terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Gazeta a preto e branco: África do Sul ( XIX )
Não sabemos se teremos tempo de o indagar. Oiçamos, todavia, e para já, gente da Madeira que chegou, há muitos anos, à África do Sul, de bolsos vazios - e ainda trabalha a valer:
- Afirmaram-nos que na província do Cabo há muitos portugueses que vivem com dificuldade. Que pode dizer-nos sobre esse assunto?
- Na minha maneira de ver e, tanto quanto sei, não há por aqui compatriotas nossos passando necessidades económicas de maior e, se os há, querendo trabalhar, deixam de as ter - desde que haja saúde.
Outro tema:
- Que acha que se deveria fazer para proteger as casas dos emigrantes, "de modo a ficarem devolutas e à disposição"?
- Olhe, na África do Sul, se o dono da propriedade a quiser para si ou para venda, tem a faculdade de despedir o inquilino, dando, para o efeito, apenas o prazo de três meses. Em relação a Portugal, que não existisse uma lei com prazo certo, vá que não vá, mas que ao menos se pudesse retomar a habitação que lá tivéssemos ao fim de, por exemplo, três anos ... Assim é que não é nada ... Ter valores que permitiriam algum conforto na vida e passar miséria por causa das defeituosas e injustas regras existentes, não está bem ...
"Senhor Presidente do I Congresso das Comunidades Madeirenses, minhas Senhoras e meus Senhores
Não estamos a fazer um congresso ambulatório, mas, por favor, anotem, se possível, ainda melhor, estes gritos colaborantes dos vossos conterrâneos que, por uma razão ou por outra, não estiveram nas sessões de trabalho realizadas na sua terra natal. Como sabem, os de fora são maioritários, querem falar e, apesar da falta de informação objectiva que afirmam ter, estão atentos aos seus interesses.
Vamos terminar. Perdoem-nos, entretanto, este discurso, mas, pelo menos, na Assembleia da República, a coisa não vai lá de outra maneira - quando vai."
Este sábado de Primavera africana aproxima-se do seu termo. Contudo, para milhares de portugueses ainda por estas paragens não acabou o período de trabalho, quantas vezes, começado às seis da manhã, ou antes. Trabalhemos, por isso, nós igualmente mais um pouco, perguntando a um chefe de família madeirense, residente neste país há 32 anos, qual devia ser a atitude das autoridades governamentais, nacionais e regionais, quanto ao chamado problema da segunda geração e seguintes. A resposta obtida aí vai ficar "em repouso" na consciência de quem de direito - para os devidos e legais efeitos:
- Tinha o maior interesse criar condições para manter viva a língua e cultura portuguesas. A minha filha, por exemplo, foi passar férias a Joanesburgo; gostaria muito mais que ela tivesse tido facilidades da nossa companhia aérea nacional para se deslocar à Madeira. Penso também que seria extremamente importante que as autoridades criassem melhores e mais frequentes oportunidades para a vinda à África do Sul de artistas e intelectuais portugueses que trouxessem, sobretudo, aos descendentes dos emigrantes, um pouco da nossa cultura. E assim por diante.
Findara para nós este 15 de Dezembro de 1984, quase vésperas da lapinha. Antes, porém, ainda nos levaram ao grande espectáculo nocturno de Cape Town: vistos de uma montanha nos arredores, em baixo, ao nível do mar, são milhares os pontos luminosos da cidade, qual gigantesca procissão das velas, parada a olhar o oceano imenso, protegida dos ventos pelas colinas dos doze apóstolos que rasgam o céu vários quilómetros em redor, ante a majestade tranquila da Mesa famosa, agora, em época festiva, também ela sob a luz coada dos projectores que, mesmo à noite, a fazem vedeta."
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