"A minha filha, habilitada com um curso médio-superior (pormenorizou: tirado no IADE), está desempregada há largos meses, vive na periferia de Lisboa, e não consegue trabalho - nem temporário, nem efectivo. É "designer" de interiores, com larga experiência internacional na área dos equipamentos domésticos (cozinhas, em particular) e não há quem aproveite a sua enorme (palavras de pai) capacidade técnica e vontade de ser útil, aos outros e a si própria (se eu fosse empresário, pelo menos, secretária, já tinha ...).
Os Centros de Emprego "são uma treta", sempre foram (desabafa), os anúncios nos jornais não adiantam, e há gente a assobiar para o lado, fingindo não saber de nada, que, quando abordada, em vez de revelar solidariedade activa, fala de um Passos Coelho, de um tal Sócrates, de um tal Seguro, do partido político tal ou tal, mas a insegurança é visível: são todos a mesma coisa ... Andam por ai a falar de Abril, mas, na prática, acabam por ser mais salazarentos do que Salazar ...
As coisas que se têm dito e feito em nome da liberdade envergonham-nos como cidadãos. O que apetece é citar o general de Bonaparte: MERDE! E mandá-los traduzir. Com toda a veemência.
Em resumo, Amigo, a minha filha precisa de trabalhar, precisa de, além de ser útil, ganhar para sobreviver. Faça-me, pelo menos, este favor: diga a quantos se sentarem aqui o que se passa com ... com a "minha rapariga" ... Embora o que me apeteça seja, para lhe falar verdade, seja subir ao coreto e falar, gritar, pedir audiências ... Não hipotecadas a nada. Eu quero, no meio disto tudo, ser um ordeiro, um votante, um votante europeu, meu caro.
Quando era catraia, era assim: bonita, não era?!..." - mostrou-me um retrato.
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