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Pela primeira vez em cinco anos, o valor das trocas comerciais entre Pequim e os países de língua portuguesa quedou-se aquém dos cem mil milhões de dólares. A queda é a primeira registada desde 2009, indicam a Administração Alfandegária da República Popular da China.
As trocas comerciais entre a República Popular da China e os países de língua portuguesa caíram 25,73 por cento em 2015, atingindo 98,47 mil milhões de dólares, a primeira queda registada desde 2009, indicam dados oficiais.
Além de se perfilar como o primeiro declínio desde 2009 – ano em que desceu 18,9 por cento – os resultados relativos ao ano passado quedou-se pela primeira vez abaixo dos 100 mil milhões de dólares desde 2010, ano em que o comércio entre a China e os países de língua portuguesa totalizou 91,42 mil milhões de dólares, de acordo com dados compilados pela agência Lusa.
Dados da Administração Nacional Alfandegária da República Popular da China, publicados no portal do Fórum Macau, indicam que entre Janeiro e Dezembro, o Continente comprou aos países de língua portuguesa bens avaliados em 62,30 mil milhões de dólares, um valor 27,92 por cento inferior ao registado em igual período de 2014. Durante o mesmo período, a China vendeu produtos no valor de 36,16 mil milhões de dólares, menos 21,62 por cento face ao ano anterior.
O Brasil manteve-se como o principal parceiro económico de Pequim, com o volume das trocas comerciais bilaterais a cifrar-se em 71,80 mil milhões de dólares, menos 17,37 por cento relativamente a 2014.
As exportações da China para o Brasil, por sua vez, atingiram 27,42 mil milhões de dólares, traduzindo uma quebra de 21,47 por cento, enquanto que as importações chinesas totalizaram 44,38 mil milhões de dólares, reflectindo uma descida de 14,61 por cento em termos anuais.
Com Angola – o segundo parceiro chinês no círculo dos países lusófonos, as trocas comerciais caíram 46,84 por cento para os 19,70 mil milhões de dólares. O Continente vendeu a Luanda produtos avaliados em 3,72 mil milhões de dólares, menos 31,71 por cento face a 2014, tendo adquirido mercadorias avaliadas em 15,98 mil milhões de dólares, valor que se quedou 48,60 por cento aquém do montante relativo a 2014.Com Portugal - terceiro parceiro da República Popular da China no universo dos países lusófonos -, o comércio bilateral ascendeu a 4,37 mil milhões de dólares – menos 8,99 por cento –, numa balança comercial favorável a Pequim. A China vendeu a Lisboa bens na ordem dos 2,89 mil milhões de dólares – menos 7,61 por cento do quem em 2014 – e comprou produtos avaliados em 1,47 mil milhões de dólares, menos 11,59 por cento do que no ano anterior.
Só no mês de Dezembro, as trocas comerciais entre a China e os países de língua portuguesa ascenderam a 7,57 mil milhões de dólares, refletindo um aumento de 12,66 por cento face ao mês anterior.
Os dados divulgados incluem São Tomé e Príncipe, apesar de o país manter relações diplomáticas com Taiwan e não participar directamente nos trabalhos do Fórum Macau.
A República Popular da China determinou em 2003 que a RAEM seria a sua plataforma para o reforço da cooperação económica e comercial com os países de língua portuguesa em 2003, ano em que criou o Fórum Macau. O organismo reúne ao nível ministerial a cada três anos e a próxima conferência do género – a quinta desde 2003 – deve realizar-se este ano, mas ainda não há data.
No mês passado, o Executivo do território anunciou a criação de uma Comissão que tem como grande objectivo desenvolver a plataforma de cooperação comercial entre entre a China e os países de língua portuguesa. O organismo é presidido pelo chefe do Executivo e tem, entre as suas competências, a realização de "estudos sobre a construção da RAEM [Região Administrativa Especial de Macau] como uma 'Plataforma de Serviços para a Cooperação Comercial entre a China e os Países de Língua Portuguesa' e elaborar as medidas e políticas necessárias".
A Comissão conta com 11 membros, cujo mandato tem a duração de um ano, todos membros de diferentes tutelas do Governo, não havendo representantes dos países de língua portuguesa."
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