sábado, 10 de maio de 2014

VERSOS DO CANTADOR DE SETÚBAL (6)












Obra rica e obra pobre
As duas hão-de aparecer
A rica para memória
A pobre é para esconder

De Bocage o centenário
Brevemente há-de esquecer
Para o século vinte e um
Há-de tornar a aparecer.

De que serve a poesia
A um homem como eu
Para viver pobremente
Como Bocage viveu?

Parabéns, irmão Bocage,
Para ti nada faltou
O teu primeiro centenário
Outra memória deixou

Ficou tudo preparado
P'ra serviço de Bocage
Ficou pago o peneireiro*
P'ra lhe dar outra lavagem


* O caiador, que lhe lavou a estátua

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