A cadela, vírgula, da minha vizinha, vírgula, é um animal de raça. É uma "setter". De pura linhagem.
A dona, entretanto, afirma-se do mais genuíno sangue proletário e diz que está presente em todas as manifestações anti-racistas de que tem conhecimento. No que respeita à cadela, porém, é rígida - nada de misturas.
Eu, por sinal, tenho um rafeiro bastante simpático, não desfazendo, com excelente faro, boa presença, alto, a atirar para o morenaço, nascido na chamada linha do Oeste (a caminho de Torres Vedras). É, digamos , um cão a que, com propriedade, se pode chamar de Faro-Oeste...
Por outro lado, apesar de todas as qualidades do bicho, como também sou contra o racismo, não me importava que o Tiquetaque (é o nome do meu cão) namorasse a cadela (da minha vizinha).
Mas, a este namoro, a dona opõe-se...
Entrementes, o animal não larga a "setter" e procura namorá-la às escondidas. Porém, ao que sei, sem êxito. A minha vizinha exerce sobre os actos da cadela a mais feroz vigilância, não a deixando ter as ligações que ela quer. Apesar de já ser maior e vacinada (contra a esgana e a raiva) e o meu cão também.
É claro que eu sou suspeito porque o rafeiro é meu e pela minha banda não há, em princípio, nada a perder... Já a minha vizinha não pensa assim e, não havendo "setters" nas nossas imediações, não vejo que, pelos modos, aconteça outra coisa à cadela que não seja...ficar solteira.
O amor do meu Tiquetaque é de origem proletária, bem sei, mas parece-me sincero. É pena que o enlace não se realize.
A dona da "setter", que continua a afirmar que vai a todas as manifestações anti-racistas de que ouve falar, mantém-se, porém, intransigente.
Um dia destes, todavia, apareceu muito chorosa: a "setter" mordera-a. Eu, que de linhagens pouco sei, julgo ter percebido o sentido das dentadas da cadela: não estava a gostar da incoerência da dona e...zás!... Lá porque os homens murmuram quando ela falta às manifestações anti-racistas e lho deitam em cara no dia seguinte, não há o direito de abusar e ser discriminatória com os pobres bichos, sobretudo quando o amor entre si - como é o caso - parece sincero e respeitável.
E mais não digo.
A dona, entretanto, afirma-se do mais genuíno sangue proletário e diz que está presente em todas as manifestações anti-racistas de que tem conhecimento. No que respeita à cadela, porém, é rígida - nada de misturas.
Eu, por sinal, tenho um rafeiro bastante simpático, não desfazendo, com excelente faro, boa presença, alto, a atirar para o morenaço, nascido na chamada linha do Oeste (a caminho de Torres Vedras). É, digamos , um cão a que, com propriedade, se pode chamar de Faro-Oeste...
Por outro lado, apesar de todas as qualidades do bicho, como também sou contra o racismo, não me importava que o Tiquetaque (é o nome do meu cão) namorasse a cadela (da minha vizinha).
Mas, a este namoro, a dona opõe-se...
Entrementes, o animal não larga a "setter" e procura namorá-la às escondidas. Porém, ao que sei, sem êxito. A minha vizinha exerce sobre os actos da cadela a mais feroz vigilância, não a deixando ter as ligações que ela quer. Apesar de já ser maior e vacinada (contra a esgana e a raiva) e o meu cão também.
É claro que eu sou suspeito porque o rafeiro é meu e pela minha banda não há, em princípio, nada a perder... Já a minha vizinha não pensa assim e, não havendo "setters" nas nossas imediações, não vejo que, pelos modos, aconteça outra coisa à cadela que não seja...ficar solteira.
O amor do meu Tiquetaque é de origem proletária, bem sei, mas parece-me sincero. É pena que o enlace não se realize.
A dona da "setter", que continua a afirmar que vai a todas as manifestações anti-racistas de que ouve falar, mantém-se, porém, intransigente.
Um dia destes, todavia, apareceu muito chorosa: a "setter" mordera-a. Eu, que de linhagens pouco sei, julgo ter percebido o sentido das dentadas da cadela: não estava a gostar da incoerência da dona e...zás!... Lá porque os homens murmuram quando ela falta às manifestações anti-racistas e lho deitam em cara no dia seguinte, não há o direito de abusar e ser discriminatória com os pobres bichos, sobretudo quando o amor entre si - como é o caso - parece sincero e respeitável.
E mais não digo.
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