Meu caro Zé,
Se ouvi bem, a coisa é séria e, a ser verdade, merece uma profunda, e "definitiva", investigação: Passos Coelho disse hoje (ou percebi mal?) que desde o 25 de Abril de 1974 até à data, Portugal não tem parado de se endividar. Mais: pareceu-me que deu a entender que todos os males que nos atormentam agora resultam desse desnorte e que só "voltaremos a ter sossego" quando estivermos a gastar, não do monte do que nos emprestam os estrangeiros, mas, fundamentalmente, do que possa ser proveniente do nosso próprio suor. Ou do suor alheio, mas dentro de limites do suportável.
Isto é: a admitir alguma razão ao P. C., depois do 25 de Abril de 1974, "comemos", sobretudo, a crédito, "educámos", sobretudo, a crédito, temos a saúde que temos, sobretudo, graças a dinheiro alheio, fomos vendo os nossos proventos aumentados, sobretudo, mercê do dinheiro que não suámos, etc, etc.
Donde, em síntese, as estradas não são nossas, Alqueva não é nossa, os hospitais não são nossos, as escolas não são nossas, nada, ou quase nada, é totalmente português...
Isto é, PC não disse, mas deduz-se sem dificuldade:
"aguentem, que, quando Portugal sair deste embaraço, seremos pobres, mas honrados.Transmitam isto aos vossos netos, mas, de preferência, aos bisnetos. Entretanto, assumam-se com determinação, sem saudades do Antigamente, claro, mas também sem ilusões."
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