Vergilio Ferreira *
"Voltar à aldeia, à terra onde fui. Mas é impossível. Porque não é voltar apenas às casas e ruas, mas às pessoas que aí foram e já não são. Olhar-me-iam assim olhos estranhos e surpresos - quem é? E eu não saberia dizer-lhes quem sou. Resta repetir a memória evocação do espaço em que fui e das pessoas que se integravam nele e eram a sua necessidade como de todos os espaços habitáveis. E o passar das estações desde as invernias glaciais aos calores do Verão, ao Outono das tardes que esmoreceram. Voltar à imobilidade da montanha desde a criação do mundo. À sua nudez na eternidade. À infinidade dos séculos que choram no seu peso e imensidão. Voltar à aldeia. Nunca mais. Ainda que voltasse."
* in Escrever
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