Parabéns, Professor Adriano Moreira! Concorde-se ou não, sempre, com o que diz ou escreve, 90 anos são 90 anos e a imagem que permanece, independentemente das opiniões expressas, é a lucidez com que continua a escrevê-las ou a verbalizá-las. Obrigado!
Recordo, a propósito, palavras suas in Os Portugueses no Mundo (1980) que tive a honra de subscrever, com o apoio da Secretaria de Estado da Emigração e Comunidades Portuguesas, e, na hora do lançamento desse trabalho em livro, a sua estimulante presença no Grémio Literário, em Lisboa.
"A Rota do Cabo
(...) A dependência, sem remédio, em que a sua economia (África do Sul) está da mão-de-obra negra; a impossibilidade de implantar uma política de desenvolvimento separado das etnias que não se defronte com a necessidade do convívio em todas as actividades; o clamor que tal convívio determinará sempre a favor da igualdade de tratamento; a certeza de que a desestabilização das retaguardas será objectivo permanente da estratégia indirecta, que tratará de agudizar todos os conflitos; o apoio à determinação política dos activismos negros, que decorre da onda de triunfos que rola de norte para o sul do continente, percorrendo em sentido inverso a trilha do sonho imperial britânico que, do Cabo ao Cairo, cortou pelo meio todos os outros pequenos projectos ocidentais, tudo torna extremamente provável que a paz da sociedade civil esteja condenada a uma ruptura aguda e não acidental.
O interesse português é o da manutenção dessa paz, não apenas pelo bem geral dos povos, mas também, e especialmente, por causa das centenas de milhares de portugueses que vivem naquele território e que seriam envolvidos num eventual desastre."
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