O Conselheiro Especial do secretário-geral da ONU para o Desporto ao serviço do Desenvolvimento e Paz, Wilfried Lemke, fala hoje no MGM sobre inclusão social e educação através do desporto. Os organizadores do evento esperam que este seja o ponto de partida para que Macau se torne num centro mundial sobre a inclusão de pessoas com deficiências de foro intelectual. Envolver os estudantes e as universidades é essencial.
Cláudia Aranda
"Ontem, no primeiro dia do programa de conferências sobre a “inclusão de pessoas com deficiências de foro intelectual na moderna sociedade asiática”, promovidas pela Associação de Beneficência dos Leitores da Macau Business e o Macau Special Olympics, o anfiteatro do Instituto de Formação Turística (IFT) encheu com membros das delegações de alguns dos 24 países e territórios que vão participar na quinta edição do Special Olympics Golf Masters. O torneio arranca na quarta-feira e decorre até 30 de Abril.
Hoje, os atletas que participam no evento vão marcar presença, também, no hotel-casino MGM, na conferência que tem como principal convidado e orador o Conselheiro Especial do secretário-geral da Organização das Nações Unidas para o Desporto ao serviço do Desenvolvimento e Paz, Wilfried Lemke.
Com esta conferência, os organizadores esperam "chamar a atenção" e "crescer a partir daqui da mesma maneira que o Macau Special Olympics Golf Masters cresceram", disse ao PONTO FINAL Stefan Kühn, co-fundador do programa de conferências e vice-presidente da Associação de Beneficência dos Leitores da Macau Business.
"Macau já é conhecido por organizar um dos mais espectaculares eventos desportivos do Special Olympics, toda a gente sabe. Agora, Macau pode ficar conhecido como o melhor lugar onde se realizam conferências relacionadas com deficiências e inclusão. Este tipo de conferência nunca foi feita e penso que Macau é o lugar perfeito. Não podemos mudar o mundo de uma só vez, mas podemos começar aqui, em Macau", acrescentou Stefan Kühn. O responsável foi ontem também conferencista numa sessão sobre "o processo de inclusão em culturas diferentes".
Os mais marginalizados na sociedade
Segundo Stefan Kühn, quando as pessoas pensam em grupos marginalizados, lembram-se dos toxicodependentes, alcoólicos, deficientes físicos e só depois é que mencionam os deficientes do foro intelectual: "Estes são os mais marginalizados na nossa sociedade", defendeu.
"Quando começámos a promover o torneio Special Olympics Golf Masters fomos às universidades para chamar a atenção dos estudantes e tentar trazê-los para esta iniciativa, talvez como voluntários, nas artes, música, dança. Fomos lá e nem um estudante, fosse do IFT ou da Universidade de Macau, tinham alguma vez ouvido falar dos Special Olympics. Sempre que há um evento dos Special Olympics não se encontram estudantes ou residentes locais, apenas os familiares e amigos dos atletas. É isso que queremos mudar, queremos educar, queremos envolver os estudantes, os locais, as gerações mais novas, sensibilizá-los", explica.
Para que haja inclusão é preciso estar em contacto uns com os outros, explicou Stefan Kühn: "Nós [ Associação de Beneficência dos Leitores da Macau Business ] organizamos a conferência, mas convidámos os Special Olympics para fazerem parte. Queríamos que mostrassem as suas capacidades, pretendíamos dar-lhes voz, mostrar o que fazemos, como podemos fazer as coisas, abrir portas".
Os organizadores também querem ouvir os estudantes e saber o que os mantêm longe destas iniciativas e o que torna tão difícil abordar pessoas com deficiências de foro intelectual. Porque razão, por exemplo, não convidam a equipa dos Special Olympics para os torneios desportivos universitários?
Stefan Kühn espera que, no futuro, possa haver um programa em conjunto com a Universidade de Macau, que poderá incluir a organização deste tipo de conferências na Universidade.
Em termos de patrocínios, Stefan Kühn referiu que em Macau "não é difícil fazer recolha de fundos": "Claro que nunca há apoio suficiente, mas é suficiente para organizar eventos como este. Mas, gostávamos de ajudar os outros a criar este tipo de iniciativas", referiu o dirigente. Conseguir fundos para organizar eventos geralmente não é fácil na maior parte dos países de origem das delegações dos atletas: "Estou a par desse problema em outros países, em que eles não fazem ideia de como obter fundos, porque são educadores e não são especialistas de marketing. Por isso, tentamos ver quais a suas fraquezas, talvez estas conferências possam ajudá-los. Estes eventos devem existir para ajudar na troca de ideias", afirmou Stefan Kühn.
Além de patrocínios de empresas e concessionárias de jogo, os organizadores recebem apoio do Governo, da Direcção dos Serviços de Turismo e da Fundação Macau.
"Penso que Macau tem em mãos a oportunidade de fazer a diferença neste campo, porque não há tantos eventos como este", sublinhou Stefan Kühn.
A edição este ano do torneio Macau Special Olympics Golf Masters vai ser o maior do mundo para atletas com deficiência intelectual que jogam golfe, com a participação de equipas provenientes de 24 países, número antes nunca alcançado."
* Para quem tiver essa curiosidade, sugere-se, a propósito, a leitura do livro (431 páginas) de Marcial Alves CONVERSAS DIFERENTES, havidas com clientes da CERCI Lisboa.
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terça-feira, 26 de abril de 2016
MACAU: "Inclusão de pessoas com deficiências de foro intelectual" (*)
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