De uma entrevista a Amália Rodrigues publicada em 21 de Dezembro de 1989 na OLÁ
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A minha maior qualidade é não saber que tenho qualidades.
O que mais detesto é a mentira.
Chamam vício a beber, não bebo. Chamam vício a fumar, já não fumo.
A música de que mais gosto é toda a música árabe, flamenco e fado. Mas gosto também da música brasileira antiga e da lambada.
Gostaria de ser Maria Callas. Sou fadista por condição.
A primeira paixão foi cantar, depois foi Salazar, quando tinha 13 anos. Era o meu Principe encantado. Era importante, era bonito, era inteligente, era tudo ..."
De uma conversa com Carlos Paredes publicada em 9 de Setembro de 1989 na OLÁ
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Tive variadíssimas paixões, mas a grande paixão de sempre é a guitarra portuguesa.
A simplicidade põe-nos, às vezes, em contacto com a parte mais rica das coisas. A minha música também é simples.
Todos nós desejamos ser conhecidos e apreciados pelas pessoas que nos rodeiam. A fama traduz-se no facto de haver pessoas que nos cumprimentam na rua, porque nos ouviram tocar e gostam. A fama é aquilo que nos permite multiplicar o número de amigos.
Fujo de sonhos loucos. Desejaria poder equilibrar as minhas aspirações com os meios de as realizar.
Há um mundo comum, embora existam formas diferentes de o captar. E é isso que faz com que o artista genial, seja escritor, músico, pintor, não esteja completamente isolado do resto do mundo. Existe um espaço em que todas as pessoas se entendem, em que amam as mesmas coisas. Somente um exprime essa coisa de forma mais elevada. Assim se compreende também uma certa relação entre a música e os músicos de várias partes do mundo.
O fado é uma música injustamente atacada ao longo dos anos. Conheço fadistas que através do fado falam do dia-a-dia das pessoas. Os fados são documentos sociológicos impressionantes. Temos o exemplo de Maria Alice, que vendeu milhares de discos, que traduziam as suas preocupações de ordem social e humana. O fado nos seus tempos áureos seria uma forma de imprensa popular."
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