segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

"Minha alma é como a pedra funerária ..."

 Foto M.A.
Para aqueles fantasmas que passaram,
Vagabundos a quem jurei amar,
Nunca os meus braços lânguidos traçaram
O voo dum gesto para os alcançar ...

Se as minhas mãos em garra se cravaram
Sobre um amor em sangue a palpitar ...
- Quantas panteras bárbaras mataram
Só pelo raro gosto de matar!

Minha alma é como a pedra funerária
Erguida na montanha solitária
Interrogando a vibração dos céus!

O amor dum homem? - Terra tão pisada,
Gota de chuva ao vento baloiçada ...
Um homem? - Quando eu sonho o amor dum Deus.

Florbela Espanca


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