segunda-feira, 4 de março de 2013

Palavras cruzadas ( XXIV ) - "Eu Poeta Solitário"












Manuel Alegre

"Talvez o poeta (...) não seja muito diferente daquele sujeito que vemos nas tribos primitivas, de plumas na cabeça, repetindo palavras mágicas enquanto dança e pula ao ritmo de um tambor."

Antero de Quental

"Tu, que dormes, espirito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno.

Acorda! é tempo! O Sol, já alto e pleno
Afugentou as larvas tumulares ...
Para surgir do seio desses mares
Um mundo novo espera só um aceno ...

Escuta! é a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem, são canções ...
Mas de guerra ... e são vozes de rebate!

Ergue-te pois, soldado do Futuro,
E dos raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!"

Miguel Torga

"Brilha o poema como um novo astro
No céu da eternidade ...
Tenacidade
Humana!
Tanto fiz 
E desfiz
Que ninguém diz
Que já foi minha a luz que dele emana.

Amo
O duro ofício de criar beleza,
Sina igual à do ramo
Que desprende de si o gosto do seu fruto.
E lapido no torno da tristeza
As lágrimas em bruto
Que recolho dos olhos
Com secreta
Ironia.
Transfiguro o meu pranto, e sou poeta
Começa a noite em mim quando amanhece o dia."

Cesário Verde

"E daria, contente e voluntário,
A minha independência e o meu porvir,
Para ser, eu poeta solitário.
Para ser, ó princesa sem sorrir
Teu pobre trintanário."

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