sábado, 2 de maio de 2015
Vêm aí novos espectáculos!...
Hoje, dia 2 de Maio, que me lembre, é talvez, a nível nacional, generalizando, o dia mais tranquilo do ano. Porquê, interrogar-se-á o Zé, frequentador deste banco de jardim. É simples: são muitos recentes os desabafos do festejado 25 de Abril (discursos, concentrações, palavras de ordem, desabafos a propósito, memórias e comparações políticas, manguitos, reuniões, planos para manter agitada a opinião pública),
e teve lugar ontem a segunda melhor oportunidade anual de dizer coisas, de ralhar, de cochichar, de usar sem demagogia (nem sempre ...) a palavra trabalhador;
foi pretexto para dizer mal do que se ganha, para lembrar hipóteses de greve(s), sobretudo, entre os "humilhado e ofendidos";
foi ensejo para mais uns quantos gritos de revolta (por vezes, orquestrada), terá sido, em suma, excelente, pelo menos aparente, ocasião para as minorias activas incharem sem grandes explicações.
Em síntese, foi uma semana (do 25 ao dia 1 seguinte) para a grande festa de uma espécie de desabafo, tão colectivo quanto possível, da agitação naturalmente condicionada por falta de pretextos do conhecimento público. Foi tempo de romarias políticas por todo o lado - em que, naturalmente, a verdade, sem dificuldade, se misturou com a mentira ou a menor-verdade ...
Começa hoje, dia 2 de Maio, contudo, nova época do ano, quiçá, a mais trabalhosa, para os generosos, mas profissionais, da agitação. Agora, salvo melhor parecer, apesar de tudo, vêm aí eleições. "Vivam as eleições!" Quer dizer, o pretexto extra, espaçado, de novos discursos, novas bandeiras, mais concentrações, mais palavras de ordem, mais números de ilusionismo, numa palavra, mais circo, que a Democracia é isso mesmo: novas roupagens para números antigos, com muitos palhaços, muitos números de trapézio. E também, de certeza, com várias caras novas: domadores de multidões, palhaços (muitos palhaços), acrobatas, trapezistas e, de certeza, um significativo número de ilusionistas ...
Em resumo, a Democracia, seja ela a 25/4, seja a 1 de Maio, seja comício eleitoral, por exemplo, é sempre uma festa - com novos actores, com novos números, com renovadas razões para uma espécie de agitação popular.
E é por isso que ela, a Democracia, é melhor do que a Ditadura - monótona, chata, onde os policias são quase tantos quantos os democratas presentes. E é por isso que hoje é um dia importante: porque é o primeiro de um intervalo para a Grande Festa Popular dos comícios, dos discursos bem trabalhados, das palavras de ordem bem esgalhadas, da Comunicação Social se realizar, de facto.
Desde logo, ao que dizem, há Presidências em causa ... O que é óptimo e não acontece todos os dias...
Aproveitemos o tempo para trabalhar. Que também faz falta - para que a Democracia, que quer continuar, seja a festa que se conhece. Não só neste banco de jardim, mas onde quer que possa ser.
É tempo de pesquisa. De pesquisa dos eventuais podres alheios para ver quem melhor espectáculo consegue dar na época que se segue à que ontem, ontem mesmo, teve salas abertas um pouco por todo o lado. Repletas de democratas ávidos de discursos. E de televisões sequiosas de pretextos para intervalos bem pagos. É tempo de oradores à espera de oportunidades.
- Senhoras e senhores, vêm aí novos espectáculos!
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