Sentei-me a ver quem passa, enquanto, ali ao lado, a relva recebia a visita dos automatismos da rega. Minutos passados, apareceu um negro de falas nossas:"sou angolano ..."- disse. E foi um nunca mais acabar de paleio. "Vivo no Quanza e estou cá de férias. Tenho vindo todos os anos. Estou reformado. Fui aqui oficial miliciano ..."- Como é que se vive hoje em Angola? - tentei desatar a conversa.- Mal! Em Luanda, não. Em Luanda, quem estiver ligado ao MPLA tem emprego garantido. Mas ... mas há uma espécie de PIDE por todo o lado. Entretanto, fora dos grandes centros vive-se miseravelmente.
Não me fiz de novas, mas fixei o desabafo. E é em jeito de desabafo (alheio) que aqui fica o pouco/muito que fica ... Com a verdade que o anonimato permitiu: à apresentação pessoal e formal recíproca, preferiu-se o bate-papo "quando nos encontrarmos" ... E assim vai ser, se for ... E continue a haver sombra no banco de jardim, ao pé da relva, depois da rega. Sem MPLA que nos faça comichão, a milhares de quilómetros de Luanda.
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