"...Eu estou contente com os meus filhos alfabetizados. Compreendem tudo. O José Carlos disse-me que vai ser um homem distinto e que eu vou tratá-lo de Seu José.
Já tem pretensões: quer residir em alvenaria.
...Eu fui retirar os papelões. Ganhei 55 cruzeiros.Quando eu retornava para a favela encontrei com uma senhora que se queixava porque foi despejada pela Prefeitura.
Como é horrível ouvir um pobre lamentando-se! A voz do pobre não tem poesia.
Para reanimá-la eu disse-lhe que havia lido na Biblia que Deus disse que vai concertar o mundo. Ela ficou alegre e perguntou-me:
- Quando vai ser isto, Dona Carolina? Que bom! E eu que já queria suicidar-me!
Disse-lhe para ela ter paciencia e esperar que Jesus Cristo vem ao mundo para julgar os bons e os maus.
- Ah! então eu vou esperar.
Ela sorriu.
...Despedi-me da mulher, que já estava mais animada. Parei para concertar o saco que deslisava da minha cabeça. Contemplei a paisagem. Vi as flores roxas. A cor da agrura que está no coração dos brasileiros famintos. (...)"
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