segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Curtas metragens e momentos inesquecíveis: EXPOSIÇÃO UNIVERSAL DE SEVILHA 1992

O objectivo é lembrar aqui, no que ao signatário deste espaço diz respeito, o que, de mais significativo, viu ou sentiu para, eventualmente,"acordar" memórias do que, com mérito (diz-se aqui), esteve à disposição de toda a gente - ou apenas de um dos utentes do banco deste jardim ...

"A ideia de se realizar uma exposição não se fez em dois dias, foi um projecto no qual se estava a trabalhar há já alguns anos. Tudo começou durante a primeira visita do Rei D. Juan Carlos I a Santo Domingo (República Dominicana) no dia 31 de Maio de 1976, foi ali que o Rei de Espanha anunciou a sua intenção de organizar uma exposição de carácter universal onde se mostraria ao mundo as qualidades da Espanha e dos países ibero-americanos, aproveitando também, o facto de se comemorar o V Centenário do Descobrimento da América. Essa foi também uma maneira de homenagear tal acontecimento.  Em 15 de Junho de 1983, apresentou em Paris, antes da OIE, o projecto conjunto entre Espanha e Estado Unidos para a celebração em 1992 da Exposição Universal de Chicago-Sevilha. No final do ano, a dita organização aprovou o Regulamento Geral para a Exposição com orçamento estimado em 183 733 milhões de pesetas (cerca de 1 104 milhões de euros).Em 26 de Janeiro de 1981, o Ajuntamento de Sevilha aprovou a petição de apoio e consolidação como sede do acontecimento. Em Espanha era governada pelo Presidente Leopoldo Calvo-Sotelo, na sequência da demissão de Adolfo Suárez e de uma tentativa de um golpe de estado, entretanto, destacava-se um sevilhano no hemiciclo, era Felipe González, que foi a grande influência para a mostra que estava por celebrar. Em 3 de Março de 1982 o Governo Espanhol solicita formalmente à Oficina Internacional de Exposições (designada pela OIE) a organização de uma Exposição Universal, a coincidência com a proposta de Exposição Universal de Chicagoem essa mesma data obrigava a mudar os estatutos da OIE para poder executar em simultâneo as duas Exposições. Em 31 de Maio de 1982 o Instituto de Cooperação Iberoamericana cria o Projecto "Sevilla 1992", dando por fim o mesmo nome que viria a suceder duas décadas mais tarde.
Muitos países puseram em dúvida a capacidade Espanhola para desenrolar e levar a cabo um acontecimento com estas dimensões, e a mascote Curro teve de viajar pelo mundo e esforça-se para vender o projecto e poder convencer ao mundo de que Espanha daria tamanho e tudo estaria preparado em 1992.Em 21 de Junho de 1985, a organização Chicago´92 comunica com a OIE a existência de problemas de organização. Em 4 de Dezembro desse mesmo ano, a assembleia da OIE decide que Sevilha seria a sede única da Expo´92.
A celebração do acontecimento transformou a cidade urbanisticamente, se construiu uma nova rede viária, novas vias rápidas e anel de estradas, construiu-se uma nova estação central de comboios e ampliou-se o aeroporto, foi um grande impulso para Sevilha. Destaca-se a construção de uma infraestrutura que significava um antes e um depois para o transporte de Espanha, em AVE (comboio de alta velocidade espanhol) e que por outra parte foi muito criticada por muitos meios de comunicação, assim como pelos partidos de oposição que inclusivamente chegou a decidir que supunha que era o "Valle de los Caídos" de Felipe González. Sem embargo pelo AVE superou todas as expectativas e o seu êxito foi de resto indiscutível.
A construção das infraestruturas, nos espaços públicos e nos pavilhões da Expo´92 se realizou em tempo recorde. O maior revés se produziu em 18 de Fevereiro de 1992 com o incêndio furtivo localizado chamado a ser o pavilhão estrela da exposição, a dos Descobrimentos.Para acolher a Exposição Universal se aproveitaram 250 ha. de terreno agrícola de onde se localizava o histórico Mosteiro de la Cartuja onde Cristóvão Colombo preparou a viagem à América e onde esteve enterrado vários anos. O edifício estava em em estado de ruína total e necessitou-se de uma grande obra de reabilitação para devolver o esplendor de então e convertido em símbolo da Expo´92. A transformação destes terrenos, conhecidos como Isla da Cartuja, foi considerada a maior obra pública da década na Europa.
A participação de países, empresas e organismos internacionais foi esmagadora, no total vieram 112 países, 23 organismos internacionais, 6 empresas e as 17 comunidades autónomas espanholas.
O recinto abria a suas portas às 9:00 das manhã e encerrava às 4:00 da madrugada seguinte, existiram vários tipos de entradas, o de dia completo e da noite (mais económica), esta última com uma duração limitada desde das 20:00 até ao encerramento das suas portas.
Durante todos os dias se organizaram concertos com grupos musicais do momento, coloridos e inumeráveis desfiles e passeios, cada jornada se celebrou o dia de um país ou organismo participante, e se organizaram actos referentes ao mesmo.
Pela noite destaca-se o "Espectáculo do lago" de onde cada jornada se misturaram luz, som, laser e fogos de artificio com projecção sobre os distintos fãs com jactos de água. Quando se levantava algum vento é muito frequentemente apreciado pelos visitantes, já que os salpicos apaziguavam o calor da temporada. O espetáculo terminava sempre com a aparição da mascote Curro dando as boas-vindas, algo que todo o mundo esperava expectante.
Durante os 176 dias que o recinto permaneceu aberto ao público, contabilizaram-se um total de 42 milhões de visitantes."

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