segunda-feira, 18 de julho de 2011

Mandela - 93 anos. HOJE!

"(...) Eu não nasci com fome de liberdade. Nasci livre de todas as formas minhas conhecidas. Livre para correr pelos campos perto da cabana da minha mãe, livre para nadar no ribeiro claro que atravessava a vila, livre para assar milho sob as estrelas e montar na garupa larga de toiros vagarosos. Enquanto obedecesse ao meu pai e respeitasse os costumes da minha tribo, não me incomodava com as leis do homem ou de Deus.

Foi só quando comecei a aperceber-me que a minha liberdade de criança era uma ilusão, quando descobri, como jovem, que a minha liberdade já me fora tirada, que comecei a ansiar por ela. Ao princípio, quando era estudante, queria a liberdade apenas para mim, as liberdades transitórias de poder ficar fora à noite, ler o que me apetecesse e ir onde quisesse. Mais tarde, jovem em Joanesburgo, ansiava pelas liberdades básicas e honradas de realizar o meu potencial, de ganhar a vida, casar e ter família - a liberdade de não ser obstruído numa vida de acordo com a lei.

Mas, então, comecei lentamente a ver que não só não era livre, mas também os meus irmãos não o eram. Vi que não era só a minha liberdade que era limitada, mas a liberdade de todos os que se pareciam comigo. Foi quando me inscrevi no Congresso Nacional Africano e foi quando a minha grande fome de liberdade para mim próprio se transformou na maior fome de liberdade para o meu povo.

(...) Eu não sou nem mais virtuoso, nem mais abnegado do que qualquer outra pessoa, mas descobri que não conseguia nem sequer desfrutar das liberdades mesquinhas e limitadas que me eram permitidas, sabendo que o meu povo não era livre (...)"

in Autobiografia



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