sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Gazeta a preto e branco : África do Sul (XIV)




















"12 de Dezembro de 1984 ( I )

A palavra para Durban

No momento em que nos preparamos para abandonar, até à próxima, a cidade de Joanesburgo, importa expressar um agradecimento muito vivo aos antigos e novos amigos que aqui temos e que, compreendendo a missão, a facilitaram por todos os meios ao seu alcance - sem desconfianças.

Vamos agora levantar voo nas asas da S.A.A. que, também, amavelmente, quis estar connosco. O "bailinho" segue, por isso, dentro de momentos - em Durban. Retomemos, neste meio tempo, a nacional rotina, apertando os cintos ... E, tal como em 2 de Dezembro passado, com a TAP, de igual modo, desta vez, um Boeing 737 da companhia aérea sul-africana, tomou altura, ignorando as nuvens acinzentadas da manhã e deixando, negros e brancos, entregues ao seu abafado desafio quotidiano.

A chegada a Durban fez-se à hora prevista, iniciando-se de imediato a nossa tarefa na cidade, cuja comunidade madeirense se queixa de ser sempre esquecida em detrimento, nomeadamente, de Joanesburgo.

E se as primeiras impressões têm algum valor, um breve passeio pelas suas avenidas principais logo nos diz que a África do Sul a escolheu para férias, nesta época em que as aulas já terminaram e o calor dá os primeiros sinais. Do ponto de vista humano, contudo, o aspecto que de imediato nos domina é o do elevado número de indianos que se vêem por toda a parte. Pelo que se sabe, aqui chegaram para trabalhar nas abundantes plantações de cana de açúcar da região, dominando hoje boa parte do comércio local. Em certos instantes, dir-se-ia mesmo que tínhamos acabado de aterrar , algures, na distante India. É em Durban, aliás, que vive a maior comunidade indiana de todo este mosaico sul-africano, onde a população negra continua a ser maioritária e os portugueses não são mais do que vinte mil (número referente ao conjunto da província do Natal, de que Durban é um dos centros mais importantes). "Poucos, mas bons", ao que dizem.

Aqui viemos, porém, independentemente da quantidade, para sentir Portugal e, em particular, a Madeira que, por cá, de congressos consta que conhece pouco, mas da vontade de se sentir ligada às origens parece, humildemente, saber muito. Aqui estaremos dois dias que prometem ser movimentados e enriquecedores - pelo menos para quem, como nós, decidiu ouvir e escrever, para que conste ... e se actue. Um jornal é sempre um pedaço de papel cujo destino se ignora, ainda que encerre daquelas boas intenções de que o Inferno está cheio ... Mas como as autoridades não foram indiferentes a esta iniciativa - antes pelo contrário! - a esperança é legítima e A TARDE há-de cumprir-se, sem espalhafatos.

Deixemos, todavia, para outra oportunidade as flores, sentemo-nos no banco do jardim (este texto é de 1984 , mas, pelos modos, a ideia do banco de jardim já andava por aí ...) e falemos com alguns dos madeirenses desta cidade do sul da África."

(.../...) a segunda parte do relato do que aconteceu neste dia em Durban aparecerá mais adiante.

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