sábado, 1 de dezembro de 2012

1º de Dezembro, sim!

Chegados ao ponto que chegámos, pelos modos, vamos ter que vender História de Portugal aos balcões do FMI & Cª, por má gestão de quem, ou abalou, ou anda por ai a fingir-se, em bancadas de cores várias (?), defensor dos oprimidos...

Hoje é dia 1 de Dezembro, é dia em que se lembra o fim de uma afronta. Para o ano, a manter-se a ideia, o 1º de Dezembro, sem pausas, recordará outro tipo de pesadelo: o que resulta do mau governo do espaço que tínhamos reconquistado em 1640.

Para um homem depois de morto são precisos quatro para o levar às costas. Um país é mais fácil: basta uma caneta e uma folha de papel e ... e já está: enterra-se-lhe a memória colectiva e, de uma assentada, sepultam-se milhões de razões de (re)existir, animadas ano após ano em data própria.

Rebelo da Silva in História de Portugal dos séculos XVII e XVIII

"(...) A aclamação de D. João IV não custou em todo o reino uma gota de sangue. Consumada sem luta e sem lágrimas, manifestou claramente a vontade do país.

Era o duque de Bragança, por seu carácter reflectido e prudente, o príncípe mais apto a reger os destinos públicos em tão aventurada crise. Positivo nas suas opiniões, media os perigos sem se deslumbrar com as aparências mais lisonjeiras. Quando a cidade de Lisboa, no dia da sua entrada, deliberou festejá-lo com grandes pompas, atalhou-as, dizendo aos vereadores: "Guardemos as alegrias para depois. Agora tratemos de nos defender". Quando lhe notavam que nas aldeias até os pobres e os serranos vitoriavam o seu nome em cantigas e danças, respondia sorrindo-se: "Do que precisamos é de braços e de peitos resolutos". Estimava as provas de afecto e as demonstrações de regozijo, mas não esquecia que os estados se fazem pelas armas e que o alvoroço e os clamores se dissipam como fumo, desde que as forças organizadas os não apoiem.

Na escolha das pessoas para os cargos militares e civis, procedendo com imparcialidade, preferiu os mais aptos e pôs de lado os inúteis e ruidosos. Elevado ao trono pelo voto geral, reunia os dois elementos mais poderosos da legitimidade antiga e moderna: o direito de sucessão e o sufrágio popular. Cumpria-lhe provar que não era um usurpador.Pondo as esperanças em Deus, na força do direito e na vontade do povo, vestia sem receio a púrpura e arremessava a luva a D. João I em resposta à ameaças de Filipe IV".

"Se escrevo o que sinto é porque assim diminuo a febre de sentir"
  Fernando Pessoa


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