O apontamento é breve, mas, não sei porquê, de repente, assaltou-me, remeteu-me, já não me lembro a que título, para uma reunião na Câmara Municipal de Loures, na época, dirigida por simpático militante comunista Demétrio Alves. O que sei, o que não me esqueceu, foi que estavam presentes alguns, quiçá, dos, aparentemente pelo menos, mais dedicados representantes de uma certa esquerda ortodoxa que falou, falou e, a dada altura, perante o meu persistente silêncio na discussão em curso, não resistiu, e perguntou-me:
- Porque é que o senhor não fala?
ao que, pronta e espontaneamente, respondi:
- Eu sou o povo ...
Houve na sala um sorriso amarelo e a reunião prosseguiu naturalmente. Mas nunca mais, sorte minha, fui chamado p´ra nada ... Até hoje.
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