segunda-feira, 12 de maio de 2014

Notícias de Macau - Actualidade: Cavaco Silva em Macau (II)

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Cavaco, o mais chinês dos políticos portugueses

 by Ponto Final
cavaco silvaEm 1984 Cavaco fez a primeira grande visita à China. O Presidente da República aterra esta tarde em Xangai, 20 anos depois. Acompanhado – entre outros – por Rocha Vieira e Carlos Monjardino.
João Paulo Meneses
A Presidência da República Portuguesa teve de adiar, pelo menos, por duas vezes a deslocação que hoje começa à China – e os responsáveis políticos em Pequim não levaram a mal.
Para a China, no âmbito das relações com Portugal, era importante que Cavaco Silva visitasse o país antes deste terminar os seus 10 anos como Presidente e fez o que estava ao seu alcance para o viabilizar.
A visita de Hu Jintao em Novembro de 2010 serviu, entre outras coisas, claro, para reforçar esse empenho.
É que – a história mostra-o – Cavaco Silva é o mais chinês dos políticos portugueses, não no sentido ideológico mas da proximidade e relacionamento.
Uma mão-cheia de exemplos confirmam-no, a começar pelo facto de ter sido o então primeiro-ministro a assinar a Declaração Conjunta em 1987, passando pela presença na transição de Hong Kong (que Mário Soares recusou…) ou por ter defendido o fim do embargo que a União Europeia decretou, após o massacre de Tiananmen (1989).
Depois de Cavaco Silva todos os governantes portugueses o fizeram, mas afirmá-lo, em 2005, como fez Jorge  Sampaio, ou em 1994, como aconteceu com o actual Presidente, é bem diferente.
Em 1994 Cavaco Silva realizou aquela que é considerada hoje como a primeira grande visita oficial à China, juntando quase 70 empresários e abrindo as portas aos negócios – que até então eram inexistentes e se resumiam a Macau.
Foi durante essa viagem à China que o primeiro-ministro defendeu que o embargo da UE à China devia acabar. Isso motivou uma autêntica chuva de críticas, desde os partidos da oposição, a sectores da Igreja Católica, passando pela imprensa.
Em Pequim, ao lado de Cavaco, estará, aliás, um dos mais ferozes críticos dessa afirmação de há 20 anos, Paulo Portas. O então director de O Independente escreveu um artigo chamado “Olhos em bico” em que afirma que, a partir de agora, “os direitos humanos têm dias” e o acusa de comprometer “de vez o último argumento de Portugal em relação a Timor” (ver imagem).
Curiosamente: 20 anos depois de Cavaco Silva ter sido dos primeiros líderes ocidentais a defender o fim desse embargo, e de muitos dirigentes europeus o terem feito a seguir, a União Europeia mantém o impedimento, nomeadamente, da venda de armas à China, ainda como consequência do que aconteceu em 1989 em Pequim.
O Presidente português não deixará de agradecer a forma como será recebido na China e não deixará, previsivelmente, de agradecer uma outra situação, que passará ao lado das agendas públicas: o empenho chinês na compra de dívida soberana portuguesa, em finais de 2010 e 2011 (o mesmo se aplica a Macau).
No momento em que Portugal passava por graves dificuldades de financiamento, a China terá adquirido mais de cinco mil milhões de euros dessa dívida, número que não tem confirmação oficial, mas que circula nos meios financeiros (desconhece-se o valor das compras da Autoridade Monetária e Cambial de Macau, mas poderá ser superior a 500 milhões de euros).
Curiosamente – mais uma vez – foi o CDS o único partido que, ainda antes de chegar ao Governo, levantou dúvidas sobre a compra de dívida por parte da China.
Destaque ainda para a presença de Carlos Monjardino na comitiva oficial, uma vez que são conhecidas as divergências históricas entre o actual Presidente de Portugal e o líder da Fundação Oriente, precisamente por causa da forma como foi constituída e financiada. Monjardino poderá encontrar Vasco Rocha Vieira, eles que estão desavindos desde sempre, mas sobretudo desde a revelação, feita pelo último governador de Macau, de que havia um ‘saco azul’ na Fundação Oriente.

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