terça-feira, 13 de julho de 2010

Versos à espera da juventude

Às vezes, eram umas doze, quinze ou mais mulheres que, da aldeia, desciam à beira do Zêzere, para tocar a roda e irrigar lodeiros até que o sol, na sua função de relógio público, aconselhasse regressos.

Assim era, aliás, também quando se tratava de lavar roupa. Neste caso, porém, a azáfama refinava: ensabuar, corar, lavar, secar e encher alguidares com os asseios, era a função - paga, como as demais, há 50 anos, a 7$50 por dia (razoavelmente, diz-se).

Tudo a tempo de um regresso com luz suficiente para que na aldeia, quem assomasse à janela, visse no cimo dos alguidares as melhores e mais bonitas das peças lavadas e enxugadas em mais uma jornada a intercalar a tarefa principal de escolher, em armazéns próprios, farrapos, isto é, "amassar" pão para muitos e fazer a prosperidade de alguns...

E cantava-se, dizem-me antes que se perca:

Dominguiso não entristece
Antes parece mais belo ainda
Não há terra como esta
Sempre modesta, sempre tão linda

Em dias de romaria
Tens alegria, tens devoção
E no ar a passarada
Canta a desgarrada
Com todo o afã

Logo de manhã
Com todo o afã
Lá vão ranchos a passar
E alegremente acaba com a gente
Tudo vai a trabalhar

Aldeia de sonho
Recanto risonho
Das canções e do luar
Em noites de estrelas
Lá pelas vielas
Uma aldeia sem par

Viva o Dominguiso
Que é terra de flores
Viva o Dominguiso
Terra de amores

Viva o Dominguiso
De gente pura e sã
Viva o Dominguiso
A seguir à Covilhã

S. Sebastião, por sinal
Ficou mesmo em Portugal
Ao fundo do Dominguiso (bis)
Lá no meio do olival.

Venha quem acrescente, canto eu, que sou do tempo de
minha mãe, que era do tempo de
minha avó, que era do tempo
da ... 













Venha quem acrescente, neste tempo de pesquisa...

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