Balada da neve
Quando o intestino
Batem leve, levemente,
Quando o intestino
Como quem chama por mim ...
Arma em tenor
Será chuva? Será gente?
E canta fino,
Gente não é certamente,
Não há fedor ...
E a chuva não bate assim ...
É talvez a ventania ...
Se o som é forte e é baritonal
Mas há pouco, há poucochinho,
E mal que rompa, de repente estaque,
Nem um agulha bulia
Se chama: traque
Na quieta melancolia
Espalha um cheirozito, uma pitada
Dos pinheiros do caminho ...
Que o beque surpreendeu mas não reteve:
Quem bate assim levemente,
Quase nada
Com tão estranha leveza,
Coisa leve ...
Que mal se ouve, mal se sente?
Se a tripa inteira corneteia e rufa
Não é chuva, nem é gente,
Num concertante
Nem é vento com certeza.
De ópera bufa,
Fui ver. A neve caía
Já não é simples sainete
Do azul cinzento do céu,
Nem a sonância, nem o mais que expele:
Branca e leve, branca e fria ...
É um cheirete
De alto lá com ele!...
* Tesouros da Poesia Portuguesa
e Antologia do Humor Português
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