E chama-me teu filho ... Eu sou um Rei
Que voluntariamente abandonei
O meu trono de sonhos e cansaços.
Minha espada, pesada a braços lassos
Em mãos viris e calmas entreguei,
E meu ceptro e coroa - eu os deixei
Na antecâmara, feitos em pedaços.
Minha cota de malha, tão inútil,
Minhas esporas dum tinir tão fácil -
Deixei-as pela fria escadaria.
Despi a Realeza, corpo e alma,
E regressei à noite antiga e calma
Como a paisagem ao morrer do dia.
* Soneto de Fernando Pessoa (Rua Passos Manuel, 24-3º E.)
Fotomontagem |
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