sábado, 7 de fevereiro de 2015

Travessa do Fala-Só (1)

             Quem escreve, arruma-se, é uma espécie de "designer" de interiores ... de si próprio.

E assim começo - com pouco para dizer, mas para DIZER, para não ficar   embuchado.

Quando chegou o 25 de Abril eu estava a dormir e o despertador também. Foram dois colegas: um no activo, outro não, ainda não eram camaradas e, penso, nunca, posteriormente, o terão sido - mas isso não tem importância nenhuma. Ou melhor, teve durante uns tempos ainda largos. Entretanto, hoje, hoje mesmo, dei-me conta, ainda há pouco, disso, que, sendo importante no seu significado, eventualmente, político, pouco quer dizer naquilo que é mais profundo: isto é, na liberdade de SER e ESTAR.

Concretamente: há pouco cruzei-me na rua com dois vizinhos - o que é ainda, tanto quanto sei, é CAMARADA e outro que é apenas VIZINHO... E, virtude do 25/4: ambos me falaram com igual cordialidade. Não souberam um do outro, mas eu fiquei a saber de ambos: ou melhor, se não estou em erro, nas relações pessoais, a coisa parece-me estabilizada. Não sei se vamos todos às mesmas manifs, às mesmas rezas, mas isso pouco importa: somos, ou fomos, todos TRABALHADORES. E todos optámos, adaptamos, adaptámos aquele princípio que faz os grandes convívios: AMIGOS, AMIGOS - NEGÓCIOS À PARTE. Vivemos, portanto, em liberdade, que não quer dizer cartaz igual, nem zanga permanente. Aqui na rua, por exemplo, só não aparece quem não quer ... Dentre milhões de presenças possíveis, claro que há quem não queira nada (o que é menos importante do que parecia logo a seguir ao 25), mas também há quem não perca a maior parte do que aqui se diz.

Finalmente, as palavras são as que constam dos dicionários (incluindo o do Albino Lapa), mas ninguém se agride. Não quer aparecer, não aparece, mas encontra-se fora do jardim e saúda como aprendeu a fazer em criança e está tudo bem - sobretudo,  há uns anos a esta parte. Com grande CAMARADAGEM, inclusivé. Viva o 25, o 26 e todos (ou quase) os dias que se lhe seguiram! P'ra que a gente possa ver-se e, não digo, amar-se, mas SER.

E "quem escreve, arruma-se". Dispa-se V. de preconceitos e leia o que lhe apetecer. Aqui, antes de mais, sugiro eu, suspeito embora no convite.

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