De repente, no Parque Natural do Guadiana, um letreiro tímido indica-nos Pulo do Lobo. E começa, no meio da caça que foge, a aventura da humana vontade de conhecer, em cima de um qualquer caixote sobre rodas, sujo de pó, desengonçado por curvas e caminhos que arrepiam...
Mas eis que, finalmente, chegados ao balcão do circo em que se adivinha a luta, é o Guadiana, desde sempre quase estrangulado, que não compreendendo obstáculos, se lança na luta milenar a que foi sujeito, na boa fé dos seus desígnios de irrigação.
E vale a pena ouvir-lhes, e sentir-lhes, o combate: há no rosto das pedras marcas de uma luta sem desistências, mas gloriosa... Afinal, o triunfo da água mole em pedra dura...
O Pulo do Lobo é assim, talvez, um dos encontros mais emocionantes entre antagónicos...
As feridas no rosto das pedras são notórias, mas o apaixonante é que nem pedras, nem águas dão sinais de fadiga... E, discretamente, lá no fundo, onde o homem quase os não vê, continuam a lutar naquele espécie de Parlamento da Natureza, em que cada elemento cumpre a sua função: um a querer matar sedes, outro a impedir afogamentos...
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