quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Dissertar na ruadojardim, porquê?
















Porquê? Porque é que aqui se fala, se escreve, sobre tudo e sobre quase nada? É simples: porque aqui, não se pretendendo ser enciclopédia, se está num jardim e um jardim é um dos maiores centros de apresentação, e eventual debate, de tudo o que nos rodeia:

chega um, zangado com o abono de família ou a reforma, e diz o que lhe vai na alma;

chega outro, e recita os versos que aprendeu na véspera sabe Deus com quem (às vezes, com a neta, com o neto, com o vizinho);

aparece um mais novo que fala de aventuras, as mais diversas;

aproxima-se outro, sem idade que se lhe veja, e desata a interromper tudo e todos a propósito de uma notícia que leu nesses jornais que ainda não foram vítimas da jornalfobia; 

uma vez por outra, há quem entre "no grupo" e desate a cantar ou a dizer versos que pensa inéditos, ou quase;

há uns quantos conhecidos eruditos que comparam tempos e criticam épocas. E há os que não sabem nada e sabem tudo - porque ouvem, porque observam, porque se deixam encantar pela vida que se vive à roda de um simples banco de jardim. Longe das televisões que, mais do que programas para o Zé, têm publicidade dos Belmiros de que o mundo diz precisar - com promoções que encaminham para o que se não deseja.

E agora que já leu estas 15/20 linhas, diga-me: valeu a pena? Valeu, tenho a certeza. Se leu, está vivo! E viver é ser diverso, diverso como quem aqui vem sentar-se apenas para não estar de pé - que é muito cansativo. Mais cansativo do que aturar esta verborreia com a mania das comparações, com a mania de, na meada, apanhar o fio condutor ...

Então e o estatuto editorial? Estatuto editorial não tem: é capaz de não dizer mal do Salazar, nem do Lenine, mas não jura que não leu, a propósito, notícias que se lhe meteram pelos olhos dentro; já se deu conta, em termos gerais, de quem é que lê o quê, mas entende que se cumpre melhor se for livre. Por isso canta, ou faz cantar; fala ou tenta deixar falar; cruza-se no supermercado com gordos e magros; com os que lêem e com que não sabem ler NADA. Muito menos esta vontade de estar com para que sim ... Porquê? Porque sim. Porque enquanto esteve a ler isto, por exemplo, não morreu. E nos cemitérios, os "blogues" são lápides, que, ou não dizem nada, ou dizem nomes que esperam que o tempo os apague ...

Aqui a gente paga, mas o dono da funerária (sr. Google, creio), diz que nada de mal vai acontecer à eternidade que nos é prometida.

Sem comentários :

Enviar um comentário

Seguidores