No Dia Mundial da Poesia |
"Vem sentar-te comigo, Lídia, à beira rio.
Sossegadamente fitemos o seu curso e aprendamos
Que a vida passa, e não estamos de mãos enlaçadas.
(Enlacemos as mãos).
Depois pensemos, crianças adultas, que a vida
Passa e não fica, nada deixa e nunca regressa,
Vai para um mar muito longe, para ao pé do Fado,
Mais longe que os deuses.
Desenlacemos as mãos, porque não vale a pena cansarmo-nos.
Quer gozemos, quer não gozemos, passamos como o rio.
Mais vale saber passar silenciosamente
E sem desassossegos grandes."
Ricardo Reis
"O homem que está à mesa
Tem qualquer coisa que escapa
Qualquer coisa que o faz ser
Ausente quando presente
Às vezes como de mar
À vezes como de sul
Um certo modo de olhar
como atravessando as coisas
Um certo jeito de quem
está sempre a partir."
Manuel Alegre
"Mar!
Tinhas um choro de quem sofre tanto
Que não pode calar-se, nem gritar,
Nem aumentar nem sufocar pranto ...
Mar!
E quando terá fim o sofrimento!
E quando deixará de nos tentar
O teu encantamento!"
Miguel Torga
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