sábado, 2 de maio de 2015

António Valdemar, bem-haja!





Nos 90 anos de Maria Barroso, que felicito, uma palavra para o autor do que aqui se transcreve parcialmente,

ANTÓNIO VALDEMAR,*

que não esqueço e saúdo, nomeadamente, por ter tido a amabilidade de me apresentar ao 

prof. Agostinho da Silva, de gratíssima memória








"A voz mantém a energia para transmitir a exaltação e o protesto da Ode à Liberdade de Jaime Cortesão que, ao longo de décadas, fez vibrar milhares de pessoas em espectáculos públicos, ao ouvirem esse manifesto de repúdio ao “ódio fanático dos bonzos”, ao “ciúme vil dos fariseus” e para louvar “a cada novo dia e duro preço”, o “sopro e a lei da criação”.
Os olhos continuam despertos para o mundo que a rodeia e exige a partilha de compromissos de solidariedade para transpor a incerteza, a violência, a desigualdade e estabelecer uma cultura de justiça, de tolerância e dialogo.
Chama-se Maria de Jesus Barroso Soares e hoje completa 90 anos de uma vida intensamente vivida. Familiares, companheiros de luta, antigos alunos e muitos outros amigos celebram este aniversário para lhe testemunhar gratidão e apreço, pelo muito que devem, ao seu estimulo afectuoso que nunca falta nas horas boas e más.
Tem uma presença actuante, na vida cultural, na intervenção cívica, na militância politica, na orientação pedagógica de várias gerações, desde a segunda metade do século XX e que se projecta nos dias actuais. Sempre com a mesma determinação e coragem. Maria Barroso fez o curso no Conservatório sendo aluna de grandes mestres como, por exemplo, Maria Matos e Alves da Cunha. Ingressou no elenco do Teatro Nacional, na companhia de Amélia Rey Colaço/ Robles Monteiro e logo se distinguiu, como uma das melhores e maiores actrizes da sua geração. Ficou memorável a interpretação na peça de José Régio Benilde e  muitas outras representações suas. O talento de Maria Barroso evidenciou-se, também, no cinema, em vários filmes de Paulo Rocha (Mudar de Vida) e de Manoel de Oliveira (Le Soulier de Satin, de Sartre,Amor de Perdição, de Camilo Castelo Branco e, na Benilde ou a Virgem Mãe, de Régio que já havia sido um dos seus grandes êxitos teatrais.
Ao mesmo tempo que estudou no Conservatório, tirou o curso de História e Filosofia da Faculdade de Letras de Lisboa. Um dos seus mestres inesquecíveis foi Vieira de Almeida que fez da cátedra, uma tribuna de combate à rotina, à mediocridade e ao pensamento único. Incutia, em cada aluno, a responsabilidade ética, a ousadia, a inovação e o imperativo da mudança, para transformar o Pais mergulhado em estruturas arcaicas (...)"
* Jornalista

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