domingo, 19 de setembro de 2010

Na aldeia, ao serão, com a Adélia (III) *

Quadras soltas

Chamaste-me amor perfeito
Aquilo que a terra cria
Amor perfeito é Deus
Filho da Virgem Maria

Debaixo da pedra nasce
Água fresca sem espuma
O meu coração te ama
Sem falsidade nenhuma

Não cortes a oliveira
Não lhe metas o machado
Porque o seu fruto alumia
A Jesus sacramentado

Eu já vi nascer o sol
Numa maça vermelhinha
Enganei-me era a lua
O sol ainda lá não vinha

Eu já vi nascer o sol
Na fivela do sapato
Quando me lembra José
Olho logo p'ró retrato

Se tu queres, ó bela
Dou-te amor, amor bem puro
Se tu juras ser só minha
É bem lindo o meu futuro

O meu patrão anda triste
De ver o sol tão baixinho
Alegre-se patrão, alegre-se
Que o sol vai devagarinho

Olha lá ó Leonel
Olha o que foste fazer
Mataste a Elisinha
Sem a morte lhe merecer

Tudo quanto Deus me deu
Cabe numa mão fechada
O pouco com Deus é muito
O muito sem Deus é nada

Quero cantar ser alegre
Que a tristeza não faz bem
Inda não vi a tristeza
Dar de comer a ninguém

Ninguém repare em cantigas
Cantigas leva-as o vento
Quem em cantigas repara
É falta de entendimento

* Porquê Adélia? Quem é Adélia?,  perguntar-se-á neste universo electrónico de biliões de anónimos "urbanos" que não sabe cantigas de cor...

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