"Era uma vez um jardim maravilhoso, cheio de grandes tílias, bétulas, carvalhos, magnólias e plátanos.
Havia neles roseirais, jardins de buxo e pomares. E ruas muito compridas, entre muros de camélias talhadas.
E havia nele uma estufa cheia de avencas onde cresciam plantas extraordinárias que tinham, atada ao pé, uma placa de metal onde o seu nome estava escrito em latim.
E havia uma grande parque com plátanos altíssimos, lagos, grutas e morangos selvagens. E havia um campo com trigo e papoilas, e um pinhal onde entre mimosas e pinheiros cresciam urzes e fetos.
Ora num dos jardins de buxo havia um canteiro com gladíolos.
Os gladíolos são flores muito mundanas. E aqueles gladíolos achavam que o lugar mais chique era esse jardim de buxo onde eles moravam.
- Os jardins civilizados - diziam eles - são sempre jardins de buxo."
* in "O rapaz de bronze", de Sophia de Mello Breyner Andresen (tenho este livro, que a minha neta me ofereceu, desde Novembro de 1999, que foi quando decidi, na primeira oportunidade, vir sentar-me aqui ...)
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