sábado, 9 de janeiro de 2010

Obrigado, Marquês!


A sede do jornal era num prédio antigo da rua Augusta, na baixa alfacinha. Soalho a ranger, paredes de tabique, estrutura rala... Ouvia-se tudo nos cubículos que ladeavam o risco ao meio do corredor. Que era estreito e comprido. A administração ocupava a sala mais afastada da porta do andar que dava para uma escada que só descalço era possível tentar silêncio na subida e na descida.

Aí por alturas do 3º andar, logo à entrada, ficava o meu poiso. Já a administração, tão exigente quanto possível, no recato, ocupava a última sala, contada do lado onde se trabalhava o que...que se podia...

Aconteceu que, em determinado dia, era suposto, se não tivesse havido adiamento no voo para o Zaire (era assim o nome do país...), eu não estar...

Deu-se, então, o insólito: um dos administradores, lá no extremo "norte" do corredor, julgando-me ausente, recebe um telefonema e, sem eu nunca ter percebido porquê, desata a cortar-me na casaca a torto e a direito.

"Oh, diabo!...", terei eu dito de mim para mim. Levantei-me, percorri num ápice o corredor que separava o meu "estaminé" do da distraída administração e..."precisa alguma coisa de mim, senhor..."

Meses depois saí deste jornal com talvez o melhor "Certificado de Trabalho" da minha vida profissional. Graças à equipa do Marquês de Pombal, que tão comunicativas deixou, na Baixa, as casas que fez...

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