O Fórum para as Indústrias Criativas reuniu académicos dos quatro cantos do mundo para discutir o futuro do sector em Macau. Os especialistas são unânimes: uma identidade único é o melhor que o território tem para oferecer.
Catarina Mesquita
“A identidade é o melhor produto que Macau pode oferecer”, defendeu Carolina Quintana, representante da Conferência das Nações Unidas para o Comércio e Desenvolvimento, ontem no Fórum para as Indústrias Criativas.
“Não há nenhuma receita que diga como as indústrias criativas devem ser desenvolvidas e que funcione com igual margem de sucesso em todos os países”, explica a especialista, que defende que Macau deve analisar primeiro “o que tem de especial e só posteriormente fazer disso uma aposta”.
A ideia de que o Governo local deve proceder a uma análise cuidadosa antes de avançar para o fomento às indústrias criativas com vista à diversificação económica foi também defendida por outros dos intervenientes no debate que ontem teve o Centro de Ciência como palco.
A convite da Associação de Intercâmbio de Cultura Chinesa, entidade organizadora do evento, Eusebi Noman lembrou que actualmente “o sucesso das indústrias criativas está em oferecer mais do que produtos, experiências”.
O investigador do Centro de Design de Barcelona explica que as indústrias criativas “podem contribuir para o crescimento do Produto Interno Bruto se forem vistas como parte integrante de um todo e não avaliadas isoladamente”.
“Podem criar-se indústrias como o cinema ou a música mas se estas trabalharem isoladamente não haverá um contributo significativo para o crescimento económico. Isoladamente elas não terão o mesmo valor de mercado”, conclui Noman.
De entre os conselhos deixados, os formulados por Yong-ping Lee foram os que mereceram mais aplausos da parte dos muitos que fizeram questão de assistir aos trabalhos do Fórum. A presidente honorária da Associação das Indústrias Culturais e Criativas defende que “o sector da criatividade não é tratado como os outros sectores e que é preciso que o Governo incentive os criadores, mas também convença os residentes a consumirem os produtos produzidos localmente para que estes ganhem força antes de chegarem ao exterior”.
Já Patrícia Walker, presidente da Associação Internacional das Indústrias Culturais e Criativas (IACCI), tem uma visão optimista do futuro do sector da criatividade na Região. A académica defende que “Macau não tem nada a temer” e que a estabilidade económica e financeira “é uma grande mais valia” quando o que está em causa é o fomento a um sector que dá agora os primeiros passos.
Apesar das sugestões lançadas pelos académicos, a representante de Macau no Fórum, Agnes Lam, diz ainda ter muitas interrogações para as quais não encontra resposta. Para a docente da Universidade de Macau, a falta de estratégia é ponto assente: “O crescimento do PIB é importante mas não nos podemos esquecer de questões como a educação, que também têm influência na questão”. Agnes Lam explica que “é preciso educar a população de modo a que as pessoas queiram consumir este tipo de produtos”, explica.
A ideia de que o desenvolvimento das indústrias criativas não é tarefa fácil foi partilhada por todos os intervenientes do Fórum. Porém, Jun-wen Wang, membro da Sociedade de Desenvolvimento Cultural e Criativo de Taiwan, conclui que o segredo do sucesso está “em fazer as pessoas acreditarem que a cultura é a coisa mais bonita que uma cidade e um povo têm para oferecer”.
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terça-feira, 19 de maio de 2015
MACAU - A identidade é o melhor produto de Macau
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