domingo, 27 de janeiro de 2013

Gazeta a preto e branco: África do Sul ( XVIII )

Uma palavra prévia para a simpatia e o interesse que esta Gazeta tem despertado nos amáveis visitantes deste blogue. Bem-hajam! Ofereço-vos a verdade vivida - na Gazeta como em tudo o que, às vezes, ouso escrever com base numa vida parcialmente dedicada a tentar conhecer os Portugueses no Mundo.Digam aos vossos amigos, se isso não vos maça, que há um banco de jardim, algures, em Lisboa, onde a sua presença é bem-vinda - e não paga impostos ...

Recomecemos:






















"15 de Dezembro de 1984

Um padre nosso

Ir da Lisboa à beira Tejo para Joanesburgo, a quase dois mil metros de altitude e, a seguir, ou quase, vir para uma cidade como a do Cabo, onde se está, de novo, ao nível do mar, provoca uma certa sacudidela física e dá sono. Mas como dormir não é a função portuguesa na África do Sul e, pela nossa banda, há muito que respirar e ouvir - avançaremos. E avançaremos recordando palavras do membro do governo português que, admitiu viver neste país "a mais rica das nossas comunidades", pondo-as em confronto com as de um padre, padre nosso, que está nesta terra, que nos garantiu que se a riqueza existe não é, por certo, na província do Cabo. Esquecemos, entrementes, esta diferente visão do termómetro económico local e embrenhámo-nos na cidade, procurando, como o sociólogo, as traseiras dos prédios, onde é difícil disfarçar ... Só que, quem chega, tem dificuldade em desembaraçar-se do miolo dos centros urbanos e nestes tudo é largo: ruas, lojas, pessoas, a atmosfera que nos envolve. Cape Town não foge à regra: é uma cidade, na sua baixa, perfeitamente equilibrada, onde, cremos, os arquitectos modernos fizeram o gosto ao dedo, jogando com planos variados, sem que a cintura montanhosa que resguarda o betão armado saia diminuida. Muito pelos contrário.

Contudo, nesta primeira olhadela, não nos conseguimos libertar do caroço e o máximo que nos foi possível observar foi uma exposição de fotografia sobre os rapazes da rua, de uma Cidade do Cabo onde parece não haver desenvolvimento separado, mas somente desenvolvimento - que, aliás, as fotografias em pleno e espectacular Centro Cívico, pretendem desmentir. Registe-se, neste caso, uma certa liberdade de informar que mostra os "sem eira nem beira", algures, nas rectaguardas da cidade, aguardando melhores dias. E a pergunta surge, automática: para lá do cheiro a pipocas das ruas centrais de Cape Town, viverão portugueses como os mulatos das tais fotografias do Centro Cívico? O padre terá razão?"

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