"5 de Janeiro 2006
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Um pedido: quando acabares de ter esta carta, revê Chopin. Perceberás melhor.
Transcrição de um apontamento que publiquei na imprensa que então me acolhia:
"CHOPIN
Quando, em Paris, movido por enorme curiosidade, entrei, pelo lado do Boulevard de Ménilmontant, no cemitério (das celebridades) do Père-Lachaise, o porteiro entregou-me de imediato uma planta com a localização dos jazigos, chamando a minha particular atenção para os talhões: 97, onde se encontra Edith Piaf; 25, em que está o possa restar de Molière; 48, local de repouso de Honoré de Balzac; 44, última morada de Mme Sarah Bernhardt; e 11, em que iniciou o eterno descanso Fréderic Chopin.
Há numa visita deste tipo uma emoção difícil de transmitir, tanto mais que, em boa parte, são aqueles mortos que nos animam o quotidiano e lhes dão o sentido de que os vivos, a todo o momento, nos tentam desviar. Respira-se eternidade onde só se adivinham esquifes desfeitos.
- Como explica que apenas Chopin tenha flores frescas? - perguntei à saída ao porteiro.
- Não sei, mas é assim todos os dias..."
Junho 1990 (tinhas 1 ano à data da publicação deste apontamento na imprensa).
P.S.: o que "andas" a ouvir?...
* Livro a publicar no dia (como é óbvio, inicialmente, foram "Cartas à minha neta") em que os editores forem avós...
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