sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

MACAU: Sobrinho de Stanley Ho começa hoje a ser julgado


by Ponto Final

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Um ano depois de ter sido detido, na sequência de uma inesperada operação policial no Hotel Lisboa, Alan Ho é hoje presente a tribunal, acompanhado por mais cinco arguidos. Todos vão acusados de associação criminosa e exploração de prostituição.
Sónia Nunes
"Pouco ficou como dantes no histórico Hotel Lisboa, quando a 10 de Janeiro de 2015, a Polícia Judiciária decidiu pôr termo ao que que diz ser a maior rede de lenocínio desmantelada após a transferência de soberania, em 1999. O rés-do-chão do casino deixou de servir como área de permanente circulação de prostitutas. Mais de 100 pessoas foram detidas. Entre elas – soube-se mais tarde – estava Alan Ho, há 13 anos nos quadros superiores da Sociedade de Jogos de Macau e sobrinho do magnata dos casinos Stanley Ho. Aos 69 anos, o empresário será presente esta manhã a julgamento, quase um ano depois de ter saído algemado da jóia da coroa da família.
Alan Ho aguarda, desde há um ano, no Estabelecimento Prisional de Macau pelo pontapé de saída no julgamento. Está em prisão preventiva, juntamente com os restantes cinco arguidos do processo. Segundo as informações dadas à imprensa pela polícia aquando da detenção, são também funcionários do hotel, embora com posições diferentes: dois são gerentes, há um responsável pela segurança, uma recepcionista e um motorista. São todos acusados de associação criminosa e exploração de prostituição.
A investigação da PJ no Hotel Lisboa – que, durante bem mais de uma década e com amplo conhecimento público, teve prostitutas a dar meias voltas entre o restaurante e a banca de fruta no rés-do-chão – começou em Abril de 2014, após as forças de segurança terem recebido uma denúncia. A policia acabou por concluir que haveria uma organização criminosa, ligada ao lenocínio, que estaria a actuar no Hotel Lisboa desde 2013. Alan Ho “estaria a aproveitar-se das suas funções” para “em conluio com os gerentes, controlar uma rede de prostituição, para além de angariar mulheres na Internet”. Ainda de acordo com a PJ, as prostitutas teriam de pagar 150 mil renminbi como taxa de entrada para poderem circular no rés-do-chão do casino, a que se somaria uma comissão superior a 10 mil patacas por mês, para garantirem segurança.
A polícia disse ainda ter apreendido telemóveis, registos informáticos e livros de contas, e avaliou as receitas da alegada rede de exploração de prostituição em 400 milhões de patacas.
Os factos apresentados então pelas autoridades não corresponderão, na totalidade, à acusação que será lida hoje no Tribunal Judicial de Base pelo juiz português Rui Ribeiro, que preside ao julgamento. O PONTO FINAL tentou saber que até que ponto a versão da polícia foi mantida pelo Ministério Público, mas o órgão de investigação criminal recusou-se a prestar qualquer informação sobre o caso.
A operação policial no Hotel Lisboa coincidiu com a entrada em funções do novo secretário para a Segurança e ex-director da PJ, Wong Sio Chak, e surgiu semanas depois da visita ao território do Presidente da República Popular da China, Xi Jinping.
A rusga surpreendeu e só encontra paralelo quando, em Dezembro de 2010, a polícia deteve mais de 100 alegadas prostitutas e 22 homens suspeitos de lenocínio, no casino Venetian, do norte-americano Sheldon Adelson. Desconhece-se o andamento do caso.
A prostituição não é ilegal em Macau. O que é crime é angariar clientes para terceiros, havendo ou não remuneração em troca. A pena, nestes casos, pode ir até três anos de prisão. Já o crime de associação criminosa é punível, no máximo, com 12 anos de cadeia.
Aquando da detenção, Alan Ho era director-executivo do Hotel Lisboa e ‘senior manager’ da Sociedade de Jogos de Macau desde 2002. Entrou para a empresa-mãe do império Ho, a STDM, em 1991, depois de uma curta carreira como advogado em Los Angeles, formado pela Universidade de Harvard. Tem também uma licenciatura em Artes e um mestrado em Gestão, foi professor universitário em Hong Kong e chegou a ser presidente da Alliance Française no território. Ainda em 2011, foi distinguido pelo Governo de Chui Sai On com a Medalha de Mérito Turístico.
O julgamento de Alan Ho arranca com audiências marcadas até Março. É expectável que seja prolongado, uma vez que estão arroladas mais de 150 testemunhas e não está previsto haver mais do que uma sessão por semana."


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