quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Do lido, o sublinhado ( 15 )











Hermann Hesse in Gertrud

"(...) Quando se está fisicamente doente e o médico aconselha a tomar banhos ou remédios, ou a ir ao até ao mar, você talvez não compreendesse por que é que este ou aquele meio o vai ajudar, mas vai experimentar e seguir o conselho. Faça o mesmo em relação ao que lhe estou a recomendar! Aprenda a pensar por uns tempos mais nos outros do que em si. É um caminho para a cura. 

- Mas como é que eu o devo fazer? Cada um pensa primeiro em si próprio.

- Tem de superar isso.Tem de atingir uma certa indiferença em relação ao seu próprio bem-estar. Tem de aprender a pensar: de que é que eu gosto em mim? Para isso só um meio ajuda: tem de aprender a amar alguém, cujo bem-estar lhe seja mais importante do que o seu. Mas não quero dizer que você tenha de se apaixonar. Isso seria o oposto do que se pretende.

- Compreendo. Mas com quem é que devo tentar?

- Comece pelos que lhe estão próximos, amigos, familiares. Tem a sua mãe. Ela perdeu muito, está sozinha e precisa de conforto. Esteja atento, mantenha-se perto dela e tente ser-lhe útil.

- Nós não nos entendemos muito bem, a minha mãe e eu. Vai ser difícil.

- Bom, se a sua boa vontade não vai além disso, não consegue. A velha música do incompreendido. Não deve estar sempre a pensar que os outros não o compreendem e não lhe fazem justiça. Deve esforçar-se por compreender os outros, dar-lhes alegria, ser justo para com eles! Faça isso, e comece pela sua mãe. Vê, tem de dizer: a vida não me alegra por isto ou por aquilo, então por que é que não tento desta maneira? Você perdeu o amor pela palavra vida, não se poupe, carregue este fardo, renuncie a um bocadinho de comodidade."

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