segunda-feira, 31 de agosto de 2015

MACAU - Lojas de penhores ainda contornam regras de Pequim *


*NOTA M.A.: para quem não saiba, as lojas de penhores são, em Macau (ou eram quando, mais do que uma vez, estive no território), "grandes amigas" dos viciados dos casinos ...




by Ponto Final

"A rede da China UnionPay continua a ser usada para fintar regras de levantamentos de dinheiro por parte de turistas chineses. As conclusões são de uma investigação jornalística da agência Reuters.
Três dias depois das autoridades do território terem conduzido uma operação que resultou na detenção de 17 pessoas por suspeitas de burla através do sistema da China UnionPay, um jornalista da Reuters concluiu que nas lojas de penhores o negócio continua inalterado. De acordo com uma reportagem da agência noticiosa, ainda é possível contornar as regras de Pequim que estipulam que os turistas chineses que visitam o território não podem levantar mais de 20 mil yuan por dia – cerca de 24,3 mil patacas – através da rede UnionPay em Macau.
Um dos casos que a jornalista Farah Master relata num trabalho jornalístico publicado no fim-de-semana ocorreu nas imediações do casino Lisboa. Em menos de dez minutos três homens chineses levantaram 500 mil patacas numa das lojas de penhores, recorrendo a vários cartões da UnionPay e efectuando compras falsas em que o terminal assinalava a compra, mas que na verdade se tratava de um levantamento de dinheiro ilegal. Se os homens tivessem seguido as regras impostas pelo Governo Central, não poderiam ter na mão mais de 72,9 mil patacas em conjunto.
Ao todo, a jornalista da Reuters visitou na quinta-feira da semana passada 13 lojas de penhores e a maioria aceitou, sem reservas, participar no esquema: "Quatro não permitiram que se usassem cartões de crédito ou de débito para obter numerário, mas oito disseram aos clientes que poderiam levantar qualquer montante que desejassem desde que fossem os titulares da conta; uma das lojas disse que autorizava levantamentos até 50 mil yuan por cartão", escreveu Farah Master num artigo publicado no sábado passado.
A constatação materializa-se três dias depois de as autoridades de Macau terem detido 17 pessoas por burlas que lesaram a UnionPay em 710 mil patacas, de acordo com a Polícia Judiciária. Os detidos tratavam-se de quatro responsáveis de lojas de telemóveis e jóias, oito funcionários dos estabelecimentos visados pelas autoridades do território e cinco "bate-fichas" que ajudavam os jogadores a trocar as fichas dos casinos nas casas de penhores.
Neste caso, os terminais da UnionPay estava formatados para que – apesar de estarem fixados em Macau – os levantamentos fossem considerados como se tivessem sido feitos na China Continental, o que tornava a operação mais barata, dado que as comissões aplicadas do outro lado da fronteira são mais baixas (em vez de 0,05 por cento cobrado em Macau, pagavam uma comissão de apenas 0,025 por cento sobre as compras feitas).
Durante a operação, a Polícia Judiciária encontrou 11 terminais onde havia registos de levantamentos no valor de 355 milhões de patacas."

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