavra, sai, então, uma pessoa da igreja. No íntimo, ressoa-lhe a ausência de garantias que, para esta vida, lhe recordou o paramentado cura. Benzidinha de fresco já se apresta para pôr o pé na rua quando um "enviado do púlpito" lhe anuncia com uma proposta de seguro de vida na mão:
- Meu irmão, garante a tua existência na Terra: faz já o teu seguro na ... (Henrique Mendes, da televisão, pois claro, se fosse vivo, poderia certificar. Ele que viveu lá onde as coisas aconteceram e eu o conheci pessoalmente...).
E a Fé surge cada vez mais barrenta e quase sem nenhuma relação com a profunda mensagem dos crentes do subsolo da Roma distante no tempo.
O Teodorico continua, assim, a ser lembrado sem que a titi tenha conseguido provar, como teria desejado, que foi descendente dos Primeiros Cristãos. O padre das apólices da Felicidade Terrena, esse sim, ainda é seu primo, quer, lá no Purgatório, queira quer não - atestam-no inequivocamente os registos."
Rezava assim (é um pouco extenso para um suporte electrónico como este, mas ninguém é obrigado a passar do primeiro parágrafo, ou nem isso ...):
"No dia em que fazia anos que Teodorico chegara da Terra Santa e se apresentara à titi com a debochada camisa de dormir da Mary, estava eu a caminho da Primeira Comunhão, na Basílica da Estrela, em Lisboa.
A esse piedoso acto seguiu-se, no ano imediato, outra etapa na minha católica, apostólica e romana educação - a da chamada Comunhão Solene. Logo depois, para completar todo o ciclo inicial de integração no Reino de Cristo, seguiu-se o Crisma. O meu primo Joaquim - que Deus tenha em eterno descanso - apadrinhou. E durante anos, ainda menino e moço, fiz da Igreja lugar de paragem regular e obrigatória. As ocupações escolares e os meus colegas mais devassos foram, contudo, pouco a pouco, relaxando este encontro regular com a Casa da Fé e, quando casei (pela Igreja, acrescente-se) já foi o padre Miguel que teve que me auxiliar a dizer as orações ...
Se vigário de Cristo nunca teria sido, praticante ferveroso estive quase a ser antes de chegar à "idade da razão". Depois fiquei assim um católico de "três ao vintém": nem libertino que afronte, nem beato que cegue. E quando há três anos (1976) fui a Roma achava-me naquelas meias-tintas que julgo não perturbarem a inteligência, nem embotarem o espírito.
Entrei, antes de tudo, nas catacumbas, depois vi o papa. Isto é, primeiro fui à Catedral da Alma, a seguir entrei na Catedral do Homem. E, as duas à escolha, foi mais forte a impressão deixada por aquela. À virginal pureza dos Tempos do Aparecimento a lembrar a primeira Comunhão de um qualquer loiro rapazinho sem mácula, sucedeu-se o humano, elaborado, polido Vaticano com interesses na Fé, mas também com muito de fé no interesse... Longe das certezas dos que, obedecendo apenas a irresistíveis forças interiores, cavaram galerias - rezando. E para rezar.
Ficaram depois, por vezes, mais longe do ideal os que subiram sem Fé, as torres das basílicas do que os que, acreditando, perfuraram mais e mais fundo subterrâneos, salvando a vida, com certeza, mas fazendo-o, acima de tudo, por necessidade interior que não desprezaram. O Vaticano é Fé, sem dúvida, mas vestida pelos homens e estes ... são de modas. As catacumbas significaram Fé sem roupagens, sem adornos. Nas suas galerias ainda se ouvem os cânticos dos crentes e o sussurro das suas orações. Cá em cima a igreja, cá em cima as basílicas, o Vaticano, mesmo, são verdades aproximadas da Verdade do subsolo de Roma.
Começa-se na "galeria" da Primeira Comunhão e quando o primo Joaquim nos leva ao Crisma já a vida nos começou a dizer outra coisas. É então que, por altura do casamento, se não há um padre Miguel a ajudar-nos, está tudo perdido - na aparência, pelo menos.
Cresce-se, estuda-se, vê-se, analisa-se e, um dia, algures na América do Norte, quando a nossa fé se acha entre o sim e o não, encontramos um padre que, do púlpito, assegura a Eternidade no Céu mas nada garante na Terra. E o nosso pensamento perde-se no Além, nos gozos antecipados da Vida Eterna. De qualquer modo, como é humano e não tem a virgindade dos Primeiros Cristãos, ocorrem-lhe os Bens Terrenos. Entre um Credo e um Padre Nosso, ouvida a Palavra, sai, então, uma pessoa da igreja. No íntimo, ressoa-lhe a ausência de garantias que, para esta vida, lhe recordou o paramentado cura. Benzidinha de fresco já se apresta para pôr o pé na rua quando um "enviado do púlpito" lhe anuncia com uma proposta de seguro de vida na mão:
- Meu irmão, garante a tua existência na Terra: faz já o teu seguro na ... (Henrique Mendes, da televisão, pois claro, se fosse vivo, poderia certificar. Ele que viveu lá onde as coisas aconteceram e eu o conheci pessoalmente...).
E a Fé surge cada vez mais barrenta e quase sem nenhuma relação com a profunda mensagem dos crentes do subsolo da Roma distante no tempo.
O Teodorico continua, assim, a ser lembrado sem que a titi tenha conseguido provar, como teria desejado, que foi descendente dos Primeiros Cristãos. O padre das apólices da Felicidade Terrena, esse sim, ainda é seu primo, quer, lá no Purgatório, queira quer não - atestam-no inequivocamente os registos."
PORNOLÍTICA 15 - inquérito urgente, impõe-se
Mão amiga carregou hoje nas teclas que fazem "esta coisa" dizer coisas e ... e fez eco do seguinte:
"Está a ser demolida (há fotografias) a estrutura da PISCINA OLÍMPICA DA MAIA, que custou 7,5 milhões de euros"!
Ora bem, é simples:
em nome da moral pública, faça-se um levantamento nacional do que, tendo saído do nosso bolso, está às moscas ou não vale o que custou. Pode começar-se, por exemplo, pelos estádios (públicos) de futebol que foram construídos nos últimos anos para muito pouco ... Mas arranje-se maneira de esclarecer tudo ... Uma ASAE para o "construído com utilidade zero ...", seguido de um inquérito para apurar quem propôs e quem deu o sim decisivo ...
Entretanto, organizem-se grupos locais que arrolem o que estiver incompleto e sem utilidade pública. Sem partidarite ... Está errado, está errado - para toda a gente: nome da coisa, localização da coisa, valor estimado do inacabado ou não usado. Inequivoco.
Chamem-se as televisões e mostre-se. Se possível, com estimativa do já gasto - para nada ...Ou para quase nada.
"Está a ser demolida (há fotografias) a estrutura da PISCINA OLÍMPICA DA MAIA, que custou 7,5 milhões de euros"!
Ora bem, é simples:
em nome da moral pública, faça-se um levantamento nacional do que, tendo saído do nosso bolso, está às moscas ou não vale o que custou. Pode começar-se, por exemplo, pelos estádios (públicos) de futebol que foram construídos nos últimos anos para muito pouco ... Mas arranje-se maneira de esclarecer tudo ... Uma ASAE para o "construído com utilidade zero ...", seguido de um inquérito para apurar quem propôs e quem deu o sim decisivo ...
Entretanto, organizem-se grupos locais que arrolem o que estiver incompleto e sem utilidade pública. Sem partidarite ... Está errado, está errado - para toda a gente: nome da coisa, localização da coisa, valor estimado do inacabado ou não usado. Inequivoco.
Chamem-se as televisões e mostre-se. Se possível, com estimativa do já gasto - para nada ...Ou para quase nada.
quarta-feira, 24 de outubro de 2012
Su gestão
A sugestão, provavelmente, não vai servir p´ra nada ... Mas, olhem, pelo menos, desabafo e na minha conta pessoal de cidadania há-de ficar registado que tomei a liberdade de sugerir ...
... de sugerir que, a partir de amanhã, sempre que o nosso ministro das Finanças tenha que falar ao País de aumentos na carga fiscal dos portugueses, o faça tendo a seu lado, corajoso, com discurso apropriado, pelo menos, o seu colega da Economia e Emprego, que é o responsável pelas Oportunidades - que tanta conversa permitiram, noutros tempos, ao sr. Eng. José Sócrates, agora, como se sabe, em Paris, a estudar Filosofia. É o que dizem.
Isto à falta da presença, na maior parte dos casos, do nosso 1º .que, compreende-se, tem que estar disponível para, eventualmente, desdizer, se necessário, o dito ... por outros ...
... de sugerir que, a partir de amanhã, sempre que o nosso ministro das Finanças tenha que falar ao País de aumentos na carga fiscal dos portugueses, o faça tendo a seu lado, corajoso, com discurso apropriado, pelo menos, o seu colega da Economia e Emprego, que é o responsável pelas Oportunidades - que tanta conversa permitiram, noutros tempos, ao sr. Eng. José Sócrates, agora, como se sabe, em Paris, a estudar Filosofia. É o que dizem.
Isto à falta da presença, na maior parte dos casos, do nosso 1º .que, compreende-se, tem que estar disponível para, eventualmente, desdizer, se necessário, o dito ... por outros ...
Pobrete, alegrete ( 3 )
Ramalho Ortigão
"(...) Não tenha jornal seu. É mau. Cria inimigos, cria incompatibilidades. Restringe a órbita da influência pessoal. Lança no caminho das contradições. Despedaça os métodos, os sistemas, os planos mais seriamente concebidos.
Não compre também nem subsidie os jornais dos outros. Comprar um jornal é a mais ridícula das lograções em que pode cair a inocência. Para o efeito da doutrina o jornal é uma entidade imponderável, incoercível, inorgânica. Politicamente ou literariamente falando, o jornal é um acto mental reduzido a quatro páginas de impressão. Por mais que o vendam e o revendam, esse acto há-de ficar sempre pertencendo ao indivíduo que o concebe. Portanto o único meio de possuir o jornal é comprar o jornalista.
Eis como o jornalista se compra:
Nenhum ajuste, nenhum aparato de aquisição! Sempre que a delicada operação de comprar o jornalista toma o carácter ostensivo e claro de um contrato, as partes contratantes desacreditam-se logo, por esse mesmo facto, aos olhos uma da outra, as susceptibilidades encontram-se, melindra-se a delicadeza, surge quase sempre a revolta. Nesta parte, como em todas as outras de um plano geral de dominação - nunca o esqueça João Fernandes - sempre os pequenos meios! Está numa sociedade estreita, pequenina, onde os caracteres são como a caça miúda: espantam os grandes aparelhos cinegéticos, o som das trompas, o latir das matilhas, o galopar dos cavalos, todos os processos da grande altanaria. Convém caçar , escondido, ir de rastos, devagarinho, sem fazer bulir as ervas tenras nem estalar as palhas, atravessar a rede, armar os laços, colocar os viscos, pendurar o chamariz, pôr nos alçapões o lambisco, e ir esperar confiadamente oculto na espessura.
O jornalista que recalcitra espavoridamente diante da grande oferta, vem ingenuamente à pequena dádiva, e ata ele mesmo o pé na armadilha da recíproca simpatia e da mútua amizade."
Peter, consultor convidado ( I )
Li Peter, pela primeira vez, em 1975. Tinha comprado os seus livros em pleno marcelismo (1973) e, segundo os meus registos, voltei a pegar-lhes, exactamente, em Setembro de 1975, isto é, quando me assaltou de vez a necessidade de me/nos perceber melhor ... Mas isto é um pormenor. O que pode ser, eventualmente, importante é a actualidade das "teses" do autor. Trarei, por isso, para aqui, a partir de agora, um ou outro salpico das suas dissertações. Talvez, para quem não tenha os livros, possa, eventualmente, ser útil ... Vejamos, para começar e sem nenhuma ordem em especial em relação às obras subscritas por Laurence J. Peter,
"Quando um homem sente que falhou na tentativa de alcançar determinado fim, uma das suas primeiras reacções é reforçar o investimento - colocar mais dinheiro no projecto, contratar mais homens para o trabalho, dispender mais energia ou dedicar mais tempo à tarefa.
Moe Gull, um competente cozinheiro de paladar apurado, conseguiu algumas receitas especialíssimas de ensopados de peixe. Abriu um pequeno restaurante num simpático edifício antigo, próximo dum centro comercial. No dia em que abriu a Casa de Ensopados de Moe Gull, tornou-se evidente que o seu modesto anúncio no jornal local, estava mais que pago. Ao fim de seis meses, Moe podia já avaliar o resultado da sua aventura naquela empresa particular. Gostava de estar ele próprio à testa do negócio. Ele próprio abria a porta pela manhã e a fechava à noite. Comprava o marisco e o peixe a um fornecedor da sua confiança. Exigia de si próprio que os pratos anunciados na sua modesta ementa fossem de alta qualidade. Tinha orgulho na aparência de conforto e na atmosfera atraente da sua sala de jantar. Os seus clientes mais fiéis olhavam-no como um amigo.
(...) Moe dominava em absoluto o seu negócio e entendia que as decisões sobre cada situação que surgisse, dependiam inteiramente do seu julgamento. Experimentava a alegria da realização e vivia plenamente satisfeito.
Um dia, Monty Carlo falou a Moe acerca duma oportunidade única. O proprietário dum restaurante optimamente localizado no outro extremo da cidade, tencionava aposentar-se. Monty calculava que Moe podia obter a casa, incluindo móveis e equipamento, por um preço razoável. Insistiu em que Moe pensasse no caso.
Pouco tempo depois, Moe abriu a Casa dos Ensopados nº 2.Tentou superintender a operação expansiva, dividindo o seu tempo entre as duas Casas: de manhã, no restaurante nº 1 e à tarde no restaurante nº 2.
Que decidiu Moe a respeito dos períodos em que estava ausente de cada restaurante? Teria encarregado o cozinheiro e as criadas de mesa de resolverem as coisas que lhes parecesse melhor? Não. Moe fez um regulamento. O regulamento abrangia as compras. Descobriu então que, numa emergência, por causa do regulamento, os géneros não podiam ser adquiridos no fornecedor aconselhável. Resolveu o caso acrescentando ao regulamento mais artigos com vista às emergências. Fez artigos sobre a exactidão e sobre as horas de fechar. Quando Monty Carlo chegou novamente fora de horas recusaram-se a servi-lo. E quando ele objectou a essa forma insólita de tratar um amigo, para mais responsável pela expansão do negócio, Moe retorquiu-lhe com o regulamento ..."
terça-feira, 23 de outubro de 2012
A propósito da Real Besta no Terreiro do Paço
Museu José Saramago
Primeira impressão: EXCELENTE! Melhor seria difícil, digo eu, que discuto as tendências políticas do homem, mas tenho a maior apreço, ouso dizer, a maior admiração, pela sua obra literária. Não gostei do Saramago/Diário de Notícias, gostei assim-assim do Levantados do Chão, mas, quanto ao resto, gosto, gostei MUITO. Inclusivé (é um pormenor) do cuidado com que, a avaliar pelo que se observa no Museu, organizava a sua agenda e "acarinhava" tudo o que escrevia.
Nada a dizer das amizades que documentou em excelentes fotografias. O "com quem" só é importante porque foram, as expostas pelos menos, com nomes importantes da literatura mundial. Quando, entretanto, aparece com políticos à ilharga, sim, mas ... É a vida!...
Entretanto, parabéns, Pilar del Rio! Del ... rio Tejo, que se vê do museu e que é mais do que uma Viagem a Portugal, apenas a Portugal.
Excelente!
Nada a dizer das amizades que documentou em excelentes fotografias. O "com quem" só é importante porque foram, as expostas pelos menos, com nomes importantes da literatura mundial. Quando, entretanto, aparece com políticos à ilharga, sim, mas ... É a vida!...
Entretanto, parabéns, Pilar del Rio! Del ... rio Tejo, que se vê do museu e que é mais do que uma Viagem a Portugal, apenas a Portugal.
Excelente!
Fotomontagem da ruadojardim7 |
Fotografia tirada de uma janela do Museu. As cinzas dos restos mortais de José Saramago estão depositadas por baixo da oliveira, junto ao banco que se vê na imagem. |
segunda-feira, 22 de outubro de 2012
Quadras de pé descalço
Se queres amanhã seguro,
Olha à volta e vê bem,
S'uma carinha de puro
É aquilo que te convém ...
De suares ficaste assim,
Cansado, teso, sem nada ...
A ver noutros marfim
E Portugal num'alhada ...
Mas que porra isto é ...
Tenho fome, quero comer,
Nem que seja com banzé
Antes da coisa feder ...
Pobrete, alegrete ( 2 )
António Feijó
Fábula
Encontram-se um dia dois lagartos
Na curva sinuosa duma estrada;
Ambos tranquilos e de ventre fartos,
Na digestão pesada.
Perto, mas sem se verem, o primeiro
Diz, terminada a saudação do estilo:
"Eu cá sou um mansíssimo cordeiro
Que passeia tranquilo ..."
E dando curso à pérfida loquela
Fala o segundo com subtil recato:
"Pois eu sou uma tímida gazela
Que procura o regato"
Mas apenas se viram, frente a frente,
E um instante se olharam, espantados,
Um do outro fugiram de repente,
Ambos horrorizados!
domingo, 21 de outubro de 2012
A situação e os situacionistas *
Aqui no banco, agora, não há situacionistas *- nem antigos, nem contemporâneos. Já se deve ter reparado nisso, digo eu.O que há é gente que ama a vida e o diálogo que lhe é inerente.
Entretanto ...
Entretanto, ter-se-á percebido entre nós uma situação golpista, logo a seguir à situacionista.
Viveu-se, mais tarde, uma certa turbulência que se respeitou como quem não tem outro remédio senão deixar crescer os dentes de leite até que outros rompam...
"Cumpriram-se" também as naturais experiências da juventude.
"Cresceu-se", a seguir, a pensar que "o mundo era todo bom..."
Apareceram, entretanto, alguns sabichões com ideias utópicas, como é costume.
Houve também (inevitável) quem quisesse o banco todo para ele e mais família.
Surgiram, entrementes, à volta do banco, amigos da conversa e ... e está a acontecer o inevitável: há menos banco do que gente ... Disso, aliás, se irá dando notícia, criticando até onde for possível. Sabendo à partida que há, no grupo, simpatizantes do Benfica e do Sporting, pelo menos. Uns amigos, outros não.
Quase todos tesos. Tomando o seu cafezinho - fiado, pois claro. E fazendo o possível por ir publicando estas mensagens - sem que, obrigatoriamente, se tenha que fazer a vontade aos que se sentam noutros locais.
O que não há é lugar para amuados. O que é, é. Sem panfletos. Mas, na medida do possível, em clima de, como agora se diz, convivência livre e democrática.
É tudo.
PS: de vez em quando (importa escrevê-lo, já agora), nota-se que há quem não apareça. Mas faz parte de uma certa situacionite antiga ou pseudovanguardite. É assim. Entretanto, um coisa parece certa: no banco, unidos venceremos. Sem tirar nada: nem o lugar, nem a palavra. Que se aproxime, pois, quem é de aproximações. De preferência, com a "coragem" do comentário que se deseja.
Atrás das grades ( 4 ) - As crianças
Passa gente a toda a hora e, regra geral, hoje, apesar de ser domingo, o que lhe observo é tristeza. Não há um sorriso.
MENTIRA: acaba de passar uma criança, primeiro a sorrir e, depois, vendo-me como que a espreitar atrás das grades da varanda,a rir. Já ganhei o dia. Já posso ir para dentro de casa. Talvez consiga aguentar, pelo menos, um noticiário televisivo - em português.
MENTIRA: acaba de passar uma criança, primeiro a sorrir e, depois, vendo-me como que a espreitar atrás das grades da varanda,a rir. Já ganhei o dia. Já posso ir para dentro de casa. Talvez consiga aguentar, pelo menos, um noticiário televisivo - em português.
sábado, 20 de outubro de 2012
Pobrete, alegrete ( 1 )
"Em vinte e oito dias e meio por mês, em trezentos e quarenta e dois dias e meio por ano, Lisboa padece esta doença perigosa: a nostalgia da carne.
E querem ideias, querem carácter, querem músculos, querem força, querem bom senso, querem firmeza, querem vontade, querem opinião!
Ah! querem tudo isso? Dêem-nos carne.
Olhem-me para este habitante ... (...) Ele vem simplesmente do dia primeiro do mês antecedente e dirige-se lentamente para o dia primeiro do mês seguinte; ele vem do último jantar de carne, cuja memória se lhe perde confusamente, ao longe, nas brumas da história, e adianta-se para o jantar de carne do dia seguinte, oculto nas incertezas do futuro. Através de todo o seu trabalho mental, ele lembra-se vagamente de uma coisa - a carne, a saudade eterna, a permanente e roedora melancolia!
(...) Pois bem! propinem-se-lhe três costeletas por cada um dos trezentos e sessenta e cinco dias que tem o ano, com mais três costeletas suplementares para o exercício dos anos bissextos, duas dessas costeletas da espécie ovina ao almoço, uma da espécie bovina ao jantar, e ela desmedrará em sentimentalidade e em cuia tudo quanto adquirir em cor e em sangue.
(...) Mas não se pode ter tudo: pão e circo, costeletas e ociosidade, desordem e bife!"
Ramalho Ortigão
E querem ideias, querem carácter, querem músculos, querem força, querem bom senso, querem firmeza, querem vontade, querem opinião!
Ah! querem tudo isso? Dêem-nos carne.
Olhem-me para este habitante ... (...) Ele vem simplesmente do dia primeiro do mês antecedente e dirige-se lentamente para o dia primeiro do mês seguinte; ele vem do último jantar de carne, cuja memória se lhe perde confusamente, ao longe, nas brumas da história, e adianta-se para o jantar de carne do dia seguinte, oculto nas incertezas do futuro. Através de todo o seu trabalho mental, ele lembra-se vagamente de uma coisa - a carne, a saudade eterna, a permanente e roedora melancolia!
(...) Pois bem! propinem-se-lhe três costeletas por cada um dos trezentos e sessenta e cinco dias que tem o ano, com mais três costeletas suplementares para o exercício dos anos bissextos, duas dessas costeletas da espécie ovina ao almoço, uma da espécie bovina ao jantar, e ela desmedrará em sentimentalidade e em cuia tudo quanto adquirir em cor e em sangue.
(...) Mas não se pode ter tudo: pão e circo, costeletas e ociosidade, desordem e bife!"
Ramalho Ortigão
Olhar e ver, Almada Negreiros
Muito, muito jovem, durante cerca de 4000 dias terei olhado, no átrio do edifício do Diário de Notícias, em Lisboa, para este mural - que, agora, finalmente, vi. Vejam, pelo menos, aqui. É Almada Negreiros em todo o seu esplendor. Conhecem? Vê-se da rua, se chegarem o nariz ao vidro da montra, a seguir ao 266 da avenida da Liberdade.
Encenar Lisboa cariada
Gozar um pouco a vida, abrir os olhos e ficar a ver o que os outros fizeram para os outros recrearem o olhar, gozarem, rirem, sorrirem na cidade que tem a avenida mais poluída do país e a que deram o nome hoje quase irónico de LIBERDADE, de liberdade poluída, sim. Aqui, por trás, do cenário tipo Parque Mayer estava um prédio a desfazer-se. Que se cheguem, pois, à frente os encenadores, enquanto, lá atrás, nos bastidores, Lisboa se arranja para entrar em cena e fazer esquecer poluições várias ...
Silêncios
in Diário de Coimbra - Julho de 1995
Infelizmente, hoje como em 1995, ou talvez mais hoje do que em 1995 ...
"No lar da terceira idade, pasmados uns, lúcidos, ou quase, outros, faziam-se tentativas para reanimar o viço deixado algures. Coisas do verbo. Até que, lá do fundo dos pensamentos envoltos em ironia, saiu o grito abafado do desconsolo que passou:
"O meu homem era um bêbado, que não deixou saudades. Se eu dizia que o deixava, ameaçava matar-me ... Fez-me nove filhos ... Há quem diga que isso dá prazer ... Por mim, fi-los no meio de lágrimas e fome ... É aqui, neste silêncio, que estou a gozar um pouco a vida ..."
Infelizmente, hoje como em 1995, ou talvez mais hoje do que em 1995 ...
"No lar da terceira idade, pasmados uns, lúcidos, ou quase, outros, faziam-se tentativas para reanimar o viço deixado algures. Coisas do verbo. Até que, lá do fundo dos pensamentos envoltos em ironia, saiu o grito abafado do desconsolo que passou:
"O meu homem era um bêbado, que não deixou saudades. Se eu dizia que o deixava, ameaçava matar-me ... Fez-me nove filhos ... Há quem diga que isso dá prazer ... Por mim, fi-los no meio de lágrimas e fome ... É aqui, neste silêncio, que estou a gozar um pouco a vida ..."
sexta-feira, 19 de outubro de 2012
Os dinheiros da Europa
Oportunamente, a Europa que dizia ter um projecto europeu escreveu-nos e disse, qual parente brasileiro de outras eras:
"Não se preocupem com as couves, com as pescas (terá citado várias coisas de que não me lembro, mas sei que citou), que nós estamos a pensar, aqui nos arredores de Bruxelas e noutros pontos estratégicos, reunir forças e financiamentos que hão-de chegar para "todos os europeus" do nosso mercado. Tomem boa nota e abatam o que, nesta base comunitária que nos abraça, possa significar excesso e produzam apenas o que fizer falta ao Mercado Comum Europeu, visto no seu todo. Em compensação, abram estradas, melhorem os vossos portos, em suma, facilitem o trânsito de tudo o que tiver a nossa bandeira comum."
Ora, Portugal, que não tinha estradas, que não tinha uma série de contrapartidas que lhe estavam a prometer (acordo firmado com testemunhas de toda a parte. O Dr. Mário Soares, por exemplo, lembrar-se-á disto muito bem ...), "alinhou". Eu próprio, na altura ligado ao têxtil, lembro-me de ter tentado dar de mim os melhores argumentos para que viesse o dinheiro que nos faltava, no caso, para formação profissional.
E foi o que se sabe: os euros foram chegando e nós, alegremente, demos-lhe, mais ou menos, sem traições significativas, o destino que, subscrito com assinatura reconhecida, tínhamos jurado.
Acontece que, com o andar dos tempos ... ( o resto da história está aí contado por todo o lado, inclusivé, nesta invenção contemporânea que é a INTERNET). E, aliás, não vale a pena chorar sobre o leite derramado ...
É fácil arranjar agora culpados, quando a verdade é que, esses, o fomos TODOS, quando, em devido tempo, não nos manifestámos contra, por exemplo, no Terreiro do Paço, ali, onde é o Ministério, ou "mistério", de tudo.
"Não se preocupem com as couves, com as pescas (terá citado várias coisas de que não me lembro, mas sei que citou), que nós estamos a pensar, aqui nos arredores de Bruxelas e noutros pontos estratégicos, reunir forças e financiamentos que hão-de chegar para "todos os europeus" do nosso mercado. Tomem boa nota e abatam o que, nesta base comunitária que nos abraça, possa significar excesso e produzam apenas o que fizer falta ao Mercado Comum Europeu, visto no seu todo. Em compensação, abram estradas, melhorem os vossos portos, em suma, facilitem o trânsito de tudo o que tiver a nossa bandeira comum."
Ora, Portugal, que não tinha estradas, que não tinha uma série de contrapartidas que lhe estavam a prometer (acordo firmado com testemunhas de toda a parte. O Dr. Mário Soares, por exemplo, lembrar-se-á disto muito bem ...), "alinhou". Eu próprio, na altura ligado ao têxtil, lembro-me de ter tentado dar de mim os melhores argumentos para que viesse o dinheiro que nos faltava, no caso, para formação profissional.
E foi o que se sabe: os euros foram chegando e nós, alegremente, demos-lhe, mais ou menos, sem traições significativas, o destino que, subscrito com assinatura reconhecida, tínhamos jurado.
Acontece que, com o andar dos tempos ... ( o resto da história está aí contado por todo o lado, inclusivé, nesta invenção contemporânea que é a INTERNET). E, aliás, não vale a pena chorar sobre o leite derramado ...
É fácil arranjar agora culpados, quando a verdade é que, esses, o fomos TODOS, quando, em devido tempo, não nos manifestámos contra, por exemplo, no Terreiro do Paço, ali, onde é o Ministério, ou "mistério", de tudo.
quinta-feira, 18 de outubro de 2012
Olhos nas mãos
Rápido nas palavras, que o apelo vai para o que se vê quando "apenas" se imagina. E a proposta é que, quem se aproxime deste banco de jardim, tente a concentração suficiente para que na imagem conseguida observe uma sala de museu repleta de estátuas e um casal, em que o marido (invisual), veja tudo com a colaboração da mulher que apenas encaminha mãos.
A fotografia que aqui se insere pretende ser como que uma homenagem - a quem, não vendo, vê ... E está. E sabe. Por vezes, decerto, mais do que muitos dos que dizem ver tudo...
A fotografia que aqui se insere pretende ser como que uma homenagem - a quem, não vendo, vê ... E está. E sabe. Por vezes, decerto, mais do que muitos dos que dizem ver tudo...
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