Quando, naquele fim de tarde, o jetfoil, a abarrotar de chineses, atracou em Macau, vindo de Hong Kong, eu vinha lá dentro, talvez único branco, com a bagagem de quem, oriundo de muito longe, anseia chegar e, como primeiro acto, ao chegar ao quarto de hotel, deitar-se vestido para cima da cama, após dezenas de horas de avião e a "tragédia" de ele próprio se arrumar num jetfoil apinhado de gente a dizer coisas ...
Eis senão quando o barco voador atraca em Macau, com bandeira portuguesa no caso (o que não importa), e, aberta a rampa por onde é suposto só passarem automóveis, de repente, pessoas e carros confundem-se num turbilhão - onde bagagens pessoais e gente se atropelam.
Sem saber como, tropeço, fico ali, em plena rampa, a ver passar gente (milhares de pessoas?...) e a tentar perceber sozinho onde estava - eu e a minha bagagem ...
Lembro-me como se fosse hoje de ter respirado fundo e pensado: "isto vai passar"... Dez minutos (um ano?...) depois, com efeito, tinha passado, com total recuperação pessoal e das malas e sacos que constituiam a minha bagagem embarcada em Hong Kong duas, por aí, duas horas antes.
Depois, depois Macau deixou-se possuir e não sei se me cheguei a deitar nesse princípio de noite ... O que sei é que nunca contei isto a ninguém ...
"Os chineses são, de facto, muitos ..." Sob o mesmo chapéu.
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