quinta-feira, 9 de junho de 2011

Amanhã é Dia de Portugal - e depois de amanhã também ...

Vou aos "papéis velhos" e do velho tiro o novo, o novo que é necessário. Não é que tenha muito por onde escolher... A casa é pequena comparada com as que imagino por aí ... Mas tem suor nas fundações e livros comprados em segunda mão, porque ... porque sim ... Para chegar a quê? "Talvez a nada. Talvez a tudo." Talvez a este poema de José Régio, publicado no número 1 da Colóquio, em Janeiro de 1959, que tenho aqui a olhar para mim, ladeado pelo 2 e pelo 3, também com rugas, mas transbordante de palavras à espera ...

"... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ... ...

E eu, de costas no chão, procuro ler
De bruços sobre o chão, procuro ouvir,
Na luz do céu do entardecer,
No sussurrar da noite a abrir.

O quê?!... Não sei. Só sei que vou chamando.
E que em meus lábios, minhas mãos.
São restos, já, de não sei quando
Gritos que aflorem, gestos vãos ...

Desvendarei, por fim, incerto clarear?
Dintinguirei, por fim, o rumor subterrâneo?
Este ir chegando, enfim, será chegar?
Entreverei o eterno, ainda que instantâneo?

Só sei que vou chegando, e a tarde é sossegada.
Sem armas, sem escudo ...
Chegando a quê? Talvez a nada.
Talvez a tudo."

É preciso chegar a amanhã - que é Dia de Portugal, como depois de amanhã ... E ontem.
Goa - Janeiro de 1980

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